Texto da responsabilidade de Rafael da Camara.
A propósito da música da cantora Tânia Tomé, intitulada “Nhi Ngugu Haladza”
Sempre achei fascinante a relação texto e música, ou música texto. O cantor é motivado, se me permitem o termo, a aprender diferentes idiomas, no intuito de obter uma melhor, e talvez, mais perfeita articulação e emissão dos vocábulos inseridos na música. Ademais procura com base neste esforço transmitir a sua mensagem e sentimento através da música e com isso captar a sensibilidade dos ouvintes, quiçá falantes e não falantes deste idioma. Para além disso, se põe a questão de se perceber o que se está a dizer, uma vez que, se há um texto escolhido pelo compositor, o seu sentido deverá ser descodificado pelo intérprete e, em condições ideais, pelo ouvinte também. Contudo, colocam-se também outras questões: o que será mais relevante o texto ou a música? Far-se-á uma melodia para musicar um discurso, ou será a melodia que o vai sugerir?
Sempre achei fascinante a relação texto e música, ou música texto. O cantor é motivado, se me permitem o termo, a aprender diferentes idiomas, no intuito de obter uma melhor, e talvez, mais perfeita articulação e emissão dos vocábulos inseridos na música. Ademais procura com base neste esforço transmitir a sua mensagem e sentimento através da música e com isso captar a sensibilidade dos ouvintes, quiçá falantes e não falantes deste idioma. Para além disso, se põe a questão de se perceber o que se está a dizer, uma vez que, se há um texto escolhido pelo compositor, o seu sentido deverá ser descodificado pelo intérprete e, em condições ideais, pelo ouvinte também. Contudo, colocam-se também outras questões: o que será mais relevante o texto ou a música? Far-se-á uma melodia para musicar um discurso, ou será a melodia que o vai sugerir?
Esta pequena nota introdutória vem a propósito da música da autoria da Tânia Tomé, intitulada “Nhi Ngugu Haladza”, que se supõe estar cantada em Guitonga, uma das línguas faladas em algumas zonas da província de Inhambane. Não quero aqui, discutir aspectos harmónicos e melódicos da música da Tânia. Sinto-me incapacitado tecnicamente para o fazer.
A minha modéstia observação reside essencialmente, na forma como a música é cantada em Guitonga pela cantora, Tânia Tomé, (confesso que não nenhum especialista nesta língua). O que defendo é que conscientes da produção dos sons vocábulos, os cantores devem desenvolver habilidades de articulação das palavras para permitir o significado do texto e do discurso musical.
Lembro-me ter começado a ouvir a música (incluindo o próprio vídeo) num dos canais televisivos nacionais. Mais tarde, tive acesso a música, e a partir daí, fiquei horas a fio com o intuito de querer perceber em que língua é que a Tânia estava a querer transmitir a sua mensagem, apesar de o título estar em língua Guitonga.
A decepção, se me permitem o termo, ocorre quando percebo que o que Tânia canta, não tem nada a ver com a língua Guitonga, muito mesmo seu provável dialecto. E coloco aqui duas questões: a cantora Tânia sabe que o que canta não é Guitonga, apesar da letra estar em língua Guitonga?. Porque é a cantora sabendo das suas dificuldades de comunicação em língua Guitonga, em termos de dicção e consequentemente enunciação do texto, insistiu em cantar?
Para mim não basta que a cantora ou o cantor diga que a sua música é cantada em língua X ou Y, para parecer que investiga ou fala uma determinada língua. É importante que lembrar que o trabalho da dicção é muito mais abrangente do que normalmente se entende. A dicção permite a melhor enunciação do texto a fim de que o público entenda o texto que está sendo cantado. Para isto, é essencial e indispensável que a cantora aprimore a pureza dos sons vocálicos e a clareza das consoantes. Além disso, é preciso combinar tais qualidades com a prática de se cantar as palavras com a acentuação adequada e dar sentido ao conteúdo poético de cada verso do texto, adequando-o ao conteúdo musical Desta forma, os textos ganham expressividades e seu significado é melhor comunicado.
Suponho que a cantora Tânia ficou alheia a estes pormenores fundamentais. Alheia a relação “íntima” entre texto e música, entre palavra e melodia, entre “som” da palavra e “sons” musicais escolhidos. Para mim torna-se inconcebível que um cantora ou cantor engane o público dizendo que está a cantar em uma determinada língua, quando na verdade, não se está a perceber patavina de nada, senão o balbuciar de sons estranhos numa língua estranha. Em fim, baboseiras.
A lição é válida para outros músicos
AVANTE!
Por: Rafael da Camara