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O homem que advoga que "caju maduro caí por si" vai ter que abanar a árvore dos processos imperados se quiser empreender alguma mudança significativa no seu novo pelouro. Juiz Paulino é “bom”, muitos assim pensam, mesmo os indivíduos mais leigos em matéria jurídica. O seu capital simbólico (prestígio) atingiu patamares bem elevados. Ter prestígio e popularidade nas circunstancias em que as teve o Juiz Paulino será critério suficiente para se achar um “bom” procurador? Aqui colocasse mais uma vez a questão levantada pelo sociólogo Elísio Macamo que impera a qualidade de debate na nossa esfera pública. Contentamo-nos debatendo conclusões. O que faz o “bom” do Juiz Paulino ser “bom”? O sucesso mediático? A calma que resvala da sua recatada personalidade? Não nos chateemos discutindo isso! Critérios para quê?Esta nem me parece ser uma atitude premeditada, mas intuitiva. O que é pior! A verdade é que um dia vamos ter mesmo que pensar melhor nos critérios. Por exemplo na prerrogativa presidencial de nomear indivíduos para cargos públicos de esferas distintas do poder executivo e de instituições que pela sua natureza deviam ser autónomas.
A mudança de Madeira para Paulino parece-me cosmética. É verdade que Madeira estava perplexo e pouco sabia o que fazer naquele pelouro. O seu último informe na Assembleia da Republica é disso um exemplo flagrante. No entanto, mesmo considerando o lado individual da questão, maior relevo penso que se deveria dar as condições estruturais em que operam os procuradores. E quando falo em condições estruturais refiro-me por exemplo a relação entre o campo ou poder judicial e o campo ou poder político enquanto espaços sociais que deviam (estou a ser normativo) por principio ser relativamente autónomos. A condição necessária, no meu entender, mas não suficiente para um “bom” desempenho de qualquer procurador seria a possibilidade de trabalhar num campo relativamente autónomo em relação aos outros poderes. Não me parece que isto esteja a acontecer. Um exemplo dessa falta de autonomia radica da própria prerrogativa que o presidente da republica tem de nomear o procurador. Porque é que isto tem que ser assim? Algum constitucionalista ou jurista pode ajudar-me a entender isso? (Ilídio Macia). Que assim fosse no regime político que se instalou logo após a independência e antes do Acordo Geral Paz (1992) até poderia entender. Faz sentido hoje? A mesma questão que há tempos coloquei, e não fui o único, em relação aos reitores das universidades públicas. Como é que colocamos um indivíduo a assumir cargos e a desempenhar funções públicas sem saber o que dele esperar e sem ele saber o que se espera dele? Aposto que tal como o reitor da UEM, e da UP, o Juiz Paulino não sabia que ia ser nomeado para desempenhar a função de procurador. E se sabia foi consultado nas vésperas! Mas como impera a norma de que não se recusam tarefas do partido, aí está, vai aceitar. Estou a arriscar-me demais nesta especulação, mas com forte convicção de que este tem sido o “modus operandi”. Gostava que me contrariassem, com bons argumentos claro! A manter-se a mesma lógica, não vejo na nomeação do Juiz Paulino nada mais além de uma mudança cosmética. A seguir teremos o discurso dilatório do tipo: Deixem o Juiz Paulino trabalhar. Deixem-no conhecer a casa. Deixem-no conhecer os dossiers. Não seria suposto que como critério se tivesse seleccionado por concurso público alguém que demostrasse conhecer os a casa, os dossiers, os problemas e que sugerisse uma solução que alguma entidade competente julga-se adequada? Enfim, estas são apenas breves notas, doxologia, sobre a recente mudança na PGR.
10 comments:
Boas questões. Pena é que ninguém se recorda de perguntar ao Presidente da República porquê nomeou tal fulano, para este ou aquele cargo. Assim ficávamos a saber um pouco do racional que leva o PR a demitir este e nomear aqueloutro.
É isso Bayano, faz-se porque sempre se fez assim!
Não importa as implicações do que se faz, importa é dizer que se fez algo.
E o País vai assim mesmo, de mesmice, de mudanças que não são mudanças porque não mudam o essencial(a natureza e a relação de poder). Mudanças cosméticas.
