(cientista que nunca escondeu o activismo social em prol dos oprimidos de todos os tipos), sim, mas: ‘Good causes’are not substitute for epistemological justifications and do not allow one to dispensate with the reflexive analysis which sometimes leads to the discovery that the propriety of ‘good intentions’ does not necessarily exclude an interest in the profits associated with fighting a good cause…, the fact remains that the best of political movements will inevitably produce bad science, and, in the long run, bad politics, if it is not able to convert its subversive dispositions into a critical firstly of itself. P. Bourdieu (2001) Male domination. Cambridge: Polite Press, pp. 113-14. [ Fonte aqui].
Estudo Pierre Bourdieu desde 1999. Li e continuo a ler quase tudo que existe disponível de sua obra. Usei sua teoria dos campos e de capitais no meu Mestrado e no Doutoramento. Continuo a ler seus comentadores e leitores prós e contra! O meu parco conhecimento da obra de Bourdieu fez-me perceber que estou diante de um autor (sociólogo, antropólogo, etnógrafo, fotografo, etc) multifacetado. Quer dizer, existiam vários Bourdieus habitando em Bourdieu. De todos, esses, e ele próprio o reconhecia, o que menos contribui para a ciência foi o Bourdieu activista! Esse estava cheio de certezas, por isso queria agir! Esse Bourdieu activista contribui, sim, para as marchas, para reivindicar por um mundo que achava mais “justo”! Existe uma forte correlação, até, captada por alguns de seus biógrafos, entre período de produção científica e activismo. Quando maior a primeira menos a segunda! As suas metáforas – sociologia combativa, cidade do saber entre outras” – estão a custar-lhe muito caro. Invariavelmente, má interpretação de sua obra. A miséria do mundo, por exemplo, mais do que um grito pelos deserdados é um trabalho metodológico rico na descrição de como dar conta daquela realidade! Não há pecado algum em querer salvar o mundo, desde que não se confunda isso com entender o mundo! São dois empreendimentos distintos!
1 comment:
Oi Patrício, estou a ler o livro de Bordieu que me emprestaste. A minha área de formação contribuiu para me colocar um pouco longe destes grandes pensadores (e neste caso também activista). Venho acompanhando com simpatia a luta que travas para mostrares que Bordieau, qual Fernando Pessoa reincarnado, era uma figura multifacetada. A sua produção intelectual constitui uma referência clássica na abordagem dos problemas sociológicos. Todavia, esse seu labor como cientista, em que ele colocava sobre si próprio e sobre o mundo várias perguntas que tentava responder com método, teve fases em que foi "obscurecida" pela tendência das certezas quase absolutas. Foi a fase do grande activismo social e duma produção quase panfletária (no bom sentido). Nesta última fase, o Bordieau cidadão sobrepujava o Bordieau cientista. Foi uma fase ruim esta? Não necessariamente. A luta por um mundo e futuro melhores deve ser preocupação de todo o humanista. Sómente que este empreendimento cabe fundamentalmente aos cidadãos, sendo que os cientistas participam nele na sua qualidade de cidadãos.
Apresentar o Bordieau activista como o paradigma do Bordieau cientista social parece-me que ignora este caracter multifacetado deste grande pensador e humanista. Na nosso blogosfera há um pouco desta tendência
Obed L. Khan
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