Tuesday, December 9, 2008

Os Números do HIV/SIDA em Moçambique tem razão de ser!!!


No texto que se segue Francisco Carvalho reflete sobre o HIV/SIDA e o que acha que

está por detrás estatísticas actuais em termos de infecções.


O Conselho Nacional de Combate ao Sida (CNCS) divulgou recentemente as taxas de prevalência do HIV/SIDA.A cidade de província de Maputo registaram 23%? e 26%? Respectivamente e estão no topo em termos de casos de infecção. As províncias de Nampula, Zambézia, Niassa e Cabo Delgado registam as taxas mais baixas variando entre (8 – 12%?). O que dizer sobre estes números? Para o CNCS assim como no parecer de outras organizações que trabalham na área do HIV/SIDA, como a Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), tudo parece bem claro. As principais causas de infecção são: parceiros múltiplos, e em simultâneo, o inicio precoce de relações sexuais por parte de adolescentes.

Como mudar este cenário? Aqui está o problema colocado acima. A solução sugerida é muito simples: "dizer a esta gente que, se quiser fazer sexo, tudo bem, mas use o perservativo, ou então que facam teste de HIV antes disso e prontos fazem...". E esta gente dita "sexualmente promíscua" e estes adolescentes "inconsequentes" o que pensam disso tudo? Ou melhor o que fazem depois de saberem disso tudo? Riem-se de tudo isso? Pensam assim: "o mais importante é viver o presente porque nunca se sabe o que será amanha", como dizem eles ou elas vamos "curtir, ‘ tchilar(?)’, a vida é para ser vivida".

Dois pontos de vistas totalmente contraditorios: uns por imperativos profissionais e para defender o seu pão devem continuar a proferir discursos, palestras, seminários, espetáculos para depois não serem levados `a sério, até mesmo o presidente da República. E outros, os adolescentes "inconsequentes" e jovens "irresponsáveis" os “cotas” “caçadores de catorzinhas” só estão preocupados em curtir: as damas, "batcher", namorar, enfim toda uma mentalidade sexualizada. Não se pensa em outra coisa e não se conversa outro assunto: rapazes falam das damas (“quantas tens”? “Ja bateste aquela dama”? “Que tal aquela gaja é boa”? "essa cena de jeito só atrapalha") e as raparigas (“que tal tens namorado”? “Que tal já fizeram”? “Ele dá-te dinheiro”? Enfim não pensam outra coisa senão em homens, em namorar, em viver...).

Consequência disso é o HIV que tem razão de ser. A roupa também parece indicar qualquer coisa sobre a conduta sexual dessas adolescentes e jovens (raparigas): servem nalguns casos para engatar homens e noutros para estar-se bela. Não tenho a certeza, porque "elas nunca dizem a verdade sobre o porquê assim usam". Mas para alguns, sobretudo “homens tradicionalistas”, esta maneira de vestir está por detrás destas infecções - já defendia isso o rei da suazi que as mulheres que usam calças é que espalham o HIV. Discordo totalmente com esta tese, porque vejo, por exemplo, nos Estados Unidos e Brasil muita dama vestida a “tchuna baby” e nalguns casos meia peladas, mas sabem se cuidar sexualmente, "não se entregam a toa" ou melhor não se deixam levar e nem mesmo incomodam os homens, que acham aquela maneira de vestir normal, nova moda, não tem nada a ver com conduta sexual perigosa: "o hábito não faz o monge".

Mas para as nossas adolescentes, sobretudo na cidade de Maputo, calças tchuna baby e etc, é muitas vezes acompanhada com uma mente tão irresponsável sexualmente. At’e mesmo os rapazes olham para estas raparigas objectos de prazer, são faceis de “bater”, “basta um papo caiem logo”.

