Monday, April 30, 2007

Unango, do sonho de Samora ao discurso de Guebuza

Mais um texto de Elton Beirão. Não se trata de mais uma “fala sem consequência”?

Não é segredo para ninguém que o Presidente da República, Armando Guebuza nas suas deslocações faz-se acompanhar de um arsenal e exército de recursos humanos e materiais de fazer inveja a rainha da Inglaterra. Para não falar dos recursos financeiros que isso implica. É uma verdadeira máquina ambulante. Mas está me parecendo que na cruzada que o Presidente Armando Guebuza está fazendo, alguma coisa tem estado a falhar. Algumas peças da máquina não estão funcionando como deviam. São aqueles assessores que deviam com o presidente discutir os assuntos a serem abordados nas grandes aparições que chamamos de comícios populares. Primeiro foi o discurso da preguiça de alguns moçambicanos. Este discurso já está sendo bastante discutido. Surge para mim um outro discurso que não captou tanta atenção como o primeiro, mas que considero também digno de registo. É a promessa de transformar Unango em cidade. E não uma cidade qualquer. Pretende-se uma cidade do futuro. Uma cidade modelo. Porque foi este o sonho de Samora Machel. Porque a Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Lúrio será implantada no local.

E foi assim. Um discurso completamente ambíguo e vazio. Assim que garantias temos de que não passa de discurso para palmas e que de seguida fará companhia aos tantos discursos que descansam nas prateleiras das muitas promessas compridas e nunca cumpridas? Apesar de ter sido prometida a população de Unango eu estou muito interessado em também ir viver nessa cidade do futuro, nessa cidade modelo, mesmo sem saber o que isso quer dizer. Mas se é do futuro então deve ser bom. Estou tentando encontrar uma cidade do futuro e não vislumbro nenhuma. Estou tentando imaginar como se faz para estar no presente e ir ao futuro construir uma cidade. Ou temos a certeza de como serão as cidades no futuro. Serão como imaginamos na ficção? E está cidade do futuro em Unango não será um oásis num deserto? Porque não vejo mais cidades do futuro perto de Unango. Com quem vai estabelecer parcerias? E os habitantes? Serão capacitados para viver nessa cidade do futuro? Muitas perguntas. Talvez porque ignoro como é uma cidade do futuro. Mas não se esqueçam que já estou fazendo as malas para ir viver em Unango.

Além de na promessa não ter ficado claro sobre como seria essa cidade modelo e do futuro, nem sequer foi abordado para quando o inicio do projecto. Apenas que um dia será realidade. Mas afinal obras quando são projectadas não apresentam prazos ou previsões seja de inicio como de termino? Para quando a cidade do futuro? 30, 50, 100 anos? Ou não há previsão porque não deve haver projecto concreto?

É bom ainda sabermos que as cidades não nascem do nada. Sejam cidades que surgem espontaneamente como as projectadas, penso que há sempre um propósito para o seu surgimento. Por causa dum porto nasce uma cidade, por causa de industrias nascem cidades, por causa do turismo idem, e por ai fora. Neste caso a futura cidade de Unango nascerá apenas porque foi um sonho de Samora Machel? Ou por acreditar que a faculdade de Ciências Agrárias concentrará uma série de actividades e serviços suficiente para impulsionar a cidade modelo e do futuro? Mas está não é a primeira faculdade em Moçambique implantada distante da cidade e nem por isso há sinais de cidades modelos nestes locais.

Vamos lá clarificar as coisas sobre a futura cidade de Unango.

Elton B.

3 comments:

Anonymous said...

Estive a acompanhar o desfile, gente empunhando cartazes com dizeres reivindicativos, entoando canções reivindicativas, dançando (como não podia deuxar de ser) e mais. Não consegui contabilizar as empresas que desfilaram, só sei dizer que foram muitas, mas muitas mesmo. Aumento salarial, justiça social, racismo, discriminação dos nacionais, criação dos tribunais de trabalho, saudades chissanianas (aqui foram os trabalhadores do HCM que entoavam cânticos saudosistas, reivindicavam 30 dólares mensais prometidos pelo Chissano na despidida com estes. No Guebusismo não aparecem, e se aparecem, aparecem com mutilações. Aqui o Chissaano é hosanado, élembrado com nostalgia e, logicamente o Guebusismo vilipendiado em surdina e anonimato) Gostaria de ter uma entrevista com Prof. sobre as manifestações dos trabalhadores. Como sabe o jornal sai às sextas-feiras, seria melhor se fosse hoje ou amanhã. Beúla, estagiário do SAVANA.

Patricio Langa said...

Caro Beúla.
Não sei se se dirige ao E.B, autor deste artigo ou a mim do blog.
Se for a mim aquém se dirige, não vejo algum inconveniente em conversar.
Procure-me, estarei a manhã toda, na Faculdade de Educação, UEM.
P.L

Anonymous said...

a foto e o comentario deve ser confusão do Elton, não ?