Interrompi, hoje, a série sobre o ‘retorno do conhecimento’, para falar-vos de um problema que se está tornar bicudo, aqui, na Àfrica do Sul. Alguns bairros, de algumas cidades do país, estão em ebolição colérica contra estrangeiros. Falo-vos de xenofobia. Xeno + fobia, literalmente, significa medo de estranhos. A palavra, como podeis notar, é composta por um nome e um adjectivo. O prefixo Xeno que em Grego significa estranho e o adjectivo fobia que significa medo exagerado, normalmente, inexplicável e até ‘ilógico’ de algo ou de alguma situação. Bom, a palavra xenofobia ganhou popularidade e uso quotidiano alargado quando usada para se referir a aversão aos estrangeiros ou ao que estes representam. No imaginário de, alguns de nós, esse fenómeno era comum e específico das sociedades europeias. Da França, Alemanhã, Itália chegavam-nos histórias de ataques físicos violentos, principalmente, a indivíduos de ‘origem’ africana. Engana-se quem pensa(va) que a xenofobia é(era) um problema das sociedades europeias.
Na Àfrica do Sul, hoje, discute se existe ou não uma ‘crise’ xenofoba. O governo recusa-se que se trate de ‘crise’ e prefere dizer que se registam ocorrências de violência contra estrangeiros em pontos isolados. Considera os ataques motivo de preocupação, mas não uma crise uma vez que não se verifica a escala nacional. Que noção de crise! Na verdade o problema é mais bicudo do que o supérfluo debate sobre como qualificar o fenómeno sugere. A gravidade reside nos sinais cada vez mais evidentes de que as autoridades sul-africanas não estão preparadas para lidar com a questão. As declarações do ministro da segurança, ontem a imprensa, após a corrência de mais episódios de violência só revelam essa falta de preparo. Por um lado, o ministro imputa a responsabildade aos governos dos países de onde provém os estrangeiros. Considera que aqueles não criam condições para que seus cidadãos não olhem para Àfrica do sul como uma saida para seus problemas. Por outras palavras, não criam condições para a permanência dos seus cidadãos em seus respectivos países. Por outro lado, o ministro limita-se a lamentar o facto de não poder fazer nada para conter a fúria das pessoas uma vez que a natureza dos ataques não permite identificar os perpetradores. Assim, os seus pronuciamentos públicos limitam-se a apelar aos sul africanos para a necessidade de saberem conviver com os estrangeiros. Só faltou usar a palavra- mágica dos políticos- vamos fazer mais educação cívica.
O epísódio mais recente deu-se, ontem, num dos subúrbios de Johanesburg chamado Alexandria, tendo culminado com morte de pelo menos duas pessoas. Casas foram queimadas, gente espancada e roubada, mulheres violadas e provavelmente outras formas de brutalidade não reportadas. Este ano, no entanto, já se registaram outros casos de violência contra estrangeiros que se carecterizaram por violações sexuais, espancamentos tendo alguns culminado com a morte das vítimas. A palavra de ordem dos ‘locais’, quando entrevistados pela comunicação social, é ‘Makwerekwere go home’! Makwerekwere é a expressão usada, aqui, para se referir a pessoas estrangeiras, principalmente, negros, vindo de outras partes do continente Africano, Zimbabuenos, Moçambicanos, Malawiananos etc. As vítimas vísiveis e “oficiais”- falando politicamente correcto - dos ataques xenófobos são principalmente “refugiados”, mas, efectivamente, a xenofobia é cega na escolha. Houve casos reportados de cidadãos Sul-Africanos mortos por terem sido ‘confundidos’ com os Makwerekwere. Os Makwerekwere, invarialvélmente, são os princípais bodes expiátórios a quem se imputa a responsabilidade pelos ‘males sociais’ – crime, custo devida, violacões sexuais, subida de preço de petróloeo, desemprego – desta sociedade. A questão que se coloca é como se consegue identificar quem é Makewerekwere. Alguns até se questionam porque só se ataca aos negros.