Ora parece-me que esta moda não veio acompanhada com alguma educação, usa-se de qualquer maneira sem respeitar a dita cultura africana. Eu diria mesmo, com "corpo bonito", e "mente perversa". Até parece que estou a culpar as mulheres, ou estou contra elas, mas se repararem, em regiões onde a moral da sociedade está assente no controlo da sexualidade das adolescentes e jovens inclusive na maneira de se vestir, o nível de infecção pelo HIV é relativamente baixo (i.e. Nampula).

Neste aspecto onde andam os pais desses/as adolescentes? Será que se cansaram de chamar atenção as suas filhas da necessidade, não de usar preservativo, mas de adiar o sexo? Será que se demitiram das suas funções de pais para se dedicar a caça `as “catorzinhas”? Prestem atenção a música de Denny OG: “pegam as catorzinhas”!

Reparem, me parece que em matéria de sexo existem coisas que as pessoas fazem porque é o que está na moda. Senão vejamos, os valores de virgindade, fidelidade, sao tidos por muitos adolescentes e jovens como ultrapassados, de dificil seguir, enfim "coisas de matrecos". É claro que para adultos de uma forma geral estes valores sao os melhores. Mas o problema nao esta naquilo que acreditamos (crenças) como coisas boas (valores) mas aquilo que as pessoas fazem (atitudes e praticas).

Muitos jovens (dos 18 – 24) e adolescentes acreditam que deve-se usar preservativo porque “ o SIDA mata” ou “está a matar”, “é uma realidade” (escusado estar a dizer isso como apelo, porque eles já sabem disso!!) mas não usam. Porque? "Porque o momento diz que o mais importante é o prazer e não a vida" dizem eles.

Aquelas adolescentes (dos 12 – 17) que tem pressas em experimentar o sexo fazem de tudo para encontrar alguem para as "rebentar ", desculpa pela expressao, sentem -se mal sendo virgens, ate parece uma doenca. Nalguns casos quando lhes sao perguntadas com que idade iniciaram a fzer sexo, sentem-se envergonhadas de dizer aos 18 – 20 anos, e orgulhosas de dizer de 12 – 17anos. Os jovens (rapazes) que namoram sentem-se mal, ou menos homem em continuar com uma, em ser fieis, pois vêem que o amigo próximo tem duas, tres, quatro, enfim uma concorrencia entre os homens para provar quem e mais homem, as mulheres para provar quem e mais mulher. A batalha continua, quando se chega a hora de fazer filhos, as mulhers buscam a todo custo engravidar-se para provar que é mulher de verdade e os homens idem.... Dentro disso tudo, qual é o lugar que dão a escola? ao futuro? ao desporto? a vida? a política? Fica para depois. Por isso mesmo digo HIV/SIDA, em Moçambique, tem razão de ser, porque as adolescentes, jovens "curtidores" e os “cotas” que andam atras das catorzinhas nao estao preocupados com o que vem ai a frente, mas com "aqui e agora"! E é escusado estarmos a acusar os outros: os vizinhos (os sul-africanos, os zimbabweanos, os malawianos) as prostitutas, as telenovelas, os filmes americanos...etc.

Por favor não me entendam mal, não estou a dizer que eu concordo com aquilo que as pessoas fazem, mas simplesmente cheguei a triste conclusão que "fruta estragada" não se recupera, pensemos naquelas crianças que ainda não estão infectadas pelo virus da "imoralidade sexual", estes sim podem ser o futuro e a esperanca deste pais. Para aqueles que sao pais comecem a trabalhar "na raiz" antes “da coisa se estragar”...

Por Francisco Carvalho

N.B. Neste artigo falei apenas dos casos de infecção via transmissão sexual.


27 comments:

Anonymous said...

alo a todos.

eis mais um problema bicudo, HIV-SIDA.

penso que a análise que fazemos do tema requer alguns cuidados. na minha opiniao o comportamento sexual dos nossos jovens e adolescentes é produto de um conjunto de factores que se conjugam até dar no cenário que temos.

