Thursday, February 12, 2009

Construção selectiva da “realidade”!

Os negativistas” e os oficiosos.

Bom, não sei se existe essa palavra na língua de Cam ões, o Português. Se não existe, então, tomem-na por meu ‘moçambiguês’. O ‘negativista’ é uma espécie de analista social, melhor ‘pseudo- analista’ que vivi caçando aspectos, do seu ponto de vista, negativose os apresenta como ‘pura’ e fiel descrição do real. Na verdade não é analista, mas juízista’, eish, outro moçambiguismo. Faz juizos sobre os outros analístas, com categórias classificatórias muitas vezes problemáticas. Perdi a conta dos adjectivos que se criaram para se referir a aqueles que tem um olhar diferente sobre a mesma realidade analisada pelos negativistas. Aí de discordar que existe corrupção, porque os termos do próprio termo não estão esclarecidos. Para o ‘negativista’ das duas uma: ou se trata de um deles ou então defensor de “tudo está bem”. Experimente dizer que não está claro porque Mugabe é parte do problema e não da solução da crise no Zimbábue. Das duas uma: ou fazes parte da familia extensiva de Mugabe ou não anti-democráta. Diga, em voz alta, que a estória da desflorestamente não é aquilo que parece ser. Oh, não gostas do teu país, não és ‘amigo da natureza’ e estás defender o discurso oficial. Bom, a lista ‘e extensa!

Esses aspectos negativos são salientados, principalmente, quando envolvem governos africanos que no padrão moral e normativo do ‘negativista’ é considerado negativo. O negativo aí surge como, essencialmente, negativo. A realidade social não se reduz ao ponto de vista (‘negativista’), pelo contrário, é o ponto de vista que reduz a realidade social. A realidade dos fenémenos é sempre muito mais complexa que os nossos pontos de vista. O que se reporta, portanto, resulta de um processo de seleção. Nesse exercício uns preferem dar mais visibilidade e discutir o mérito dos critérios que usam para apresentar algo como real. Os ‘negativistas’ se enervam quando se fala de critérios, preferem colocar os seus juizos de valor, a sua moralidade como critério. Partem sempre do pressuposto de que os seus valores são os mais genuínos e por isso acima dos demais.

Os ‘negativistas’ consideram-se por naturaza bondosos, caridosos, preocupados com a sorte dos, na sua óptica, desafortunados. Podia-se até dizer que o desafortudando é para o ‘negativista’ o que o eleitor é para o político. A razão da sua existência. A diferença é que o político é menos hípocrítica, pois usa pódio para ‘alienar’ seus eleitores, o ‘negativista’ não. O negativista faz política ao contrário (como diria Filimone Meigos). Quer dizer usa o palco da academia para apresentar ‘realidades’ selectivamente construidas, a partir de seus juizos de valor, como sendo a realidade. Todos, claro, vemos as coisas condicionados pelos nossos valores. Ninguém é isento do normativo. No entanto, existem os que se predispõe a discutir em que medida os seus valores interferem nas realidades que nos apresentam como sendo ‘o real’. O ‘negativista prefere que seus valores sejam a medida da realidade. Enfim, a moral desta curta postagem é alertar a quem estiver interessado sobre um lugar comum: aquilo que nos reportam como ‘real’ é apenas uma parte do real.

É, portanto, aquilo que foi escolhido como ‘real’. Essa escolha, mesmo quando não explícita e consciênte, tem por detrás algum critério. É, portanto, uma construção selectiva. Algumas vezes esses critérios são normativos mistificados em ‘verdade’ aparente. Outras vezes os critérios são analíticos, portanto, sujeitos a crítica. Um exemplo para terminar: se alguém vos reporta todos os dias, as vezes até várias vezes no dias, sobre o que considera ‘realidade’ (negativa) da situação do Zimbábue e não diz nada sobre a tomada de posse de Morgan Tswangirai, como primeiro Ministro, leia aqui, ainda que isso não mude o quadro negativo que já se construiu sobre aquele país perguntem-se, pelo menos: É negativo ou positivo? Mas se quiserem ser mais críticos e analistas não se preocupem com essa classficação normativa. Pergutem-se apenas: O que aconteceu? Como é que sabemos (e temos a certeza de) que o que aconteceu é mesmo o que aconteceu? Estão a ver, se continuo com este tipo de pergunta chegamos necessáriamente aos crítérios! Por mais ‘djika, djika’ (voltas) que dermos a única maneira de discutir um assunto de forma prveitosa começa com o esclarecimento dos termos de discussão e óbviamente dos críterios que usamos. Viva os críterios!

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