Monday, August 30, 2010

Ensino superior não é estudado no país_Entrevista ao Jornal Notícias

A PARTICIPAÇÃO do Ensino Superior no desenvolvimento do país tem sido nestes últimos anos, uma matéria de grandes debates envolvendo por um lado os políticos, por outro os académicos e a sociedade civil. O número de graduados cresce anualmente, mas poucos são aqueles que desenvolvem acções de pesquisa e investigação em busca de conhecimento que possa conduzir o país ao almejado desenvolvimento económico e por conseguinte, social. Para colmatar esta situação, em 2008, por despacho da Ministra da Justiça de 28 de Novembro, nasce no país, o Centro de Estudos de Ensino Superior e Desenvolvimento (CESD), cuja finalidade é compreender e conhecer a própria academia para posterior entendimento de como ela pode contribuir para o desenvolvimento. Para melhor compreender esta nova instituição, entabulamos uma conversa com o seu director executivo, Patrício Langa, sociólogo de formação, docente e investigador da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) que, dentre vários assuntos revela que o ensino superior enquanto objecto e campo de estudo, em Moçambique é praticamente inexistente. Patrício Langa especializou-se na área de “Estudos de Ensino Superior” (Higher Education Studies) na República da África do Sul. Está envolvido em alguns projectos internacionais de pesquisa que investigam a complexa relação entre o Ensino Superior e o Desenvolvimento em África. A seguir transcrevemos partes significativas da conversa. Aqui.



2 comments:

Madeira said...

Bom dia Dr. forca para CESD.

O problema de producao de conhecimento nas universidades do nosso pais e um pouco complexo.
Primeiro: as universidades nao formam para producao de conhecimento, mas para o mercado de trabalho. ora vejamos - as defesas de fim do curso que ate hoje assiste foram uma reproducao de estudos ja feito e sem nada de novo.

Segundo: Ha universidades que abrem so por fins comerciais sem condicoes minimas para se chamar de universidade, formam pessoas que nem sequer sabem fazer.

Terceiro: nao ha habitos de produzer conhecimentos, porque quando estamos no mercado de trabalho nao conseguimos sistematizar ou documentar o que aprendemos com a experiencia;

Quarto: a pobreza faz nos pensar mais na "comida pelo trabalho" e nao no trabalho como compo de aprendizagem e producao de conhecimento. actualmente as pessoas frequentam o nivel superior para aumentar seu salario, nao o nivel de conhecimento.

Solucao: as universidades devem incentivar os estudantes a produzir conhecimentos, exigindo que os temas de defesa, tragam novidades que ajude o pais a desenvolver. Abcs

Besijo Macamo said...

Ao ler a entrevista do Dr. Patricio, recordei-me de uma tese de sociologia defendida de forma polémica na UEM, em 2006, sob a supervisão de F. Meigos.A tese, cujo título (se não me engano) é: «Estigmatização e desqualificação dos estudantes das universidades públicas e privadas»,procurava mostrar que o tipo de universidade de frequencia(privada ou publica) era um falso critério para identificar estudantes competentes. para além de que a «competencia» era um conceito que carecia de uma (des)construção elaborada. Assim, estigmatizar e (des)qualificar estudantes de competentes ou incompetentes a partir da universidade de frequencia era uma posição insustentável.
Há muito trabalho a fazer para que se conheça verdadeiramente o papel da universidade no desenvolvimento! só posso parabenizar ao Dr por estar no lugar certo: os seus artigos aqui postados demonstram muita maturidade para uma caminhada segura num terreno bastante virgem, por isso cheio de «mikaias»! Avante, Dr!