1 - nao se trata apenas de dizer aos mais novos para adiar o sexo, ter uma vida sexual mais saudável e cuidada. Nao basta darmos palestras todos os dias, penso que é preciso mexer com a estrutua inteira. de que vale dar uma palestra hoje sobre a necessidade de se adiar a primeira relaçao e de se manter fiel se, quando chegar em casa das 09:00H às 0:00H verei mulheres peladas exibindo-se e aguçando meu apetite sexual? mais do que dizer o que nao devemos fazer seria mais frutuito estimular o que acahamos que se deve ser.

2 - a nossa sociedade é dinamica e movimenta-se acompanhando as mudanças que ocorrem a sua volta, contudo temos uma educaçao moral que nao acompanha essas mudanças. como esperamos que o adolescente perceba os valores que defendemos se falamos uma lingua "antiquada" estranha ao adolescente?

3 - ainda me me pergunto: o permitiu que o Uganda (se nao me engano) que conseguiu diminuir drasticamente o nivel de infecçao apoiando-se em campanhas que defendiam a fidelidade contrariamente ao uso do preservativo? que condicoes sociais eles tem (ou criaram) para tal?


eis um exemplo que penso ser digno de analisarmos

Anonymous said...

Oi pessoal
Quero simplesmente me centrar no ultimo paragrafo de Carvalho e dizer que é triste e infeliz a conclusão que ele chegou. Se ele soubesse que tem uma doença terminal, deixava de receber cuidados hospitares porque vai morrer?
Imaginemos um outro cenario, se o Carvalho fosse pai de dois filhos e um tivesse mau comportamento (drogado, ladrao, etc) deixava ele de tentar recoperá-lo?
Quem são estas crianças nao infectadas a quem devemo-nos preocupar? O que se deve fazer com os filhos que nao pode resultar nos pais?

Anonymous said...

Franciso, francisco o artigo é interessante mas calma:

porque a calma. Primeiro o problema não esta apenas ligado aos jovens.

Segundo: Os jovens relacionam com outras pessoas, podem ser adultos, idosos e ate pressoas da quarta idade que assistimos a deambular com miudas.

Terceiro: Quantas ATM do sexo feminino assistimos a girarem com os Metrosexuais?

Penso que temos que ter clamas em atirar a pedra apenas para os jovens. Aconselharia a visitar o distrito de Massinga para observar de perto outro tipo de razoes.

Sem muitas delongas
Forca mano
Abracos
Rildo

Anonymous said...

Bom meu camarada Rildo, muito obrigado pelo comentario, quando falo de Jovens nao exclui outras faixas de idade, simplesmente falei deles porque uma das razoes avancadas pelo CNCS e de facto que os adolescentes iniciam precocemente a fazer sexo, e eu tentei mostrar os riscos disso, e para outras idades, lembro-me ter falado dos cotas que andam atraz das catorzinhas. Enfim falar de adoescentes e jovens e mais interessante por que constitui a maior parte da populacao deste pais. E outra coisa, quando se trata de salvar vidas temos que ser duro com as pessoas, inclusive na linguagem, se nao estaremos a brincar com uma coisa tao seria como e o HIV. Francisco Carvalho

Unknown said...

Quando a crença guia as nossas acções
Acho que o grupo considerado de risco (prostitutas entre outros), pode até ter se tornado menos arriscado. E o grupo que era considerado seguro(esposo(a), namorado(a)) vai se tornando cada vez mais de risco. Se não vejamos: poucas pessoas hoje em dia se arriscariam a fazer cópula com uma prostituta sem preservativo, porque acreditam ser a fonte de contracção do HIV/SIDA. E por aí arrisco-me a dizer que o que era vulnerável, tornou-se menos vulnerável. Contudo, quando se trata de fazer cópula com a namorada (o) ou esposa (o), não precisa preservativo. Porquê? Porque acreditámos que ele(a) é fiel? ou porque as relações ocasionais que ele(a) tem são sempre protegidas? Simples crença. E é por aí que digo, que o grupo considerado seguro (esposa(o), namorada(o)), pode até ter se tornado menos seguro.

Josué J. Muchanga

Patricio Langa said...

