Do Cambane, que se estreia na blogosfera, por isso ficam aqui as notas de boas vindas, recebi o texto que se segue. A intenção do autor, conforme me relevou, ao publicá-lo no blog é receber reacções críticas. Coisa que não conseguiu de forma alargada após a publicação do artigo no jornal notícias. Como podeis notar há cada vez mais gente interessada em ser interpelada naquilo que pensa. Pessoalmente considero um acto de humildade e integridade intelectual colocarmos as nossas ideias a mercê da crítica. Caros leitoresdo B’andhla, crítiquem as ideias de Cambane. Digo bem, as ideias e não a pessoa! Boa leitura!
“Diagnosticar Moçambique é um exercício interessante e necessário. Julgo que cada um pode oferecer o seu ponto de vista e quem de direito pode no final decidir o que interessa. Ficar calado é que decerto não constitui a opção.” Noé Nhamtumbo.
Começo por pedir emprestado estas palavras sábias do Noé Nhamtunbo, para iniciar este pequeno ensaio da análise da actuação da Nossa Policia.
Falar de polícia, é falar de uma área que é sensível para qualquer Estado Moderno, sendo caracterizado por uma escassez de informação obrigando muitos a entrarem na esfera da especulação, mas que por vezes é necessária.
No sector da Saúde, a eficiência dos médicos é medida pela redução da taxa de mortalidade, redução do tempo de espera do doente pelo medico, aumento da disponibilidade dos serviços de saúde a população, ou então uma melhoria na qualidade dos serviços postos a disposição da população.
Na segurança, a eficiência é medida através da Segurança Publica, numa sociedade onde o cidadão anda sem receios de ser assaltado ou na certeza de que se por ventura algum curioso o tentar despojar dos seus bens a Policia tratará de recuperá-los e quem sabe, chamar a responsabilidade o autor de tamanha façanha.
O sonho ou desejo do cidadão é de um dia poder andar na rua sem receios, bem como deixar a sua casa aberta com a certeza de que nada lhe vai acontecer, nem a si muito menos aos seus bens. Bem esta situação seria o óptimo, e seria ou deveria ser termómetro para nos podermos medir a eficiência da polícia.
Nos dias de hoje, a eficiência da policia, esta intimamente ligada à de Agostinho Chauque, colocando a policia numa situação de precisar deste famigerado para ser classificado.
O termo Realidade define aquilo que é real, tudo aquilo que acontece ou existe de facto, e uso neste ensaio para definir uma Policia que esta a perder terreno perante ao crime, por outras palavras, que esta a ser ineficiente no Combate ao Crime, uma Policia que deixou de ser policia para ser o delinquente.
O termo Mito que por definição é uma representação ou exposição de factos ou pessoas reais, ampliados ou transformados pela imaginação de forma que simbolizem um determinado conteúdo, e que neste ensaio uso para definir uma Policia esta a ganhar terreno no combate ao Crime, mas que tem os sues problemas, uma Policia que esta a ser alvo de interesses externos, onde ela tem sido vítima da sua própria eficiência.
Se não vejamos, muito tem-se falado sobre o Chauque, sendo que para mim e acredito que para alguns leitores também, trata-se de mais delinquente comum, mas que para a policia de uns tempos para cá virou o grande talismã da Policia.
É difícil e complicado perceber, como que uma Policia, com os recursos que dispõem, não tem capacidade de por fora de acção este delinquente, pior numa situação em que o Monopólio de uso da força, pertence ao Estado, personalizado na Policia.
Quer dizer nisto de usar a força armada, o Estado não admite concorrência de nenhuma espécie. Estando o Chauque fazendo uma dura confrontação com a Policia, não se percebe como ele tem vindo a ter algum sucesso, sucesso neste caso medido pela realização dos referidos assaltos.
Mas vamos divagar sobre as duas realidades.
Sendo o Agostinho um ser real, imagina o leitor numa situação em que a Policia apareça amanha a dizer que o Chauque, foi neutralizado, a minha questão é, o que será da polícia depois disso? É que ultimamente grande parte daquilo de Eu chamo de crime violento a Policia atribui a este homem, e do lado da polícia já caíram alguns dirigentes, sem que isso significasse o fim deste homem.
Sendo então o Chauque real, ela tem revelado uma eficiência tão extraordinária que põe a Policia numa situação caricata, é que sendo a policia uma organização composta por homens, e que ao nível do Estado ela é deve velar pela segurança Publicas, e dos cidadãos, só que nesta senda tem revelado falhado em alguns casos, dai as várias mexidas que acontecem no seio da corporação.
