Outras tarefas académicas não me têm permetido postar há algum tempo. Esta situação poderá durar por mais algum tempo. No entanto não resisti postar esta notícia retirada do Jornal Notícias de hoje por duas razões: A primeira razão prende-se com o facto de que passados alguns dias não poderemos ter acesso, pelo menos On-line, a notícia por razões arquivisticas do Notícias. A segunda é porque agora não disponho de tempo para um comentário mais elaborado. Ficarei por este curto, para felecidade daqueles que detestam os meus textos longos, mas mesmo assim os lêem. Encontramo-nos lá abaixo depois de lerem a Notícia. Até lá!
Consultorias privadas estão a lesar a UEM - segundo Reitor Filipe Couto, que toma medidas correctivas.
O USO abusivo dos meios da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) por parte de alguns docentes e quadros superiores para trabalhos de consultoria privada e com elevados ganhos levou a que o Reitor Filipe Couto se insurgisse e ordenasse um trabalho cerrado de identificação dos promotores, com vista à tomada de medidas correctivas. Muitos deles ocupam-se pouco das suas funções dentro da maior e mais antiga instituição de ensino superior no país, transferindo grande parte do seu saber para trabalhos de consultoria, usando instalações e equipamento da UEM.
Maputo, Quarta-Feira, 17 de Outubro de 2007:: Notícias
Falando ao “Notícias”, Filipe Couto explicou que, para além de constituir infracção, a atitude está a criar um mau-estar no seio dos quadros, uma vez que uns acabam realizando o trabalho dos outros, que se vão tornando em verdadeiros consultores, enqriquecendo com o sacrifício dos colegas. Igualmente, segundo ele, alguns ficam menos tempo do que o previsto dentro da UEM, porque têm quatro, cinco ou mais compromissos com outras instituições.
Dentre os meios usados abusivamente, o nosso interlocutor indicou os gabinetes, computadores, telefones, faxes, viaturas, energia e até trabalhos de investigação produzidos por estudantes ou assistentes.
Mostrou-se insatisfeito com o facto de alguns directores e chefes de departamentos estarem a par de algumas irregularidades, mas nada fazerem para as corrigir, facto que se traduz na delapidação dos bens do Estado. Para ele, os meios, entre os quais dinheiro que a instituição produz e recebe como donativo, só lograrão os efeitos desejados quando este tipo de pensamento mudar, passando todos os responsáveis a trabalhar e corresponder à confiança que neles foi depositada.
Num outro desenvolvimento, explicou que, embora seja uma medida que não agrada a muitos, desde já todas as viagens para fora do país, sobretudo Europa e América, devem ser bem fundamentadas. Segundo ele, só serão autorizadas aquelas que se mostrarem produtivas, em termos de resultados práticos, para a vida da UEM.“Não basta viajar. Deve-se explicar o porquê da viagem. Que resultados práticos ganharemos com isso? Que relevâmcia tem um quadro viajar para o Japão, em detrimento da Tanzania, país com quem partilhamos o mesmo lago (Niassa), com os mesmos problemas? É preciso justificar as razões pelas quais declina realizar trabalhos de investigação que possam ajudar os camponeses de Cuamba a melhorar a produção agrícola e no lugar disso viajar para a Inglaterra”, disse. [FIM]
A caça as Bruxas!
O reitor da UEM está tocar numa questão interessante, pelo menos, para mim. As consultorias. É um assunto sobre o qual tenho estado a reflectir há já algum tempo. Em 2004, enquanto docente do ISCTEM convidei o sociólogo Elisio Macamo para proferir uma palestra sobre o assunto para uma vasta audiência onde se incluiam os meus estudantes de Ciências Sociais. Por irónia do destino muitos deles hoje são consultores! Na sua comunicação Macamo alertava para o perigo que as consultorias podem representar para as Ciencias Sociais, caso seus praticantes não tomassem certas precauções com as questões teórico-metodológicas. Em outras palavras "anunciava-se a morte das Ciências Sociais em Moçambique vítimas das consultorias" caso os pesquisadores relegassem as questões teórico-metodologicas na negociação dos termos da consultoria assim como o que fazer com os resultados dessas pesquisas. Devo frisar que este é o meu entendimento da comunicação e não propriamente a transcrição do argumento do orador. As consultorias, no meu entender - no contexto actual da nossa sociedade onde para tudo se requer um estudo, principalmente solicitadados e pagos pela "industria de desenvovimento" - constituem uma possibilidade real de produção de conhecimento, fora da academia, sobre a nossa realidade social. É verdade que é um conhecimento condicionado pelos termos de referência, mas é conhecimento. Ademais, qual é o conhecimento que não é social e teóricamente condicionado?