Amigos.
É assim, mesmo.
Debatendo vamos tentar desmistificar algumas ideias. Como se pode ver das vossas intervenções o assunto da muito pano para manga.
JJM interessante a ideia de onde se faz ‘sexo seguro’.
Abraço

Anonymous said...

Nisso concordo consigo JJM, a ideia da confiança no parceiro e o consequente sexo seguro. Nestes casos o que se recomenda antes das pessoas que iniciam a namorar ou se casam e antes de pensar fazer sexo que façam teste antes. Entretanto, eu volto a colocar a questão de fundo o que nos faz confiar no outro(a) ao ponto de deixarmos de lado o perseva e partirmos para "carne"? O que se passa na cabeça desses jovens nesse momento? Sera que de repente deixam de acreditar que SIDA existe? Sera que HIV esta na aparencia da pessoa? No curriculun sexual? Depois de contraírem começam as lamentações, fui você, foi o álcool, foi a emoção, enfim nunca eu...

Anonymous said...

Parece que este assunto ainda dará muita discussao.

Concordo com J.J.Muchanga. De facto a camada de risco (prostitutas) tem se tornado mais segura que a considerada de menos risco (nao prostitutas). contudo gostaria de colocar uma questao neste ponto. Onde enquadramos as parceiras de sexo ocasional, aquelas que encontramos nas discotecas, festas e companhia lda.? ao que me parece sao catalogadas como "nao prostituta" daí ser frequente ter-se sexo desprotegido com elas.

"O que se passa na cabeça desses jovens nesse momento?" perguntava Francisco.

Questao dificil de responder, vou fazer a minha tentativa que se resume em 2 aspectos: 1 - Baixa capacidade de raciocinar; 2 - Ego relativamente fraco.


uma das caracteristicas que "desse momento" é a grande excitaçao, fruto de uma quantidade significativa de hormonas que é drenada no nosso corpo. Da mesma forma, no nosso cérebro sao libertos certos neurotrasmissores (substancias químicas resposponsáveis pela interligaçao de neurónios - celulas nervosas-) que estimulam ao acto sexual. O produto dessas substancias no nosso corpo e cérebro é uma diminuiçao significativa do juizo (capacidade de fazer julgamentos). daí que "nesse momento" o indivíduo ve-se diminuido da capacidade de julgar se pode (ou nao) fazer aquilo que está para fazer, inclusive se poe ou nao o preservativo.

2 - Ego é definido por Freud como sendo a entidade psicológica que opera como "Director Executivo" do individuo. esta entidade é que pondera os "pedidos internos" (estimulos, sensaçoes internas, etc.) com as possibilidades que o meio nos apresenta para satisfazer esses pedidos e as restriçoes que a entidade moral (Super-Ego)nos dá. resumindo o nosso corpo pede algo e uma entidade psicológica (denominada super-ego) diz-nos que nao podemos fazer isso e o Ego terá de decidir se satisfaz ou nao aquele pedido ou obedece às restriçoes "impostas".

quando falo de Ego fraco quero referir-me a um Ego que nao tenha assente critérios sólidos para avaliar o que pode ou nao fazer, acabando por se deixar influenciar pelos pedidos do corpo, que como referi no ponto anterior é bastante forte pois está carregado de hormanas excitantes.

pessoas que tem um Ego forte quando se encontram "naquele momento" teem a capacidade de pegar num critério (que é o que lhes resta pois a sua capacidade de julgamento está diminuida) e com base nele decidem se sim ou se nao.

um exemplo dessa situaçao é retratada pelo rapper portugues Valete na musica "Roleta Russa"

Abraços

Anonymous said...

Caro patricio,

acredito que na sua analise, nao considerou 1 factor importante: o consumo do alcool pelos jovens, com maior incidencia na cidade de Maputo, o q podera estar na origem da percentagem de pervalencia ser mais alta em Maputo do q em outras provincias ou cidades. escrevi isso no documento GRINGO-A MARCA CAUSA. agradeco que me envie o seu e-mail para poder lhe enviar o documento para contribuir de forma construtiva na sua analise.

