Wednesday, April 29, 2009

Azagaismo

O azagaismo é uma espécie de doença nervosa que se caracteriza pela vontade de criticar. É uma neurose que provoca uma eclipse da razão nas pessoas afectadas devido a presença de altos níveis de vontade de criticar. A vontade de criticar (de preferência aos governos), tal como a ‘Vondade de Poder’ em Nietzsche, não é somente a essencia que define os neuróticos do azagaismo, mas uma necessidade. O azagaismo caracteriza-se pela vã glória de criticar. Quando atacados por essa neurose as pessoas perdem seu senso crítico e a capacidade de distinguir entre insultos e crítica, acção política e análise política, hipocrisia e integridade intelectual. Este texto vai dar conta da manifestação da vontade de criticar salientando a caracteristica da hipocrisia.

Vou para tal socorrer-me de algumas passagens de um texto sobre a hipocrisia escrito pelo mais criativo e imaginativo sociólogo Moçambicano da actualidade. Não me importa aqui que alguns disputem este facto. Estou por ser convencido, e com provas, que temos alguém a pensar o país, na perspectiva dessa disciplina, melhor que Elísio Macamo. Nas suas análises sobre a nossa constituição societal é dos poucos que tem estado a resistir ao ambiente infectado pelo azagaismo. Contra todas as adversidades de uma esfera pública pobre no que tange a competência no debate de ideias, Macamo tenta debater sociologizando a nossa realidade. Num dos seus vários textos, que tenho tido o previlégio de ler e de comentar, algumas vezes, antes que venham ao público, escreveu sobre um comportamento que me parece peculiar em alguns de nós, académicos. A maneira como domesticamos esse comportamento define o grau da nossa integridade intelectual. Bom, já dei tanta volta e, ainda não entrei no essencial. Falo, caros leitores, da hipocrisia.

Antes de dizer o que considero hipocrita as palavras de Macamo parecem-me apropriadas para expôr o que penso. Macamo começa o seu texto assim:

Nós as pessoas somos animais muito complicados. Se não fosse esse o caso, muitos de nós cientistas sociais não tinhamos nenhuma razão de existir. [...]O facto da nossa existência depender da natureza complicada das pessoas não significa necessáriamente que nós, os ciêntistas sociais, tenhamos um interesse especial em que as pessoas sejam mesmo complicadas. Na verdade, uma vez que a nossa ocupação consiste basicamente em explicar essa natureza complicada contribuímos, ainda que desajeitadamente, para o seu fim".

Algumas vezes, diria eu à Macamo, talves fosse proveitoso arriscarmos a profissão do que constatar o quão complicado é o comportamento dos nossos próprios colegas, por sinal, mais consagrados. Aqueles que deviam ser o exemplo da resistência ao azagaismo promovem-no. Bom, podia se dizer que o seu trabalho é o de tornar inteligíveis os comportamentos complicados dos outros e não, necessáriamente, de não se tornarem eles próprios animais complicados. Afinal, fazemos parte do todo que tentamos compreender.

Macamo prossegue:

Perceber as pessoas pode ser, contudo, perigoso. Há coisas que se calhar ficam melhor não esclarecidas. Mais concretamente: há comportamentos que seria melhor deixar assim tão impenetráveis à nossa compreensão como parecem ser. “Muitas vezes, o que atribuímos à complicação da natureza humana pertence ao reino do estúpido”, assereva Macamo.

O texto de que vos falo cita um reuro-cientista que recusa a existência da estupidez. “Se cada cérebro desenvolve a sua conectividade para as tarefas que seu dono quer realizar, como se pode dizer que existe estupidez? Se bem que esta última possa ser uma manifestação da vontade de criticar, ainda não é para aí que quero apontar. Voltemos a hipocrisia.

Retomo Macamo. Para ele, hipocrisia é própria das pessoas e se manifesta quando fingimos termos virtudes e moral que, na verdade, não temos. Concordo que a hipocrisia parece das coisas que nos fazem complicados, ainda que não me parece que seja da nossa natureza. A vontdade de criticar, azagaisticamente, faz-nos hipocritas. Escolhemos ser hipócritas para julgar e justificar. Julgamos as acções dos outros e justificamos as nossas. Hipócritas usam critérios de forma inconsistente. Quando lhes convém prestam bastante atenção ao método e a lógica. Quando não lhes convém fazem precisamente o contrário.