O desafio, quanto a mim, é fazer esse conhecimento retornar a academia. Retornar a academia em forma de relatórios de pesquisa cujos procedimentos metodologicos e resultados são passiveis de serem criticamente debatidos em fóruns académicos apropriados (seminários de pesquisa, colóquios, simpósios etc). É possivél juntar o útil ao agradável. Ganhar dinheiro e depois de respondidos os termos de referência usar esse mesmo material para outros fins mais académicos. Isso é possivel num contexto institucional claro, onde haja definição e cumprimento das regras. A caça as bruxas não me parece ser a solução. Assim como acabar com os “Turbo Professores” parace-me resultar de uma má formulação do problema. Infezlimente, parece que o reitor está a querer seguir pela mesma linha do seu antigo assessorado que quer “Acabar com os Professores Turbos”.
É que as consultorias não me parecem ser o problema que se diz ser. O que não quer dizer que não possam constituir um problema. Mas que problema? Não me parece que os que fazem consultorias delapidam recursos de Estado/ da Universidade como se diz, pelo contrário alguns até trazem esses recursos para a Universidade. Melhor, até pode ser que haja quem use realmente os recursos da universidade para fazer consultorias externas individuais, mas em que medida esse constitui o principal problema das consultórias? Aqui, na verdade estamos todos a especular. Ninguem sabe quanto é gasto/ delapidado em termos de tempo, recursos matériais, infrastruturas físicas ao serviço das consultorias externas. Assim como ninguém sabe o que ganha a universidade com os seus docentes vivendo um pouco melhor graças as consultorias, dando aulas um pouco bem dispostos graças as consultorias, pagando as contas atrasadas, graças as consultorias, tendo dinheiro para pesquisa, sem entrar nos esquemas do Fundo Aberto, graças as consultorias etc. Ninguém sabe! Era preciso uma consultória para se produzir esse conhecimento. Se o reitor me pagar, eu posso fazer essa consultoria. De outra maneira estará só a especular! Os cães ladrãm e ....!
O problema, mais uma vez, é o contexto institucional em que as consultórias acontecem. Não há regras, e quando há não são claras e por isso ninguém as cumpre. Eu próprio já fiz consultorias das quais 20% do valor reverteu a favor da própria faculdade ( isto se o chefe não tiver mamado o taco). Estudantes meus tiveram a oportunidade de fazer trabalhos práticos graças a esse valor da consultoria. Tiveram oportunidade que de outra maneira, contando com os tais recursos de que se fala, jamais teriam tido.
O desafio, quanto a mim, é fazer esse conhecimento retornar a academia. Retornar a academia em forma de relatórios de pesquisa cujos procedimentos metodologicos e resultados são passiveis de serem criticamente debatidos em fóruns académicos apropriados (seminários de pesquisa, colóquios, simpósios etc). É possivél juntar o útil ao agradável. Ganhar dinheiro e depois de respondidos os termos de referência usar esse mesmo material para outros fins mais académicos. Isso é possivel num contexto institucional claro, onde haja definição e cumprimento das regras. A caça as bruxas não me parece ser a solução. Assim como acabar com os “Turbo Professores” parace-me resultar de uma má formulação do problema. Infezlimente, parece que o reitor está a querer seguir pela mesma linha do seu antigo assessorado que quer “Acabar com os Professores Turbos”.
É que as consultorias não me parecem ser o problema que se diz ser. O que não quer dizer que não possam constituir um problema. Mas que problema? Não me parece que os que fazem consultorias delapidam recursos de Estado/ da Universidade como se diz, pelo contrário alguns até trazem esses recursos para a Universidade. Melhor, até pode ser que haja quem use realmente os recursos da universidade para fazer consultorias externas individuais, mas em que medida esse constitui o principal problema das consultórias? Aqui, na verdade estamos todos a especular. Ninguem sabe quanto é gasto/ delapidado em termos de tempo, recursos matériais, infrastruturas físicas ao serviço das consultorias externas. Assim como ninguém sabe o que ganha a universidade com os seus docentes vivendo um pouco melhor graças as consultorias, dando aulas um pouco bem dispostos graças as consultorias, pagando as contas atrasadas, graças as consultorias, tendo dinheiro para pesquisa, sem entrar nos esquemas do Fundo Aberto, graças as consultorias etc. Ninguém sabe! Era preciso uma consultória para se produzir esse conhecimento. Se o reitor me pagar, eu posso fazer essa consultoria. De outra maneira estará só a especular! Os cães ladrãm e ....!
O problema, mais uma vez, é o contexto institucional em que as consultórias acontecem. Não há regras, e quando há não são claras e por isso ninguém as cumpre. Eu próprio já fiz consultorias das quais 20% do valor reverteu a favor da própria faculdade ( isto se o chefe não tiver mamado o taco). Estudantes meus tiveram a oportunidade de fazer trabalhos práticos graças a esse valor da consultoria. Tiveram oportunidade que de outra maneira, contando com os tais recursos de que se fala, jamais teriam tido.
Enquanto estudante também beneficiei das oportunidades que os meus professores/consultores criaram para que praticasse o que aprendera teóricamente. Tudo isto não é para dizer que as consultorias não constituem problema, mas para dizer que elas também podem ser solução para outros problemas. Pensar dói, mas vale a pena!
PS:O reitor está a dizer que antes as viagens para o exterior (Europa/Japão) não eram bem fundamentadas? E mesmo assim aconteciam?
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