Os ingleses têm uma expressão interessante para fechar um debate que não chega a um desfeito que satisfaça as partes. “Agree to disagree”, quer dizer acordar em discordar. É a maneira mais elegante (para não dizer educada) de dizer que se pensa diferente e não se quer prolongar o debate. Pode ser também um compasso de espera, ou melhor, uma maneira de dar mais tempo para cada uma das partes investigar mais e vir com razões mais fortes. Assim, penso, evitasse levar o debate de ideias ao nível de discussão. Argumentar, debater ideias, não é discutir. Na discussão não vence a força do melhor argumento. Na discussão acha que vence quem fala mais alto, grita, escreve impropérios, caricatura os outros e não consegue admitir que o outro pode pensar diferente. Pensar diferente não é estar alienado, não se reconhecendo no seu próprio produto. Não é ser de Deus. O debate de ideias é tolerante a ideias diferentes. Podemos debater as diferenças de pensamento. Essas diferenças são passíveis de serem postas a prova. Pensar diferente nem sempre pode ser usado como desculpa para não dar o braço a torcer. Quando isso acontece as condições para um debate construtivo podem estar minadas.
Numa situação ideal de um debate de ideias a expectativa das partes é que uma delas se renda diante dos razões apresentadas. Essa, repito, é uma situação ideal. É possível no debate apresentar razões que levam o nosso interlocutor a mudar as suas posições, ideias e convicções sem necessariamente aderir as nossas. Uns por orgulho ou por outras razões nunca chegam a admitir, pelo menos, publicamente que o seu argumento não é o melhor. Mas falam para os seus botões, pois isso toca-lhes fundo na consciência. Outros há que se rendem as evidências! Repito. Enquanto se buscam melhores razões pode se chegar a um acordo: acordar em discordar!
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