Outra questão é que a organização dirigida pelo Agostinho tem a particularidade de na sua esfera de acção não apresentar nenhum vitima inocente, quer isto dizer, não há os chamados danos colaterais, muito menos as chamadas balas perdidas que semeiam luto e a morte de inocentes. Outro aspecto curioso é que desde que começou esta guerra a organização do Chauque, ainda não mudou de chefia, quer dizer esta organização é tão eficiente que ainda nem se preocupou em mexer a chefia.
Isto é aquilo que Eu chamaria de uma organização perfeita, e que caracteriza-se por ter passos bem medidos, acções bem preparadas e principalmente com um nível de sucesso espantoso. Esta organização tem demonstrado uma eficiência tão perfeita que mostra uma boa estratégia de acção, chegando mesmo a baralhar a acção do seu adversário, tendo já provocado a morte de agentes da Policia que eram tidos como estrategas do outro lado, bem estamos a dizer em outras palavras que a organização de Chauque é tão perfeita que tem a ousadia de atacar as partes sensíveis da Policia, como foi o ataque ao DIO (departamento de Informação Operativa) que equivale dizer que é um ataque a torre de controle de uma base militar com as consequências que dai advem.
Agora paira a questão, que parte sensível da Organização de Chauque a Policia conseguiu atacar? Bem a Policia, ainda não atacou, pelo contrário, esta na defensiva, arriscando mesmo a dizer que a mesma a policia já há muito perdeu a iniciativa de acção, ou de ataque como se ousa dizer na linguagem militar.
Mas esta situação toda é tão espectacular que é difícil perceber, chaga-se a pensar que a organização de Agostinho Chauque é que é a Policia, e a Policia é que o grupo criminoso, isto pelas acções dos dois beligerantes.
Olhando a actual realidade criminal, acabo me questionando se realmente o Chauque é real ou não, pois sendo real pelos actuais indicadores, então a policia deveria deixar de ser, ou então ela perdeu por completo a sua esfera de acção.
Mas em algum momento, acho que na verdade o Chauque não existe, pois trata-se de mais um Mito, sendo real a criminalidade na Cidade de Maputo, onde por falta de explicação de alguns casos a Policia recorre ao Mito para explicar estes e outros crimes violentos.
Quer com isto dizer que talvez a Policia Moçambicana esteja a ser alvo de uma luta intestinal e que o Chauque não passa de um mero Mito. Ele não existe na verdade, é a Policia a lutar contra ela mesma.
Faz sentido sim este teoria de não existência do Chauque se repararmos que o Grupo deste sabe muita coisa, e até de mais, tem informações tão sensíveis que seria difícil imaginar uma situação tão deferente desta. Sendo o Chauque Mito, a Policia a Moçambicana estaria numa situação de estar a reorganizar-se, tal que os desaires que tem sofrido são fruto da sua boa acção e seria atribuídas a pessoas que tem outros objectivos a não ser aqueles deferentes dos objectivos defendidos pelo Estado.
É neste cenário de Mito, que o General Nkhalau esta a tentar moralizar a Policia, bem como reorganizar a mesma e neste diapasão vem cantando algumas vitorias, e olha que é só no cenário de Mito que pode ser explicado a Fuga de Anibalzinho, Samito e Todinho, bem como as mais recentes mortes de alguns oficiais da Policia, pois neste cenário de Mito existem Policias traidores e corruptos, que não vem meios para atingir seus objectivos que são contrários aos objectivos desta nossa bela Pátria amada.
Enfim Espero que o Mito de Chauque não vire realidade, pena que este Mito ajuda a perceber alguns aspectos da nossa Policia para a nossa infelicidade.
4 comments:
Por vezes me ocorre esta ideia da mistificação do A.C, como acredito que o Bin Laden é outro mito que justifica a continuação da Guerra ao Terrorismo.
O AC é o inimigo nº 1 da nossa polícia como o BL é o nº 1 dos EUA, que até onde sei, vão mudar o fócus da guerra do Iraque para se concetrar no Afegenistão onde se acredita estar BL.
Mas e a nossa polícia? Qual é o seu fócus neste momento? Em que é que ela se está a concentrar? Haverá alguma estratégia no combate ao crime? A linha de comando é clara, coerente e efectiva que garante o cumprimento das ordens emanadas? Como é que uma organização sem o aparato da polícia e, quiçá, da segurança do Estado - SISE - tem conseguido dinamitar o edifício da nossa segurança, inclusive, matando polícias e ameaçando através dos jornais os que ousam atacar os seus interesses?