Estou a chegar ao fim, é altura de tornar as coisas ainda mais claras para os que ainda não me perceberam. Ontem, na minha habitual revista da imprensa nacional, que inclui a blogosfera, deparei-me com esta postagem aqui. Há coisas, ainda que pareçam pequenas, que não deixo passar. Não consigo entender, além de achar isso resultado de uma mente complicada, como alguém pode confundir popularidade com razão. Ainda que fosse um zé-ninguém. Por que contas de águas, um sociólogo CONsagrado, iria confundir popularidade com razão e lógica? Digamos que Azagaia, que veste a pele do músico Edson da Luz, se tenha tornado mais popular dentro e fora do país. Tornou-se? Em que proporção? Ainda que tenha isso, é o que menos importa aqui. Por si, a popularidade, coloca-o do lado da razão, no quen tange conteúdo problemático de suas letras? Felizmente a razão não é popular, como a demagogia. Minorias podem ter razão, mesmo que para a maioria isso não seja conveniente. Qual é a diferença entre uma multidão linchadora e Azagaia?

Eu sou daquelas pessoas que acha algumas letras de Azagaia são de pouca imanigação crítica. Um artísta não precisa ser mal educado e insultar directamente as pessoas ou entidades para ser crítico social. Escutem Jeremias Ngoenha, escutem Roberto Chitsondzo, escutem Rosalia Mboa, escutem Xidiminguana, para citar apenas os da nossa casa, e aí aprederam que criticar - mesmo quando é ao governo - não é sinónomo de insultar. “As verdades da mentira” e o “Poder do povo” duas das letras mais populares do músico de criativo têm apenas as rimas o resto são insultos directos a governantes com base em insinuações. Repito. Insultar não é criticar. Insinuar muito menos. Não vejo como isso pode ser celebrado como crítica social. Existe um distancia enorme entre insulto e crítica social. Mostrar isso à Azagaia não é querer destruí-lo, como sugere o CONsagrado, pelo contrário, é valorizar o trabalho do músico que se pretende crítico social, mas que para tal ainda têm muito que fazer. Iludí-lo é dizê-lo que porque cada vez mais popular, dentro e fora do país, está em posse da razão. Se eu não tivesse criticado a letra “ as verdades da mentira” teria o CONsagrado se preoupado em dar uma mãozinha nas letras que se seguiram? Há males que vem para bem. A hipocrisia não é um deles. Para terminar permitam-me ser mais maldoso ainda e dizer que há gente que sofre de azagaismo.

24 comments:

Unknown said...

Muito bem Patrício Langa, ninguém está autorizado a ofender os outros nem mesmo o governo. Porém é impossível uma convivêcia social sem conflito enquanto a natureza promove condições para que o Homem desenvolva sentimentos de vaidade, inveja, emulação e poder. Portanto, o "azagaismo" e o "sociologismo" circundão em redor destes elementos. abraços

Anonymous said...

Edson da Luz não imaginava que ao escolher o nome artístico Azagaia estava a tornar-se nisso mesmo: uma arma de aremeço subtil e sabiamente manipulada por aqueles que o escrevem as letras e o idolatrizam em todo o lado, por aqueles que gostariam de dizer o que o Azagaia diz mas não podem fazer pelas suas bocas pois não fica bem...

O Azagaia não sobreviverá sem esses, da mesma forma que a RENAMO e o PDD que foram tão emulados como ele, agoram são ostracizados e estão condenados a favor de um movimento que, se quer, nasça hoje e ganhe o poder amanhã, constituido a volta da figura de um homem que, tarde ou cedo, de tanta adoração, acabará se confundindo com o tal partido revitalizando o que hoje se critica de Afonso Dhlakama.

Para mim, este Azagaia de hoje em dia, é uma farsa, um joguetinho nas mãos de alguns. Como eu já supunha, ele não escreve as letras sozinho... saber-se-á com que CONsagrado.

Martin de Sousa Mondlane (não consigo postar com o mu email e/ou blog)

Patricio Langa said...

Caro Martins de Sousa.
Fetichismo têm um pouco disse: o produtor não se reconhece no seu produto, muito menos o valor de uso. O cantor personificou a lança e está foi instrumentalizada por políticos que passam por académicos.
abraço

Patricio Langa said...

Caro Chacate.
Obrigado por passares por aqui e deixar o seu comentário. Não digo mais por recear não o ter entendido. Conflito e sociologismo na minha cabeça têm várias sentidos.
Abraço

Anonymous said...