Caro Patrício, boa postagem esta.Repare que a nomeação do Procurador Geral da República pelo P.R, quanto a mim, pode não constituir problema. Imagine que caro patrício seja nomeado hoje para o cargo de PGR, acha que o facto de o acto de nomeação pertencer ao P.R vai prejudicar inquestionavelmente a sua actividade? Deixe-me só visitar um pouco o direito comparado: A alínea m) do artigo 133 da Constituição portuguesa, estabelece o seguinte e cito: Compete ao Presidente da República nomear e exonerar, sob proposta do Governo, o presidente do Tribunal de Contas e o Procurador-Geral da República. Não obstante,em Portugal a Procuradoria Geral funciona de forma independente. Veja onde chegou o "caso da casa pia" Aquilo revela o nível de independência do Ministério Público em relação ao executivo! Provavelmente alguém dirá que estou a comparar realidades distintas. Repare que pode suceder que o PGR seja indicado pelo Conselho Superior da Magistratura do Ministério Público( existindo, claro), mas o cenário continuar assim como está...
I.M
Obrigado pela nota que fazes.
Realmente, a quest�o vai para al�m da simples prerrogativa do P.R nomear o PGR. Usei isso apenas como um exemplo. Devo talvez devo introduzir um outro elemento aqui que d� mais substancia, e talvez clareza, a ideia de autonomia relativa. Esse elemento diz respeito ao estabelecimento de regras (institucionais) claras que permitem tornar mais previs�vel as escolhas de pessoas que v�o desempenhar cargos p�blicos. Do jeito que as coisas est�o hoje ficasse com a impress�o de que o P.R nomeia algu�m apenas porque a vaga existe. N�o h� nada, para al�m da ideia vaga de que o procurador deve ser procurador. No nosso caso deve ser procurador para resolver casos pendentes, imperados, por causa duma m�o invis�vel dos tubar�es do crime que est�o infiltrados at� aos goelas do Estado. Esta � uma vis�o que conforta a nossa esfera p�blica pelo seu fraco n�vel de problematiza�o de quest�es como a corrup�o, crime organizado e por ai fora. N�o h� nada que nos oriente na escolha do perfil ideal de procurador al�m da ideia de que ele deva denunciar essas pessoas, nem que para isso tenha que trair a confian�a do colegas do partido. Para qu� colocar um PGR se j� sabemos de antem�o que ele n�o vai fazer nada porque encurralado pelas teias partid�rias. Coloca-se, assim, a partida o PGR numa situa�o vulner�vel. Pois seu desempenho ser� julgado em fun�o das expectativas que a esfera p�blica tem em rela�o aos tais casos imperados. Essas coisas todas remetem-nos para aspectos ligados a compet�ncia t�cnica (especializada) de �reas especificas do sistema judici�rio para a qual o P.R, nem os seus assessores, tem obriga�o de conhecer. Assim tornam-se, quanto mim, incompetente para nomear algu�m seja qual for o crit�rio que adopte. Libertar-se dessa prerrogativa ajudaria, no meu entender, indirectamente a que se devolvesse a PGR a responsabilidade de se definir pelas suas pr�prias fun�es e n�o pela expectativa externa que se faz dela. Alias, vive-se sempre com a inc�gnita de quem ser� o pr�ximo por isso. O sup�rfluo tornou-se essencial. O mais importante seria saber em que condi�es institucionais essa pessoa iria trabalhar. Quais s�o as atribui�es e tarefas dum e da PGR. N�o h� assim ningu�m melhor do que os pr�prios membros dos diferentes �rg�os dos sistema judici�rio para identificarem essa pessoa. Isso n�o s� dota o sistema (campo) de maior autonomia, como intensifica os processos democr�tico. N�o sei de me fiz entender ou compliquei ainda mais.
Excelente frase esta e é da sua autoria: "Não há nada, para além da ideia vaga de que o procurador deve ser procurador."Excelente. Caro patrício, o seu comentário é bastante esclarecedor. Obrigado.
patrício, acho que identificas bem o problema: não são as pessoas. são as estruturas. o contexto dentro do qual se trabalha torna as pessoas más. só o debate mais amplo das questões que levantas é que pode garantir que os bons não fiquem maus. mais uma vez estamos perante um caso claro da importância que a esfera pública tem.
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