Cumprimentos
Abdul Karim

Anonymous said...

Mas falei de "Tchilar" que na linguagem dos jovens da cidade de Maputo traduz-se numa cultura do consumo "irresponsavel" do alcool e depois disso veem as "damas" para f......Mas so um pequeno reparo caro Abdul Karim, o artigo foi escrito por Francisco Carvalho

Anonymous said...

Caro Francisco Carvalho,

Sorry, pela minha ignorancia nas questoes de linguagem popular relativas ao consumo do alcool.Obrigado tambem por me por ao corrente em relacao ao termo "tchilar". ja agora uma questao so: "tchilar" 'e derivado do englesh "chill"?
curiosidade apenas.

Cumprimentos
Abdul Karim

Unknown said...

Caro Karim,
Será que o facto de o consumo de álcool e o índice de prevalência terem simultaneamente aumentado, é líquido concluir que o segundo é consequência do primeiro? Ou o que os dados nos permitem é apenas haver uma correlação entre duas variáveis (consumo de álcool e índice de prevalência). Agora dizer que uma é consequência da outra, suponho ser uma conclusão um pouco forçada.

Josué J. Muchanga

Anonymous said...

alô mais uma vez.

várias vezes "ouvi" Patrício a dizer que é preciso termos cuidado na análise de fenómenos e que a principal ratoeira (ou armadilha) seriam as respostas precipitadas e descuidadas.

ponho a mão na palmatória e digo que caí nessa ratoeira.

logo depois de ler o artigo teci o meu comentário. e hoje, volvidos alguns dias reli o texto e os comentários e surgiram-me questões.

No primeiro parágrafo Francisco apresenta-nos os números conseguidos pelo CNCS. e apresenta "tradução" destes números:
"O que dizer sobre estes números? Para o CNCS assim como no parecer de outras organizações que trabalham na área do HIV/SIDA, como a Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), tudo parece bem claro. As principais causas de infecção são: parceiros múltiplos, e em simultâneo, o inicio precoce de relações sexuais por parte de adolescentes."

parece-me não haver ligação entre o que os números falam e a sua "tradução" pois os números referem-se a prevalência e o texto aponta-nos as causas. baseados em quê chegamos a conclusão: "As principais causas de infecção são: parceiros múltiplos, e em simultâneo, o inicio precoce de relações sexuais por parte de adolescentes." ?

Anonymous said...

Bom meu caro Haid Mondlane, a sua questão e pertinente, mas quanto as principais causas de infecção pelo HIV não foi invenção minha baseei-me nas conclusões do CNCS e da FDC, e se esta lembrado ou se assiste o programa + jovem, lembro-me que estava la, num dos programas, uma representante da FDC que referiu sobre estes factores e dai seguiu uma ampla discussão, e pelo que sei desta organização só tira conclusões baseados em estudo de CAP, e eu tive a oportunidade de participar num deles.

Anonymous said...

Artigo interessante Francisco, uma perguntinha: Fruta estragada significa? Sao todos os outros ou voce se inclui nela? Debate animado e sempre interessante experimentemos entretanto colocar algumas perguntas: Jovens mocambicanos consomem mais alcool que jovens de que pais? Fazem menos testes que jovens de que pais? Envolvem-se com varios parceiros do que jovens de que pais? Curioso reparar nas falas aqui, ate parece que todos fizeram teste e usam preservativo de forma correcta e consistente. Isso nao comeca contigo mas, comigo! Emidio Gune

Anonymous said...

Alo.

caro Francisco, infelizmente ultimamente não tenho acompanhado o + Jovem. daí não ter acesso aos passos que aquelas Intituições deram para chegar às conclusões que chegaram.

Emidio, gostei das tua questões parece-me que seja um caminho que provavelmente nos conduzirá a análises mais profundas.

em minha opinião existe um conjunto de factores que não se resume apenas ao consumo de alcool ou por se ter jovens com "pouca moral"

Anonymous said...

