Saturday, November 1, 2008

Conhecer e classificar [3, Fim].


O retorno do professor de sociologia”.

Numa série bastante instrutiva, no Diário de um Sociólogo, reconheço o retorno do professor de sociologia que conheci. Reconheço ali o autor de um clássico da sociologia em Moçambique “combates pela mentalidade sociológica”. Reconheço um escritor exímio. Reconheço aquele que nos ensinou a desconfiar das “verdades simples”, um demolidor de lugares comuns – isso mesmo, haaaa do senso comum! Reparem para a natureza da crítica social do texto e o valor analítico da prosa. Ali não há ironia – maligna – há tentativa de compreensão. Ali não há apelo precipitado à revolução, há um profundo exercício de busca de inteligibilidade do social a partir de coisas aparentemente “banais”. A beleza! Ali não se emula determinismos apriorísticos, dêsconstrói-se o determinismo social naturalizado. Ali, não há proposições aforismáticas – há hipóteses. Ali não há eruditismo, há formulação de perguntas simples, mas profundas para “descascar os gomos” da complexa laranja que é a realidade social. Ali eu reconheço, sim, um verdadeiro professor de sociologia! Está, na série, apresentado um “ponto de vista sociológico”, construtivista. Os essencialistas poderiam partir do “ponto de vista” de que a beleza é natural e pronto! Aprender sociologia é saber usar essas lentes (perspectivas) consciente das suas limitações epistemológicas. Parabéns professor pelo retorno, não deixe morrer o sociólogo que habita em si, pelo político que quer consertar o mundo. Não há ponto, Arquimediano, seguro que não seja politicamente comprometido, mas há a modéstia da sociologia. Com a modésta – inutilidade – da sociologia também podemos contribuir para um mundo “melhor”. Fazendo-o mais inteligivel.

Estudantes do social leiam que vale a pena,

3 comments:

Yndongah said...

Patricio,
Confesso que quando iniciaste esta série fiquei um pouco apreensiva, devido aos comentários insultuosos a que foste alvo no passado.

Desta vez foi diferente, aos poucos vou notando que te fazes perceber.Parabéns pela persistência, espero continues , vejo que as cerimonias para acompanhar o “xicuembo xa mudliwa que eish teima em voltar” estão a surtir efeito.

Bom fim de semana

Patricio Langa said...

Cara Yndongah
Obrigado por passares por aqui e deixares o teu comentário.
água mole...!
Abraço

Júlio Mutisse said...

Sem querer ser pessimista, desde o tempo do Langa ou Mutisse de que há memória que as cerimónias para AFASTAR o “xicuembo xato” se sucedem... mas eish, uma/duas gerações depois o xicuembo VOLTA, ou porque a cerimónia foi mal feita, ou porque se deu pouco MC ao...

Mas pelo menos essas cerimónias tem um mérito: durante algum tempo há paz na linhagem heheheheh.

Todos aprendemos dos espaços de debate que se criam (entre eles a blogosfera) e é saudável quando verificamos na tanta água suja que deitamos pelo cano abaixo, não jogamos o bebé junto e que este está limpinho e saudável. Há melhor?