É bom que as acções atribuidas ao AC sejam, mesmo, deste e que, sendo ele real, após a sua neutralização e desmantelamento da sua rede, voltemos a andar sem o medo de cruzar com polícias que a qualquer momento podem ser alvos deste homem e dos seus acólitos.
Mas isto é um ciclo vicioso! Cada época, em termos de criminalidade, tem os seus mitos. Quem se lembra da época do Niquinho? Tudo era achacado a este; depois de abatido, o crime não parou, desenvolveu-se, apareceram novos "perigosos cadastrados", que foram sendo neutralizados, até desembocarmos na quadrilha de AC que vai fazendo das suas.
Mas será AC o único Mito? E Anibalzinho e as suas fugas? Onde se enquadram?
Depois de AC criaremos outros mitos, cada um a seu tempo. Só que ai, seria bom que nos lembrássemos de, como cidadãos conscientes, cobrar a estes que achacam tudo ao Chaúque, as suas responsabilidades pelo período pos chaúque. O crime não parará depois deste...
Oi. Júlio.
Levantas questões interessantes, nomeadamente as de saber com que base de informação. Conhecimento age a nossa polícia. As vezes fica-se com impressão que andam a jogar a cabra-cega. Mas isto é mais uma vez, aque parece, e como tem defendido E.M, consequência das nossas instituições operarem num constesto institucional pouco claro. Quem responde por o quê? Que tipo de oprações são feitas em função de que informação. Enfim, cria-se sempre uma situação que acaba sugerindo que os criminosos tem poderes mágicos e/ou são super poderosos. O pior é que não admiraria que a própria policia nisso acreditasse.
Abraço
PS: Espero que o Cambane esteja atento.
Fico congratulado que este assunto tenha despertado algum interesse por parte de alguns leitores deste blog, e antes de mais vai um grande Khanimabo para o P. Langa, por ter-me acedido a este espaço.
A questão da mistificação do A.C. desperta uma outra questão, que é qual é a Estratégia que a Policia tem na luta contra o Crime, conforme o caro leitor Júlio aborda.
Mas Eu iria longe neste questionamento, qual será a estratégia que o Estado Moçambicano tem na luta contra o Crime, pois o caso de A.C. que Eu tomaria como exemplo, já a muito ultrapassou a esfera da Policia, apesar de achar que o Estado não deveria ser refém deste, mas porque o mesmo Estado deixa a Policia ser refém deste, sem tomar uma outra atitude, obrigando mesmo o cidadão comum a questionar pelo paradeiro do nosso SISE.
Tem sido apenas Policia que tem aparecido a falar do A.C, sabendo que existe outras estruturas dentro da estrutura de Segurança que deve ou já deveria ter-se pronunciado a respeito, como o exemplo o SISE, os serviços de Contra-inteligência Militar (que nos últimos tempos quase que desapareceram), o que de certa forma acaba fragilizando ainda mais a Policia através da deterioração da imagem desta.
É como diziam os Romanos, " A mulher de Cesar, não basta ser Fiel, tem que parecer", isto tudo para dizer, que a Policia não basta ser eficiente, acima de tudo tem que parecer super eficiente, nem que seja para desencorajar futuros criminosos.
Dai que a Policia deveria-se preocupar o em mostrar uma imagem de quem prende criminosos, ser implacável na luta contra o crime, ao invés de agarrar –se na questão do A.C.
Em relação a imagem, esta é de certa forma um dos cerne da questão, pois em algum momento chego a pensar que alguém esta lucrar com a crescente deteriorização da imagem da Policia. Pois ela continua a tudo fazer para se afundar cada vez no descrédito.
Hoje nós falamos da Policia, amanha falaremos provavelmente do Exercito e numa última analise quem sabe do trabalho do SISE, pois a existir uma estratégia de segurança em Moçambique, ela é quase que nula, dai que Eu ouso em questionar: Não estando o Pais em Guerra, qual é o desafio do sector de Defesa e Segurança.
Será que existe um protocolo de trabalho entre o nosso Exercito e a Policia, para casos de eles terem que virem a trabalhar em conjunto num futuro Próximo? Porque não dizer, uns exercícios conjuntos entre a policia e o Exercito para ver o nível de complementaridade dos dois?
Enfim, são várias as questões que existem e que me merecem uma reflexão por parte de Todos nós.
Debate esta em aberto
Cambane
Parece me que ja tem a resposta sobre a vossa duvida, a nao ser que queiram ser como o Tome.
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