Caro Emídio Gune a expressão "fruta estragada" e usada aqui por analogia a uma mentalidade e pratica que para mim e perversa e perigosa no contexto do HIV/SIDA. Agora se eu pessoalmente me incluo nela, pode ser que não, porque estou consciente dos riscos das minhas atitudes, pode ser que não tivesse previsto as consequências das minhas palavras. Mas o objectivo principal de usar esta expressão e chamar atenção as pessoas para aquilo que pensam e fazem "em termos sexuais". Em relação ao consumo de álcool, não pretendi comparar jovens moçambicanos com de um outro pais e chegando a conclusão que nos consumimos mais, e nem acredito que o álcool esta por detrás desses altos níveis de infecção. O álcool para esses jovens representa apenas uma desculpa para não usar preservativo, não como causa em si. Em relação ao teste de HIV, ainda não sei se chegou a hora de fazer, justamente porque ainda não consegui fazer parte do clube de jovens "que vivem a vida irresponsavelmente".

Anonymous said...

Francisco, obrigado pela clarificação sobre a fruta estragada. Exclui-se do clube de jovens "que vivem a vida irresponsavelmente"...talvez facilite se disser qual acha ser o seu clube. Uma das péssimas publicidas, para mim, é uma que se resume a 'prevenção do HIV começa contigo', ou seja é problema dos outros e não meu! O que chama viver irresponsavelmente? Do pouco que sei, a única forma para termos a certeza de não estarmos infectados é nunca termos sido submetidos a tratamentos invasivos (perfurativos ou cortantes) com materiais infectados (está difícil termos essa certeza), termos usado o preservativo de forma correcta (bem e nunca ter rebentado durante o acto) e consistente (sempre) desde o inicio de nossas relações sexuais (inclui sexo oral e anal), ou termos certeza (que só o teste dá) que nossos parceiros não estavam infectados. Emidio Gune

Anonymous said...

Bom Emídio, não exclui acidentes de percurso como bem exemplificas,nem ignoro outras formas de contaminação, mas sei que existem formas de fazer e pensar que nos possa, de algum modo, prevenir de qualquer mal, inclusive do HIV,por exemplo "uma vida religiosa levada a serio" no sentido weberiano, como fazem a maioria muçulmanos, e testemunhas de Jeová e exemplo de uma vida responsável.

Ora, dizer que todos nos estamos afectados pelo HIV e uma forma de confortar-nos uns aos outros do facto de qualquer um poder ser infectado, um dia. Acontece que o que eu trouxe a baila para discussão tinha deixado bem claro, que pretendo falar de infecções via sexual, reconhecendo existir outras formas, como a mais frequente e a mais difícil de controlar, porque trata-se na minha opinião da parte da vida social onde a "irracionalidade" e que domina. Dai onde entra a irresponsabilidade, "fazer coisas sem pensar nas consequências". Ok, tudo bem o erro e humano, se eu só humano também erro. Mas não podemos errar só porque somos humanos. E preciso orientar-mos as nossas acções no sentido de procurando evitar o máximo possível os erros e o acaso. Onde e que esta a outra característica, para alem da emoção, que nos distancia dos outros animais (a racionalidade)? E preciso não perdermos de vista que somos Homens e precisamos culturalmente vigiarmos as nossas acções, e não deixarmos que o acaso nos oriente. O facto de me excluir do grupo de jovens que "vivem a vida irresponsavelmente", não e uma decisão fácil de tomar, pois a "vida boa" ela e tão sedutora que ate "homens de ciência" já caíram nas suas malhas, mas e um principio para aceitar a ideia de que a mudança já e. Como dizia um grande escritor que, o que nos devemos fazer não e mudar de vida, mas sim mudar a vida! Utópico não e?

Anonymous said...

