Reproduzo na íntegra esta notícia que retirei do caderno cultural Jornal Noticiais desta semana. O Sindroma da Preguecite Aguda (SPA) diagnosticada pelo nosso chefe de estado durante a sua última presidência aberta parece atingir mais grupos sociais para além dos nossos concidadãos das zonas rurais exortados pelo chefe do estado a descansar de descansar.Para Gimo os músicos da “nova” geração não buscam as suas raízes por mera preguiça. Mais um aliado de Mucavele. Gostaria de saber como se interpreta o facto de um músico com trinta anos de carreira interpretar em todos os seus concertos, incansavelmente, a mesma composição.É criativo e trabalhador? No meu entender há espaço para tudo e todos. Eu curto um Salimo Muhamad assim como curto um Mucavele, curto um Djimmi Dludlu assim como curto uma sinfonia, embalo-me numa timbilada dos timbila Muzimba ou de Zavala assim como no som de um bom órgão de John Legend ou Steve Wonder. Há espaço para todos!
MÚSICA - Faz-se muita música preguiçosa em Moçambique - Gimo Remane, radicado na Dinamarca, é pela valorização de ritmos nacionais
GIMO Mendes Remane é um artista moçambicano radicado na Dinamarca, para onde se deslocou há precisamente 16 anos. Foi o fundador, nos anos 1980, do Eyuphuru, grupo que conquistou desde logo a simpatia de muitos amantes da música a nível nacional bem como pelo mundo (tem o marco histórico de ter sido a primeira banda moçambicana a gravar um CD). Sempre que pode, Remane vem a Moçambique, dividindo a estadia entre a capital Maputo e a sua terra natal, a Ilha de Moçambique. Aprecia, de longe e de perto, o evoluir do país, incluindo na música, sua maior paixão. E quanto à esta, mostra-se crítico sobretudo por, segundo afirmou em entrevista recente ao “Notícias”, a maioria dos jovens, que na sua opinião “deviam ser os continuadores e os renovadores da moçambicanidade”, deixarem muito a desejar. Por um simples facto: ao invés de se mostrarem criativos, dada a vastidão de ritmos de que esta nação é rica, “sempre optam pela via fácil, privilegiando a tecla do computador ao invés de revolucionar o que de bom existe no norte, centro e sul”.
GIMO Mendes Remane é um artista moçambicano radicado na Dinamarca, para onde se deslocou há precisamente 16 anos. Foi o fundador, nos anos 1980, do Eyuphuru, grupo que conquistou desde logo a simpatia de muitos amantes da música a nível nacional bem como pelo mundo (tem o marco histórico de ter sido a primeira banda moçambicana a gravar um CD). Sempre que pode, Remane vem a Moçambique, dividindo a estadia entre a capital Maputo e a sua terra natal, a Ilha de Moçambique. Aprecia, de longe e de perto, o evoluir do país, incluindo na música, sua maior paixão. E quanto à esta, mostra-se crítico sobretudo por, segundo afirmou em entrevista recente ao “Notícias”, a maioria dos jovens, que na sua opinião “deviam ser os continuadores e os renovadores da moçambicanidade”, deixarem muito a desejar. Por um simples facto: ao invés de se mostrarem criativos, dada a vastidão de ritmos de que esta nação é rica, “sempre optam pela via fácil, privilegiando a tecla do computador ao invés de revolucionar o que de bom existe no norte, centro e sul”.
Maputo, Quarta-Feira, 1 de Agosto de 2007:: Notícias
O ex-Eyuphuro faz esta constatação a partir do que ouve na maior tempo de antena dos vários canais radiofónicos de Maputo. Na sua opinião, grande parte dessa música espelha uma certa apatia da nova vaga de músicos em investigar ou mesmo recriar o património rítmico moçambicano. “Não tenho nada contra ninguém que compra um computador e programar os sons que o japonês fez para começar a cantar. Aliás muitos nem cantam, só falam com uma certa musicalidade. O que não aprecio é isso estar a passar como identidade musical moçambicana, porque não é”, desabafou.
A crítica de Gimo Remane não pára por aí, na medida em que os artistas catalogados como da nova geração “nem têm culpa no que estão a fazer, porque dominam o computador e têm uma curiosidade em cantar”. Ataca todo um sistema, desde as editoras medias e os promotores de música. “Gostaria de pedir à Rádio Moçambique, que é um canal público, para que se destaque na promoção da música que verdadeiramente identifica e promove Moçambique. Já provou que é capaz de fazer isso porque no passado assim foi. Os promotores de espectáculo também têm a sua quota parte, porque eles também podem muito bem ganhar se promoverem os artistas jovens e de outras gerações”.
O nosso entrevistado faz questão de dizer que não se interessa em conhecer os fazedores da música que critica, preferindo referenciar aqueles que, na sua opinião, “sabem valorizar a cultura moçambicana”. “Não interessa se tocam marrabenta ou os estilos do centro ou norte do país, porque não sou a favor de hoje em dia tocarmos como tocaram os nossos avós ou os nossos pais. Mas se as pessoas tiverem a entrega criativa de artistas como Jimmy Dludlu, Moreira, José Manuel, Djaaka e muitos outros que hoje aparecem ofuscados pelas nossas rádios e promotores de espectáculo”.
A viver na Dinamarca desde1991, Gimo Mendes Remane produziu e editou este ano o seu primeiro disco a solo, “Luz”, que junta oito temas cantados em português e macua, a sua língua materna. Sobre a obra e o porquê de ficar tanto tempo sem ir a estúdio, o artista explica: “às vezes precisamos de dar vários passos para chegarmos a um passo grande. Nem sempre somar discos é uma boa forma de estar na carreira. Prefiro mais o espectáculo que a entrada para o estúdio”.
O moçambicano trabalha na Dinamarca com um grupo que junta dez elementos, a Gimo Mendes Band. O disco que com eles fez é, para si, “o resultado dos meus anos de vivência lá. A minha filosofia na música é que ela deve ser mistura de arte e comunicação. E comunicação não significa ter recados ou algo a dizer à sociedade, mas sim expressar-me através daquilo que sei bem fazer”.
“Concretamente, abordo a minha experiência dinamarquesa e a nossa vida cultural em Moçambique. Penso que neste momento, em que a globalização é algo que vem com uma força muito maior à que imaginámos no passado, Moçambique tem muita cultura para identificar-se e impor-se no mundo. É necessário que isso seja percebido o mais rapidamente possível. Ficarei muito triste se, por acaso, num dia, num canal de televisão ou mesmo num fórum internacional, aquela música ou aquele vazio rítmico a que muitos jovens aspirantes a músicos se dedicam fossem rotulados de estilos moçambicanos. Isso não tem nada de identitário”, aponta.
Falando da sua experiência neste aspecto, o artista aconselha os mais jovens a tentarem, no máximo, serem originais. “Sempre lutei para me valorizar a mim a partir da minha cultura. Há muita coisa boa que se esses jovens não fossem preguiçosos podiam seguir. Eles não são aculturados, mas estão-se a aculturar, na medida em que deixam os estilos que identificam as suas tradições para se basearem apenas nos sons que os japoneses programaram para o computador”, repisa, acrescentando que “o músico tem que ser criativo e a criatividade não é simplesmente adicionar voz ao que uma tecla do computador já faz”.
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