Caro Patrício, porquê entendes facilmente Obed (político) e não entendes Chacate (neste caso imparcial)? Não será que estás a fazer também política como acusas os outros?

Nelson said...

Azagaia de novo. Esse “miúdo” não sai da boca do povo caramba!

Patricio Langa said...
This comment has been removed by the author.
Patricio Langa said...

Caro anónimo.

Obrigado por aqui passar e deixar o seu ponto de vista.
Se bem me apercebi, Obed não comenta nesta postagem.
Só dei conta de dois comentários: Chacate e Martins de Sousa.
Talvez se tivesse aqui o comentário do Obed podereria entender o seu ponto.
Assim, como não percebi o comentário do Chacate pelas razões que mencionei, não percebo o seu por insuficiência de informação.
Abraço

Ximbitane said...

Quem é o CONsagrado? E porque merece maisculas nas 3 primeiras letras? Serao iniciais de seu nome ou as tantas de um partido, ONG, etc? Desculpem-me mas estou a leste disso para poder perceber sua mao(in)magica nesse affair com a "lança".

Nelson said...

“Quem é o CONsagrado? E porque merece maisculas nas 3 primeiras letras? Serao iniciais de seu nome ou as tantas de um partido, ONG, etc? Desculpem-me mas estou a leste disso para poder perceber sua mao(in)magica nesse affair com a "lança".”

Mana Ximbitane, sei que o autor do post podera te dar resposta melhor mas lendo o trecho “Ontem, na minha habitual revista da imprensa nacional, que inclui a blogosfera, deparei-me com esta postagem aqui. Há coisas, ainda que pareçam pequenas, que não deixo passar. Não consigo entender, além de achar isso resultado de uma mente complicada, como alguém pode confundir popularidade com razão. Ainda que fosse um zé-ninguém. Por que contas de águas, um sociólogo CONsagrado, iria confundir popularidade com razão e lógica?” e seguindo o link que nos é sugerido eu não tenho dúvida nenhuma que o CONsagrado é o Dr. Carlos Serra. Oque não sei é porque merece maísculas nas 3 primeiras letras. Não sei quem o CONsagrou, quando como e porque o consagraram.
Mas tem algo que não sei de vez mana e que me preocupa. Porque é que o Azagaia mexe com os Sociólogos? Porque é que há sociologos que “batem com o pé” que os “insultos” que ele canta são “crítica social”. Não sabem oque é crítica social ou é por que querem que seja crítica social? Porque é que há sociologos que igualmente “batem com o pé” que oque Azagaia canta não tem nada de crítica social. No fim do dia quero saber oque anda na cabeça desses sociologo que já andam ás brigas como os jornalistas. Sei lá... Deixa para lá Ximbitane

Anonymous said...

OoOoPpSs

Do mesmo modo que se pode pensar que o azagaia e' um brinquedo nas maos de alguns politicos, tb se pode pensar que alguns Sociologos se interessam tanto pelo miudo por incomodar a cores politicas de eleicao dos tais sociologos!
Enfim... estamos todos metidos no mesmo saco!

Anonymous said...

Sinceramente, é preciso ser se muito tolerante na anàlise da mensagem do Azagaia para tê-lo como um critico social. Para mim, se o Azagaia analisa muito bem o assunto de que canta, entäo presumo que näo-o sobra tempo de analisar o que escreve, pois, està cheio de paradoxos.
Nem me vou dar o tempo de apontar alguns exemplos, à cada um de descobrir.

Atençäo que as suas letras näo estäo vazias da realidade que se vive em Moçambique. E como é uma realidade nociva à maioria, cai-se no abismo de näo anàlise da coerência do que ele escreve/canta.
Longe de mim a intensäo de que o Azagaia näo devia cantar, eu defendo é que se deva dar o direito de expressäo à quem ache o discurso do Azagaia näo reunidor das condiçöes intelectuais suficientes para o seu aplauso.
Existe muita gente com uma capacidade de anàlise que termina a onde começa o discurso do Azagaia, assim, ninguém devia se encomodar com a menoria, da qual claramente faço parte, de manifestar o que sente.

Apoiemos a liberdade de expressäo.

Consciente dos meus problemas na maneira correcta da grafia de lingua portuguesa, nunca publicaria um livro, sem antes o fazer passar por alguém capaz de o sanar de todas as doenças de lingua que possa padecer


Justo

Ximbitane said...

