Thursday, February 26, 2009

Ainda sobre a reforma curricular (FIM)

"... Muita gente tem dito nos corredores que não está contra a reforma, mas sim contra a forma como ela está sendo conduzida. Então, por que não conversar civilizadamente sobre como seria melhor fazer a reforma? Há diferentes opiniões sobre isso. Uns acham que a reforma deveria ser gradual, outros (como eu) acham que se pode fazer atalhos inteligentes e conseguir-se exactamente os mesmos objectivos. São diferentes paradigmas. Quem está errado ou certo não é o que importa neste momento. Ficar a discutir isto sem fazer a reforma significa estagnação. Vamos continuar a discutir até quando? Consenso absoluto nunca vai haver, de certeza absoluta! Então?...Então, na minha opinião, a solução mais racional neste contexto é aceitar seguir a quem tem coragem para dar o primeiro passo para onde queremos ir, e não ficarmos discutindo se o caminho é o melhor que há. De certeza há vários caminhos alternativos, mas como uma organização só podemos ir por um de cada vez. E qualquer que seja o caminho escolhido, nunca poderemos avaliar objectivamente o tamanho e a quantidade de obstáculos enquanto não trilharmos esse caminho. Lembremo-nos de que a perfeição é inimiga do progresso. Quem indica o caminho a seguir e dá o primeiro passo é o líder. Se quisermos fazer progressos em qualquer processo, temos que confiar na intuição dos líderes, ouvi-los e segui-los, ainda que tenhamos reservas. É mais construtivo acompanhar um líder e aconselhá-lo ao longo do caminho, do que recusar a sua liderança, porque isso conduz inevitavelmente ao caos e, eventualmente, às rixas e à estagnação. Portanto, o meu apelo final é de que se pare com as querelas, com o cepticismo extremo, inércia e indisciplina, e se trabalhe construtivamente com a direcção da UEM para o progresso da instituição e de Moçambique". Leia o texto na integra seguindo os seguintes links aqui, aqui e aqui.


Wednesday, February 25, 2009

Ainda sobre a reforma curricular[2].

Sendo assim, não se compreende (pelos menos, não academicamente!) por que razão se assiste a uma onda de flagelação do Reitor e estruturas da UEM, por estarem a conduzir a reforma em curso. Aliás, para quem não sabia, a reforma sempre aconteceu na UEM”.

Continuo a seguir a reflexão do docente de física da Universidade Eduardo Mondlane sobre a reforma curricular. Ao que tudo indica haverá um terceiro número. Por enquanto clique aqui para o segundo.


Imaginação fértil.

Essa coisa de andarmos aí a dizer que queremos uma pessoa com 10ª ou 12ª classe ou um graduado de Instituto Agro-Pecuário vai acabar. E aí vamos dizer que nós precisamos de um técnico que sabe operar este ou aquele equipamento”. (Aires Ali, 2008).

Tuesday, February 24, 2009

Um pequeno relatório!

Férias desenvolvendo o distrito: Jovens recém graduados regressam a Maputo

“JOVENS recém-graduados das universidades moçambicanas regressaram sexta-feira última a Maputo de mais uma edição de “férias desenvolvendo o distrito”. Trata-se de 250 jovens que durante um mês estiveram a trabalhar em vários distritos do país, com objectivo de aliarem os conhecimentos teóricos adquiridos durante a formação universitária com a prática. A ida deste grupo de jovens aos distritos do país faz parte do Projecto Férias Desenvolvendo o Distrito, uma iniciativa da Associação dos Estudantes Finalistas e Universitários de Moçambique (AEFUM). Parte destes finalistas que esteve a trabalhar nos distritos das províncias de Sofala e Nampula, no centro e norte do país, respectivamente, chegou a Maputo no início da tarde de sexta-feira. Em entrevista à AIM, alguns destes jovens consideram que a experiência de trabalhar nos distritos foi marcante, uma vez que puderam sentir de perto “o pulsar dos pólos de desenvolvimento”. Este ano o projecto “Férias Desenvolvendo o Distrito” foi marcado pelo início da descentralização do envio de estudantes aos chamados “pólos de desenvolvimento”, bem como pela inclusão de estudantes moçambicanos na diáspora. Próximo ano os jovens estudantes finalistas universitários e recém-graduados do Ensino superior passarão a visitar os distritos das suas próprias zonas de origem, conforme o estabelecido pelo plano estratégico de quatro anos da AEFUM”. (Jornal Notícias)