Caro Francisco, e de que valeria a vida se sem utopia? Um dos meu grandes receios é que ao enfatizarmos a dimensão da irresponsabilidade ignoramos uma série de factores que transcendem as boas intenções do individuo. E parece-me que enquanto no campo sexual possa parecer mais fácil chamar irresponsável quem fica infectado por essa via (como sabemos qual foi a via?) as outras dimensões ficam bem mais complexas. Até uma próxima oportunidade, muito prazer em conversar consigo, falando partilhamos olhares deste mundo que sendo um é plural. Emídio Gune

Anonymous said...

Ainda a proposito de numeros e risco, acabo de receber isto http://www.scidev.net/en/science-communication/practical-guides/communicating-statistics-and-risk.html#X3F76BE331B789BBB2E46F21536B3CE71
que decide partilhar. Emidio Gune

Anonymous said...

Ate a próxima, também foi um prazer! Obrigado pela proposta de partilha de informação.

Patricio Langa said...

Quando o Francisco pediu-me para publicar este texto não pude imaginar que fosse dar tanto pano para manga.
Bom debate amigos.
Abraço

Anonymous said...

Oi Emidio Gune, gostei de ver sua forma de analise a esta problematica de HIV/SIDA e principalmente a este texto de Carvalho. Acho que nao é momento de julgar as pessoas pelos seus comportamentos, mas sim de encontrarmos uma resposta correcta. e colocaria uma questao: se as pessoas se comportam desta forma,o que faremos para mudar tais atitudes?

Anonymous said...

Caro Madeira,a melhor pergunta a colocar não e se o que e que faremos para mudar tais atitudes, mas sim saber se realmente estas pessoas estão interessadas em mudar de atitudes? Mostram algum comprometimento para mudança? Por acaso estas pessoas estão conscientes de que estão a errar nalgum momento? Pessoalmente não acredito. Não se pode mudar sem ter a consciência do erro. Algumas tem uma inclinação para mudanças que acomodam os seus interesses e vontades. A mudança de atitudes não e tão simples assim como imaginas. Também não me surpreende muito a sua posição em relação ao meu colega Gune, pois, a historia da ciência e da filosofia mostra que as primeiras ideias são sempre as mais criticadas e os contemporâneos tem tendências a se identificar com os críticos e não com os que inventaram as primeiras ideias (exemplos não faltam na sociologia - Durkheim, Marx, etc... Quanto a julgamento de comportamentos de pessoas de "irresponsáveis" e "fruta estragada", e sempre uma forma de chamar atenção as pessoas quando já foram usadas outros "atenuantes linguísticos" que não surtiram efeito. Ja agora para Madeira seria bom se disséssemos as pessoas "coitadinhos eles nem sabem o fazem", "perdoem a eles, eles são assim: gostam de ter múltiplos parceiros, gostam fazer sexo sem camisinha, e a natureza deles que fazer!...Desculpa pela ironia

Anonymous said...

O que seria da vida sem ironia Francisco. Quanto ao que 'devemos fazer' penso que tem muitas coisas que ainda nao percebemos e precisamos percebe-las enquanto vamos fazendo o que estamos a fazer para controlar o 'problema'. Queremos mudar comportamentos, sabemos como eles sao moldados, sabemos o que os inspira a manterem-se com estao? E que parece-me que so se pode 'implodir um predio' com sucesso se soubermos onde estao os seus pilares centrais, nao me parece que seja o caso da nossa sexualidade. Parece-me que ficamos muito pelo jargao moralista e eminentemente religioso num Estado laico.

Anonymous said...

O que seria da vida sem ironia Francisco. Quanto ao que 'devemos fazer' penso que tem muitas coisas que ainda nao percebemos e precisamos percebe-las enquanto vamos fazendo o que estamos a fazer para controlar o 'problema'. Queremos mudar comportamentos, sabemos como eles sao moldados, sabemos o que os inspira a manterem-se com estao? E que parece-me que so se pode 'implodir um predio' com sucesso se soubermos onde estao os seus pilares centrais, nao me parece que seja o caso da nossa sexualidade. Parece-me que ficamos muito pelo jargao moralista e eminentemente religioso num Estado laico. Emidio Gune