Hmmm, por distraçao nem cliquei no tal link. Mas se dizes que o CONsagrado é o sociologo referido que hei-de eu dizer? Ainda estou curiosa com essa do CON!!!

Nao creio ser proibido alguém escrever letras de musica para outrém, até eu estou num projecto semelhante com um cantor da praça. Ainda assim, acho chato se a intenção é manipular a mente dos moçambicanos.

Bem ou mal, alguns factos sao verdadeiros. Se é critica social ou nao, a minha modesta mente não se esforça para chegar a isso. Quem nao tem cao, caça com gato!

Patricio Langa said...

Caros amigos e leitores deste espaço. Aprecio o vosso debate aqui. É o que justifica este espaço. Estou há alguns dias em Kampala, Uganda, visitando a Universidade de Makerere. A internet por aqui é camaleónica na velocidade. Permitam-me apenas responder a xibi... num ponto o resto o Nelson se encarregou. « CON-sagrado » é um deturpação propositada da grafia da palavra (consagrado). Resulta de um debate anterior, não posso precisar a data, no qual um jornalista da praça (consagrado) se referia a minha pessoa como alguém que queria “aparecer”. Isso surgiu na sequência do debate sobre as letras de Azagaia. Depois de um texto cujo título era “Criticos dos críticos”, da autória do Sociologo Carlos Serra, no qual eu e Elísio Macamo eramos literalmente os visados escrevi uma réplica inspirada na crítica de Marx aos irmãos Bauer num debate sobre a ideologia alemã ( não tenho vagar para explicar aqui com detalhes sobre o debate). O título de Marx era “A sagrada família: critica da critica critica”. O meu texto na altura levou o título a « Con-sagrada familia …” ! Seria preciso retomar a esse debate para entender de onde tudo começou.
Abraço com o calor de kampala.

RILDO RAFAEL said...

Boa
Patricio artigo interessante. Continuemos na mesma linha afinal.
parece que ressuscitaram de novo o morto e pretendemos enterrar mas a cabeca desta vez ficou destapada.

Lembro de texto seu para Santos um Jornalista da praca. Se a memoria nao me trai o titulo "A Consagrada Familia: critica contra critico dos criticos ou auto procamadores da verdade? como bem referiste recuperaste o texto do Kar Marx na sua replica aos irmaos Bauers tmbem disciplos de Hegel como Marx.

Mas no meu comentario escrevi um texto tambem recupeando o debate entre Phoudhom e Marx. O primeiro escreveu um livro criticando as ideias de de Marx com o titulo "Filosofia da Miseria" e Marx reagiu escrevendo uma obra contra o primeiro com o titulo "Miseria da Filosofia"

Recuperando este sentido ironico de Marx nos escritos escrevi um artigo e postei no seu bolog nos comentarios com o titulo: "Critica da Miseria ou Miseria da Critica: Por uma Ciencia Social nao inimiga da Critica" um texto que pode ajudar a participarmos no debate se acharmos que a neutralidade apenas diz respeito a nos e a subjectividade aos outros.

Pois seremos sempre subjectivos ate que possam provar o contrario prla nossa condicao humana mas isto nao impele que haja um esforco para tal neutralidade axiologica proposta por Weber, da qual o mesmo nem sempre a obedeceu quando se referia a Prussia. Quanto ao que tratas de:

O azagaismo como uma "espécie de doença nervosa que se caracteriza pela vontade de criticar. É uma neurose que provoca uma eclipse da razão nas pessoas afectadas devido a presença de altos níveis de vontade de criticar. A vontade de criticar (de preferência aos governos)" (Patricio Langa)

So para contraria Patricio eu vou me socorrer na sua imaginacao sociologica na acepcao do Sociologo americano C. Wright Mills, para tentar definir um outro espirito que quanto a mim deveriamos tal como Azagaismo dar a tal cobertura nos bloggs. Esse espirito chama-se

McRogerismo seria uma espécie de doença nao nervosa que se apresenta marcadamente pela vontade de nao criticar. É uma neurose que provoca uma eclipse sem razão nas pessoas afectadas devido a presença de baixos níveis de vontade de criticar. A vontade de nao criticar mas apenas de engrachar (de preferência aos governos) e figuras da praca, e por vezes dizem banalidades que induzem a comportamentos atipicos.

