Tuesday, May 20, 2008

Afro-phobia!

SAY NO to 'Afrophobia'!
Xenofobia, Criminalidade, Apatia e teorias 4x4!

quanto maiores forem as dificuldades de vida dos Sul-Africanos, mais eles tenderão a projectar nos estrangeiros a responsabilidade do que lhes acontece” (Carlos Serra).


Xenofobia

Os ataques a estrangeiros, e não só, continuam na ordem do dia, aqui, na Àfrica do Sul. A violência vai se alastrando de bairro em bairro, numa lógica que mal se compreende ainda. As teórias de ‘intervenção rápida’ apressam-se a sugerir que as errupções de violência ocorrem nos bairros mais ‘pobres’ por causa da pobreza. Todavia, isso não explica nada! A primeira afirmação é simplesmente uma constatação. É nos subúrbios ‘pobres’ onde se encontra a maior parte dos ‘refugiados’. Sendo estes o protótipo do estrangeiro não haveria como não ser lá onde ocorrem mais ataques. Segunda explicação é bastante, problemática, porque associa essa ocorrência com as ‘dificuldades de vida dos’ sul-africanos. Dependendo daquilo que se considerar “dificuldades de vida” A frica do Sul em 1994 estava muito piores que o que está hoje. Por outras palavras, a vida do Sul-Africano 'pobre' melhorou significativamente nos últimos 10 anos. No entanto, não se registou na história recente da RSA ataques com a dimensão dos actuais contra presumiveis ‘estrangeiros’! Em menos de uma semana já se registaram pelo menos 25 mortes e um número indeterminado de feridos e desalojados. Pode até existir uma associação entre a pobreza e a violência xenofoba, mas longe estabelecer o tipo de hipótese que sugere que a primeira tende a suscitar a segunda. Se assim fosse, lá onde existem pessoas ‘mais pobres’ nenhum estrangeiro se aproximaria. Aliás há muita gente ‘pobre’ que não está enveredar pela violência. Esses o que são? Alienados? Conformados?

Criminalidade e Apatia

As autoridades sul-Africanas sobestimaram, provavelmente, os sinais que anunciavam a violência que hoje se assiste e a eclodir em vários pontos das principais cidades do país com destaque para a capital económica Johanesburg. Digo que ouve sob-estima porque já havia sinais deste tipo de ocorrência há algum tempo. No ano passado, por exemplo, mais de 40 indivíduos de origem Somali foram mortos em Cape-Town. Essas mortes ocorreram em suburbios, sim, mas não existe uma relação de causalidade entre uma coisa e a outra. O facto de existir uma correlação entre locais com maiores níveis incidência de pobreza com os ‘locais do crime’ não significa que há uma relação de causalidade. Não são os pauperimos que estão a matar os estrangeiros. A maior parte dos cidadãos Sul-Africanos ‘pobres’ não está a enveredar por actos criminosos, como é encendiar casas, violar mulheres e crianças. Os estrangeiros assim como a pobreza são apenas bodes-expiatórios. Os primeiros para produzir vítimas, a segunda para justificar actos criminosos!
ATT:Reparem para a expressão facial do polícia no meio. O que parece?

7 comments:

Nelson said...

Deixa-me começar pelo fim, a expressão facial do polícia no meio. Parece sim, parece que num leve sorriso ou até mesmo riso aberto, ele se diverte da desgraça do homem em chamas. Mas parece apenas, não temos como estar certo porque por experiência sei que o fumo em seus olhos poderia produzir uma expressão facial que se confundisse com um sorriso.
Indo ao principio concordo que seja problemático relacionar a onda de xenofobia à pobreza especialmente se apenas se tomar como base o facto de estar a ocorrer nos subúrbios.Teorias de ‘intervenção rápida’. Sempre peca quem queira analisar fenómenos sociais poupando os factores. Há quase sempre um sem números de factores associados quando se trata de fenómenos sociais. Há-de ser por isso que sempre neguei que os nossos linchamentos aqui dentro fosse apenas justificados pela inoperância da policia. Há-de ser por isso que considero complicada essa arte de vocês ilustres sociólogos.