Os ataques aos ‘estrangeiros’ de países africanos parecem ter características similares aos que ocorrem, em Moçambique, no caso dos lichamentos. Ambos ocorrem de súbito. Como metaforicamente descreveu, o sociólogo Carlos Serra, parece um ‘curto-círcuito’. Tirando as situações de queimadas de habitação de estrangeiros, a partir de informação prévia sobre quem lá habita, os ataques ocorrem nas ruas dos bairros suburbanos ( vulgo Townships). Há pouca ou quase nenhuma análise sobre os mecanísmos de identificação das vítimas. Suspeita-se que a aparência física e a lingua funcionam como tal. Por exemplo, as pessoas proveniêntes da zona dos cornos de Àfrica (e.g. Somália, Eritreia, Etiópia) são identificadas a partir das características fenótipicas que se lhes consideram peculiares. No entanto, estes também tendem a constituir pequenos nichos económicos em torno de negócios específicos, ‘chapa’ (taxi); pequeno comércio de produtos alimenticios e de vestuário. Seus estabelicimentos são, portanto, nesse sentido, facilmente identifícaveis. Aos que vêm dos países vizinhos e fronteriços, como Moçambique, Zimbábue, Malawi funciona a lingua como critério de identificação. Basta que a pessoa não saiba falar uma das 11 linguas nacionais ou responder ao comum ‘Siyabona’- forma típica de saudação local- ou o faça com uma entoação considerada estranha para ser catalogado de makwerekwere. Não preciso elaborar sobre o quão problemático e fluído é este critério. Na verdade a coisa funciona um pouco ao um jogo de advinha ou até de conhecimento exacto da vítima. Mas e a lei, como protege aos estrangeiros?
Os Sul-africanos vangloriam-se, quase sempre, quando falam das suas leis, em particular da sua nova constituição, pós apartheid. Consideram-na(s) a(s) mais progressiva(s) lei(s) no mundo. Além dos aspectos cosméticos – como o facto de reconhecer as onze línguas mais faladas como sendo igualmente ofíciais – dizem-se os campeões da garantia dos direitos de minórias, etnico, sexuais, raciais etc. A RSA foi dos primeiros países africanos, se não mesmo o primeiro e único, a reconhecer o casamento – gay – homossexual. O mesmo se diz em relação a leis sobre imigração. No caso especifico de refugiados, a lei Sul Africana não permite a abertura de campos de concentração, como acontece em Moçambique. E talvez, nisso a lei seja progresseiva mesmo pois parte do pressuposto que isso os discriminaria.
Paradoxalmente, a vulnerabilidade dos refugiados, aqui, é de arrepiar. Chegados à Africa do Sul, ilegais, os refugiados devem, imediatamente, requerer esse estatuto no departmento de imigração (Home affairs). O processo pode levar até três meses, apenas para dar entrada. Outros três ou seis meses até que saia o certificado de refugiado. Enquanto isso, a circulação é limitada uma vez que se supreendidos pela polícia sem documentos são presos e depois deportados. A única saída é esconderem-se nos subúrbios, aguardando ansiosamente pela chegada do certificado da sua condição de refugiados. Nos subúrbibios, então, tornam-se completamente vulneráveis aos ataques dos residentes.Vulneráveis porque nem sequer podem recorrer a polícia já que ilegais. O risco de serem deportados caso se dirijam a polícia e de serem linchados caso fiquem a mercê da colerá dos ‘locais’ faz da vida de muitos refugiados um verdadeiro pesadêlo, um infortúnio!
Na Àfrica do Sul, hoje, discute se existe ou não uma ‘crise’ xenofoba. O governo recusa-se que se trate de ‘crise’ e prefere dizer que se registam ocorrências de violência contra estrangeiros em pontos isolados. Considera os ataques motivo de preocupação, mas não uma crise uma vez que não se verifica a escala nacional. Que noção de crise! Na verdade o problema é mais bicudo do que o supérfluo debate sobre como qualificar o fenómeno sugere. A gravidade reside nos sinais cada vez mais evidentes de que as autoridades sul-africanas não estão preparadas para lidar com a questão. As declarações do ministro da segurança, ontem a imprensa, após a corrência de mais episódios de violência só revelam essa falta de preparo. Por um lado, o ministro imputa a responsabildade aos governos dos países de onde provém os estrangeiros. Considera que aqueles não criam condições para que seus cidadãos não olhem para Àfrica do sul como uma saida para seus problemas. Por outras palavras, não criam condições para a permanência dos seus cidadãos em seus respectivos países. Por outro lado, o ministro limita-se a lamentar o facto de não poder fazer nada para conter a fúria das pessoas uma vez que a natureza dos ataques não permite identificar os perpetradores. Assim, os seus pronuciamentos públicos limitam-se a apelar aos sul africanos para a necessidade de saberem conviver com os estrangeiros. Só faltou usar a palavra- mágica dos políticos- vamos fazer mais educação cívica.