Estes apresentam temas e assuntos interessantes como exemplo, apenas mencionarei alguns, porque a praca anda repleta desta gente

(Mocambique Iluminado do Rovuma ao Maputo, Mocambique nota 10, patrao e Patrao, Da-lhe no mambo da-lhe, o tal orgulhosamente mocambicano, imagem do pais alem fronteira, onde come um come dois, onde come tres come quatro... vs HIV-SIDA)


O que mais me preucupa e a corrida que se faz para arranjar as fontes de inspiracao das letras destes. Muitos sociologos da praca podem ser falsamente acusados. nao acredito que alguem escreva a letra do Patrao e Patrao, pode ser da cabeca dele afinal, Porque pensamos nos que alguem mediatiza o Azagaia. Quem escreve as letras do Azagaia afinal e porque? O que prova que nao e Azagaia que escreve, mesmo apos a sua intervencao sobre a letra As verdades da Mentiras. tu dizes nesta citacao que:

"Eu sou daquelas pessoas que acha algumas letras de Azagaia são de pouca imanigação crítica. Um artísta não precisa ser mal educado e insultar directamente as pessoas ou entidades para ser crítico social. Escutem Jeremias Ngoenha, escutem Roberto Chitsondzo, escutem Rosalia Mboa, escutem Xidiminguana, para citar apenas os da nossa casa, e aí aprederam que criticar - mesmo quando é ao governo" (Patrcio Langa) Ate que ponto as ditas cujas... constituem critica social. Que tema especifico que te referes. O que critica? Qual a diferenca com os temas abordados pelo Azagaia?

Bom trabalho ai
Cumprimentos em
RILDO RAFAEL

Anonymous said...

Patrício,
Eu gosto de ler o que escreve porque julgo ser um bom intérprete dos nossos tempos, mas alguns textos seus deixam-me estarrecido pela incrível contradição que transportam. Você luta bravamente contra a hipocrisia e o uso de rótulos mas farta-se de dizer que há um sociólogo CONsagrado. Não é isso rotulagem? E o que disse o professor E. Macamo sobre isso? Talvez venha a pronunciar-se ainda, embora não tenha obrigação de o fazer. Estou apenas a apelar à coerência, algo que considero importante para todas as pessoas, mas que o é ainda mais para pessoas como o Patrício que intervêm com frequência no debate de temas de interesse público.
Eu concordo consigo quando fala da incompetência de algumas (ou mesmo muitas pessoas) para intervir na esfera pública. Aceito e até tenho assistido a isso, ou seja, a reacções que raiam à zanga por parte de intelectuais que se habituaram a não ser interpelados no que dizem. Mas um dos argumentos do seu texto mostra, precisamente, que ainda antes de denunciar a incompetência dos outros (neste caso, do CONsagrado) podia entreter-se a resolver o problema da sua própria incompetência.
Atenção que não há pejo nem sarcasmo no uso do termo “incompetência”.
Cumprimentos
Joao Gabriel

Anonymous said...

Caro João Gabriel, não concordo com a sua sugestão de que para criticar a produção intelectual de alguém, temos antes que ter a certeza de que nós próprios somos perfeitos. Pelo menos é o que concluo que quer dizer quando sugere que o Patrício deva tratar antes das suas incompetências.

Há áreas em que o Patrício é incmpetente? Com certeza que sim. Haverá alguém que seja competente em tudo? Isso, no entanto, não desqualifica este sociólogo, dos melhores que a nossa terra produziu, de intervir no debate de ideias.

Concordo consigo quanto aos rótulos. Poder-se-ia dizer que, neste caso, Patrício rotulou. Mas também, um debate apenas cerebral, racional, sem uma pontinha de emoção seria insonso e nenhum de nós o seguiria com atenção. Para mim rótulos não insultuosos, aqueles que não diminuem o oponente, não tenho nada com eles. Um pouco de sarcasmo, de ironia, de verve... adiciona sal às discussões na nossa esfera público.

É deste modo que sempre se debateu no mundo inteiro. Vá-se ver os acalorados debates de Eça de Queiróz com Bulhão Pato, com Camilo Castelo Branco, com Craveiro Lopes... São duros, irónicos, sarcásticos, mas correctos, com muita elevação e dignidade.

Obed L. Khan

Anonymous said...