“Dependendo daquilo que se considerar “dificuldades de vida” A África do Sul em 1994 estava muito pior que o que está hoje. Por outras palavras, a vida do Sul-Africano 'pobre' melhorou significativamente nos últimos 10 anos. No entanto, não se registou na história recente da RSA ataques com a dimensão dos actuais contra presumíveis ‘estrangeiros’”

Consideremos então pobreza, como “dificuldades de vida”, pode ser que realmente a situação de pobreza estivesse bem pior lá em 1994, mas será que a situação(quantidade) dos estrangeiros comparativamente também o era(pior)?
Parece que novo cometemos o erro de pouparmos os factores, compararmos a pobreza de 1994 com a de hoje e não olharmos comparativamente para o fluxo de estrangeiros.
Oque acho que não consigo negar é que o pobre se torna mais pobre quando mais pobres entram no sistema isso pode até ser mais um erro de interpretação mas inegavelmente se disputam recursos já escassos e há quem descarregaria toda culpa ao pobre que chegou na última instância.

Patricio Langa said...

Caro Nelson.
Penso que têm razão. Há mesmo um certo reducionismo na análise deste fenómeno. Concordo com a sua sugestão de que há parcimónia de factores. Quanto aos números de estrangeiros. Repare, Nelson, que a entrada de estrangeiros na RSA é secular. A xenofobia têm, provavelmente, a mesma idade. No entanto, se recuarmos apenas até ao período do apartheid notará que as condições para este tipo de errupções eram bastante limitadas. Obviamente, que a abertura política depois de 1994 fez aumentar, consideravelmente, a fluxo de africanos, e não só, para a RSA. É para isso que o governo sul-africano mal se preparou. Achou-se que a utópica fantasia da filosofia Ubuntu (eu sou por tu és) ia resolver problemas da sociabilidade entre estranhos. Só por que são, aparentemente, da mesma cor. Antes de sermos africanos somos índivíduos. Existe um problema de sociabilidade e de coesão social que se achava que vai ser resolvido pela idílica ideia de os africanos são por natureza solidários. Nós, africanos, somos tão indivídualistas quanto qualquer outro povo que vive no tipo de sociedades actuais com tendência a individualização. Não são, como se faz crêr, os cerca de 3000 Zimbabueanos que fogem hoje da crise política no seu país que constituem o problema. Tembisa é um bairro, históricamente, habitado por ex-refugiados Moçambicanos tendo hoje, muitos, a nacionalidade Sul-Africana. Eu próprio tenho metade da famíla moçambicana e a outra metade (meu avó materno e seus filhos) Sul-Africana. Tembisa foi alvo desses ataques onde mais de 300 Sul-Africanos Moçambicanos tiveram que se refugiar na esquadra. Há mais imigrantes sim, mas será mesmo esse o problema? É que aqui todas as categorias de “emigrantes” africanos é rotulada de Makwerekwere”, refugiados, trabalhadores das minas, pessoas que buscam asilo político, imigrantes legais etc. PS: Não sou eu quem diz que as condições dos “pobres” ‘melhoraram’ nos últimos são vários relatórios de pesquisas feitas por várias universidades. Nem sequer foi o estado que afirma isto. São os próprios Sul-africanos atraves desses estudos!

Jonathan McCharty said...

Vou comentar apenas em relacao a imagem! Esta' mais do que obvio que o policia do meio se diverte com a cena! O sorriso esta estampado na sua face!
Esquecamos o policia do meio! Olhem para o da direita! O tipo esta' praticamente a "alhear-se" da situacao! Acho que essa imagem pode nos dar uma imagem de quao tenebrosa e ate' que ponto essa situacao esta' enraizada na sociedade sul-africana! Fiquei assustado de verdade!

Anonymous said...

Em relação a imagem devo confessar que partilho totalmente com a ideia do Nelson, mas também ficam alguns receios quanto a actuação da polícia e também da sociedade Sul-africana na contenção da situação. Vamos imaginar uma situação diferente, em que os moçambicanos estivessem a queimar ou a matar e destruir casas dos Sul-africanos? Que expressão facial poderíamos ter dos policiais ou ainda que comportamento teriam a sociedade sul-africana? Há um detalhe do Jonathan que me parece interessante de rever na imagem. O professor Carlos Serra junta umas imagens interessantes sobre a situação no seu blog. De seguida um breve comentário da situação.

O mundial de futebol de 2010 para além de será uma futura festa do futebol precipitou uma situação diferente de deportação dos estrangeiros ilegais do território Sul-africano (antes de avançar, queria fazer alusão a uma situação que se aproxima a esta, como foi o caso da cimeira da União Africana que proporcionou a construção de murros de vedação para impedir que casas e palhotas próximas do aeroporto internacional não estivessem visíveis durante a sua realização.