Pelos vistos, e como seria de esperar, o balanço das férias no distrito foi POSITIVO! Os Jovens recém-graduados puderam “sentir de perto o pulsar dos pólos de desenvovimento”, dito nas suas próprias palavras. Como nem todos sabemos como se mede essa pulsação, principalmente aqueles como eu longe da Pátria-Amada e consequentemente do distrito, que tal se produzissem um relatório da sua experiência. Seria interessante para podermos ter melhores elementos de avaliação do que significa “sentir o pulsar dos pólos de desenvovimento”.


Nesse relatório, que não precisa de ser um relato do “Estado dos Distritos”, volumoso como os da Nação, podiam nos dizer entre outras coisas o seguinte: a) O que foram lá fazer concretamente? b) Têm a certeza do que foram lá fazer? c) O que lhes faz ter a certeza de que foram fazer o que dizem que foram lá fazer? d) Como é que sabem que o que foram lá fazer é desenvolvimento ou a isso conducente? Se for, para quêm? Porquê? e) Quando é que podemos esperar pelos resultados? f) Que tipo de resultados podemos esperar?g) Em que sectores? H) Quem vai integrar? I) Isso vai ser decidido a que nível? J) Por quem?L) No pólo ou na nação? M) Não haverá conflitos com o status quo? N) O status quo quer esse desevolvimento, conforme concebido ou formulado pelos recém-graduados? Enfim, a lista de questões podia se estender. Para não desacelerar o passo e resfrear o processo, podeiam descentralizar as tarefas ou o relatório a explicar porque acham que o distrito precisa dos recém-graduados?Precisam?


“A racionalização da actividade comunitária não tem (…) por consequência uma universalização do conhecimento relativamente às condições e às relações dessa actividade, mas, o mais das vezes, conduz ao efeito oposto. O “selvagem” sabe infinitamente mais sobre as condições económicas e sociais da sua própria existência do que o “civilizado”, no sentido corrente do termo, das suas.”


A citação acima é do grande sociólogo Alemão Max Weber, penso que cabe bem aqui. Oh, tirei-a daqui.


Ainda sobre a Reforma Curricular.

O Jornal Notícias publica na edicção de hoje mais uma reflexão sobre a reforma em curso do curriculum do ensino superior. Trata-se, desta feita, de um texto de opinião de um docente de física e meio ambiente, Julião J. Cumbane, da Universidade Eduardo Mondlane. Para não colocar a carroça a frente aos bois, uma vez o texto estar dividido em partes, esperemos pela conclusão para ver se vale a apena o debate. A partida já me parece problemático e simplista dividir os envolvidos no debate entre os pró e os contra reforma. Isso só manienta o próprio debate. Eu próprio estive e continuo interessado nesse assunto. Levantei questões sobre a natureza do próprio debate e ainda não tomei partido, nem espero tomar. Penso que partimos do principio que se quer o "melhor" para o ensino superior. A questão relevante, quanto a mim, consiste no debate sobre o que é que constitui o "melhor" para o país em matéria de currículo. Enfim, segue o link para o texto.

Friday, February 20, 2009

Construção selectiva da “realidade” [2].

Antes um criminoso solto do que um inocente preso”.