Caro Obed L. Khan
Obrigado pela interpelação.
Receio não me ter feito entender o suficiente.
Não sugeri que se tenha de ser perfeito para intervir na esfera pública (e nem creio que alguém com razoável noção do que é um debate de ideias o possa sugerir).Por outro lado, não me perece que haja sinonímia entre perfeição e competência, como Obed L. Khan tenta mostrar.
Ao esgrimir o conceito de competência fi-lo do ponto de vista fenomenológico, e creio que o autor deste blogue assim o tenha percebido. A competência social (e não técnico-científica ou intelectual), que é o que me parece estar em jogo quando se fala de rotulagem, assenta na capacidade de perceber e negociar as regras do jogo do quotidiano. O debate de ideias tem regras, explícitas ou implícitas, que devem ser obedecidas para que ele se realize. A rotulagem não é saudável para o debate de ideias, daí que P. Langa muito bem a denuncia. Mas quando a sua denúncia é invectiva volta-se à estaca zero, à estaca da rotulagem. Sofistica-se a mesma arma da rotulagem e é usada contra o rotulador. É a essa (in)capacidade de objectivar as regras do debate de ideias que designo (in)competência social.
Curiosamente, sou fervoroso adepto da chamada escrita criativa, aquela artística, que, com frequência, recorre a figuras estilísticas como o sarcasmo e a ironia. Penso ser isso saudável. Aliais, uma das características mais desencantadoras, pelo menos para mim, na moderna narrativa científica é o rigor cartesiano que, curiosamente e por necessidade de objectivação, está no âmago desta forma de conhecimento.
Melhores cumprimentos
João Gabriel

Elísio Macamo said...

caro joao gabriel, concordo consigo que a rotulagem é um problema, venha ela de onde vier. ela distrai-nos, no mínimo, do essencial. o patrício explica num dos seus comentários o contexto em que esse rótulo surgiu e penso que essa explicaçao coloca a expressao "consagrado" no âmbito daquilo que o obed khan considera ser o sal e a pimenta de um debate. dada, porém, a natureza emocional dos debates que temos vindo a fazer nao aconselharia o patrício a fazer uso deste tipo de pimenta e sal. eu próprio usei numa das minhas postagens a expressao "blogue dos blogues" para me referir ao blogue "diário de um sociólogo" e alguém, em privado, chamou-me atençao. arrependi-me de ter feito isso. mas a esfera pública é isto mesmo. nenhum de nós tem o monopólio da correcçao, probidade e integridade. o importante é nao deixarmos que isso nos distraia do que é essencial. e o essencial está nos méritos das questoes. cumprimentos

Anonymous said...

Caro amigo,

Não tive muito tempo para apreciar com exaustão o teu blogue, penso que precisaria de uns meses para o fazer, dada a dimensão das ricas informações nele contido. Por agora gostaria de lamentar um facto: o país está a produzir muitos académicos, mas não encontramos a solução de parte dos problemas que nos enferma. Qual é a sua apreciação perante a este facto? As nossas universidades é que não servem ou temos estudantes do tempo de "crise", que eu costumo dizer estudante com problemas estomacal. O que é o meu caro amigo tem a dizer? Tantos engenheiros, mas o país tem falta de obras de qualidade, enfim!!!
Sacatépuè.
viriato_caetano_dias@yahoo.com.br

Rildo Rafael said...

Caro. Elisio
Os seus comentarios sao interessantes. Analises de nenhum homem devem ser imperiais ou entao deixara de ser homem do mundo. Como muito bem diz uma passagem do blog do Bayano valy (Palavra de nenhum homem e final). Este debate traz a tona um texto de Agostinho Neto com o titulo "A Quitandeira" e numas das passagens ha um verso que diz o seguinte "A quitandeira que vende fruta vende-se" O intelectual que nao pretende expor seus pensamentos ou ideias, que ache que tem o monopolio da razao, este deve se manter distante dos debates.

Bom dia de trabalho
Rildo Rafael

Anonymous said...

Caro Elísio.
É precisamente contra isso que protesto! Ainda bem que percebeu-me.
A medida do sal e da pimenta pode ser suficiente para quem deita na panela, mas para quem consome pode ser um exagero. E sabendo todos nós que intervimos na esfera pública que a tensão arterial anda muito alta por estas alturas, talvez fosse bom sermos comedidos na administração do tal sal e da tal pimenta...
Bem, não nos distraiamos do essencial, concentremo-nos no mérito da questões, como sugere o Elísio.
João Gabriel

oakleyses said...

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oakleyses said...

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