O paralelismo que se tenta estabelecer entre esta simplesmente ligado ao evento e suas respectivas consequências. Ora vejamos, se por um lado conseguimos antes da cimeira da U.A e da atribuição da organização da copa do mundo, conviver com casas e pessoas pobres desses bairros não seria menos verdade que o governo Sul-africano tentava fazer a gestão os estrangeiros ilegais! Referi num dos meus comentários sobre este assunto, que a percepção e o discurso que estão em volta dos estrangeiros e o problema da deportação, associados comportamento e formas de actuação da policia Sul-africana podem estar bem visíveis aos demais e, isto pode até certo ponto oferecer alicerces para a disseminação da violência sobre os estrangeiros.

Os actos xenófobos manifestados em violência praticada contra pessoas estrangeiras podem constituir uma grande machadada para a (des) integração regional e também um elemento para uma reflexão seria e aturada sobre os modelos de integração a seguir. Esperemos que isso aconteça e que também incluam nessas reflexões pessoas que realmente vivem ou viverão a integração, ou seja, aqueles indivíduos anónimos desde o cidadão mais pacato até aqueles que assinam os acordos, para não cairmos numa “integração automática”. Será que a violência praticada pode constituir uma resposta a (des) integração regional e se for realmente o que esta acontecer que repercussão isso poderá ter no futuro? (Isso ajudaria-nos a compreender que não estamos a integrar chefes de Estado amigos ou países que a priori são vizinhos! Mas também pessoas!).

A posição que a Africa do Sul ocupa no panorama económico africano é um elemento a ter em conta na compreensão deste problema, daí que, deve-se tomar cautelas quando falamos da integração regional olhando apenas para oportunidades económicas e sem antes ter em conta receios e anseios dos cidadãos dos países abrangidos. Nesse dias tem ganhado relevo a ideia do regresso pelo menos dos moçambicanos, devemos também nesse aspecto ter em conta os problemas que isso pode acarretar no futuro senão compreendermos o real problema, pois seria interessante compreender qual é a percepção que os Sul-africanos que cometem a violência tem ou terão no futuro em torno do regresso “pós-actos de violência” dos estrangeiros, e que lições aprenderam eles com isto. Com o regresso dos estrangeiros não estariam a legitimar acções do género no futuro? E uma chicotada psicologica para estrangeiros

Até agora pelo menos o que se têm dito ou ouvido é a posição dos que cometem a violência, estes segundo o que lemos alegam que os estrangeiros roubam-lhes tudo e que também são os responsáveis pelos males que acontecem, quanto a isso ocorre-me muitas dúvidas. Quanto a mim seria interessante captar a percepção dos estrangeiros violentados sobre o que motiva os Sul-africanos, claro não todos a cometer a violência. Em relação a violência cometida temos que ter em conta que ela ira proporcionar para além da dor, efeitos psicológicos, custos financeiros, perdas humanas, etc., uma serie de traumas e provavelmente terão impacto na (des) integração regional.

O discurso das autoridades governamentais moçambicanas tem sido focalizado em torno do regresso dos nacionais, pelo menos até ontem, onde avançavam simplesmente para questões logísticas. Uma pergunta importante que se pode fazer é a seguinte: O que é que o regresso dos moçambicanos ao território nacional compete como responsabilidade das lideranças nacionais? Ou melhor, que acompanhamento os nacionais necessitam para além das viaturas que os transportarão a Moçambique?

Prometo elaborar sobre xenofobia e violência nos próximos textos
Abraços
Rildo Rafael

Patricio Langa said...

Bom, Jonathan.
A imagem é isso mesmo imagem! Talvez um períto em espressão facial é nos podia dizer se se trata ou não de sorriso. No entanto, a apatia, a indiferença da polícia, da migração pelo menos no início dos tumultos era notória. Quando as pessoas se refugiavam na esquadra, ao invés de acolhidas era presas para deportação. Há três semanas, portanto, antes da eclosão dos ataques tive uma estudante, aqui, Malawiana quase deportada por causa da negligência e indiferença da migração em renovar o seu visto de estudante (study permit). Há muito polícia xenofobo por ai, a começar pelo ministro da segurança (safe and security)!

Jonathan McCharty said...

Como que a corrobarar as minhas "suspeitas" a CNN mostrou ontem uma peca, em que os policias apenas estavam a passear em redor de uma vitima ferida e deixaram que ele morresse ali sem qualquer tipo de ajuda! Parece que a situacao e' muito mais grave do que meros pobres a reclamar por emprego!

Anonymous said...

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