Não pretendia fazer deste tema uma série. Há, no entanto, desenvolvimentos interessantes na nossa esfera pública que me fizeram retornar ao tema. Um deles é esta notícia sobre o caso judicial do ex-ministro do interior (na foto) reportado pelo Jornal o Pais Online. Não passa muito tempo, alguns críticos pejorativamente designados de ter pretensas cautelas científicas cuja função é, sempre, a de evitar o estudo das infra-estruturas sociais de fenómenos (leia aqui) chamavam a atenção para a precipitação em considerar Manhenje de corrupto quando nem sequer estava claro o que significa- juridicamente – esse termo. E se se aplicava para aquele caso. Outros críticos em jetito de “breaking news” passavam nos seus blogs qualquer peça sobre Manhenje. Hoje, no entanto, não se lembram de dar a notícia do desprounciamento de 99% dos alegados crimes que aquele ex-ministro teria cometido. Para esses, especialistas nas teórias 4 x 4 Manhenje já era culpado antes mesmo de ser condenado. O princípio jurídico da presunção de inocência fora jogado para o lixo. Esses analístas praticamente celebravam a prisão de Manhenje e outros mais. Não lhes importava que pudessem estar a julgar publica , moral e precipitadamente alguém.O que lhes interessava era satisfazer o seu sentido normativo e moralista de justiça. Um “big fish” (tubarão) foi preso. A justiça para eles era na base do seu critério de justiça e não aquilo que o procedimento judicial podia sustentar. Alguns desses analistas feitos justiceiros e "defensores do povo", no passado Samoriano de que tanto nostalgia e saudosismo demostram, foram quem estiveram por detrás dos excessos de Samora no envio de pessoas inocentes para a reeducação. São inúmeras as peças, quase de celebração, que um jornal “I-n-d-e-p-en-d-e-n-t-e” da praça passava dando conta dos dias e noites passados pelo que designava de "inquilinos do Hotel da Kim Il Sung”! Não tenho nada contra o sentido de humor do jornal, mas medo dos seus critérios de estebelecimento de verdade e de justiça.

Antes que me a acusem de estar a defender corruptos ou de “só poder estar ligado ao poder”, ainda que não acreditem em mim, deixem-me deixar bem claro que não conheço Manhenje e nem me interessa conhecer além daquilo que se tornou público dele. Estou me nas tintas para cargos governamentais ou para o quer que os "defensores do povo" achem que me leva a escrever. Escrevo como um passatempo individual, mas sério. Esses mesmos analístas que se dizem “a favor do povo” e dos “deserdados”, que cantam aos quatro ventos que “o povo não é burro”, tratam-no precisamente como tal. Pensam eles pelo povo, pois se o povo começar a pensar por si próprio não vai precisar de representantes. Estão sentados na universidade, no ar-condicionado pelo povo. Viajam para as Europas, para a América Latina, com o povo no coração.

Alguns de nós, “sem interesse em defender o povo”, entretemo-nos com as nossas cautelas ciêntíficas que nunca acabam. Ao invés de sentenciarmos qual é a realidade, deixamos ao critério de cada um seguir o método que achar conveniente para construir a própria, “realidade”, verdade. Nós discutimos o método, o procedimento, o critério, e não a verdade revelada pelos "defensores do povo". Eu gosto dos políticos. Sabem porquê? Os políticos dizem abertamente, nas suas campanhas eleitorais, o que o povo sabe a partida serem coisas irrealistas.E mesmo assim votal neles. O povo têm, no entanto, mecanismos de exigir contas quando não cumprem o que prometeram. As eleições, por exemplo, constituem parte desse mecanismo. Agora, os ‘defensores do povo’ que se escondem por detrás da capa de ciêntistas, mas agem como políticos são um verdadeiro perígo. Detratam a academia, de onde ganharam seu prestigio e autoridade para falar - em nome do povo - atacam os políticos e o pior é que desses não temos mecanismos para lhes exigir contas dos seus erros. Quando lhes convém aí retornam à academia.

Se um académico voz diz que é "defensor do povo", suspeitem das suas intenções. Muitos são políticos desfarçados. Verdadeiros cama-leões! Não aceitem as verdades reveladas, pelos bem intencionados, procurem a vossa!