O epísódio mais recente deu-se, ontem, num dos subúrbios de Johanesburg chamado Alexandria, tendo culminado com morte de pelo menos duas pessoas. Casas foram queimadas, gente espancada e roubada, mulheres violadas e provavelmente outras formas de brutalidade não reportadas. Este ano, no entanto, já se registaram outros casos de violência contra estrangeiros que se carecterizaram por violações sexuais, espancamentos tendo alguns culminado com a morte das vítimas. A palavra de ordem dos ‘locais’, quando entrevistados pela comunicação social, é ‘Makwerekwere go home’! Makwerekwere é a expressão usada, aqui, para se referir a pessoas estrangeiras, principalmente, negros, vindo de outras partes do continente Africano, Zimbabuenos, Moçambicanos, Malawiananos etc. As vítimas vísiveis e “oficiais”- falando politicamente correcto - dos ataques xenófobos são principalmente “refugiados”, mas, efectivamente, a xenofobia é cega na escolha. Houve casos reportados de cidadãos Sul-Africanos mortos por terem sido ‘confundidos’ com os Makwerekwere. Os Makwerekwere, invarialvélmente, são os princípais bodes expiátórios a quem se imputa a responsabilidade pelos ‘males sociais’ – crime, custo devida, violacões sexuais, subida de preço de petróloeo, desemprego – desta sociedade. A questão que se coloca é como se consegue identificar quem é Makewerekwere. Alguns até se questionam porque só se ataca aos negros.
Os ataques aos ‘estrangeiros’ de países africanos parecem ter características similares aos que ocorrem, em Moçambique, no caso dos lichamentos. Ambos ocorrem de súbito. Como metaforicamente descreveu, o sociólogo Carlos Serra, parece um ‘curto-círcuito’. Tirando as situações de queimadas de habitação de estrangeiros, a partir de informação prévia sobre quem lá habita, os ataques ocorrem nas ruas dos bairros suburbanos ( vulgo Townships). Há pouca ou quase nenhuma análise sobre os mecanísmos de identificação das vítimas. Suspeita-se que a aparência física e a lingua funcionam como tal. Por exemplo, as pessoas proveniêntes da zona dos cornos de Àfrica (e.g. Somália, Eritreia, Etiópia) são identificadas a partir das características fenótipicas que se lhes consideram peculiares. No entanto, estes também tendem a constituir pequenos nichos económicos em torno de negócios específicos, ‘chapa’ (taxi); pequeno comércio de produtos alimenticios e de vestuário. Seus estabelicimentos são, portanto, nesse sentido, facilmente identifícaveis. Aos que vêm dos países vizinhos e fronteriços, como Moçambique, Zimbábue, Malawi funciona a lingua como critério de identificação. Basta que a pessoa não saiba falar uma das 11 linguas nacionais ou responder ao comum ‘Siyabona’- forma típica de saudação local- ou o faça com uma entoação considerada estranha para ser catalogado de makwerekwere. Não preciso elaborar sobre o quão problemático e fluído é este critério. Na verdade a coisa funciona um pouco ao um jogo de advinha ou até de conhecimento exacto da vítima. Mas e a lei, como protege aos estrangeiros?
Os Sul-africanos vangloriam-se, quase sempre, quando falam das suas leis, em particular da sua nova constituição, pós apartheid. Consideram-na(s) a(s) mais progressiva(s) lei(s) no mundo. Além dos aspectos cosméticos – como o facto de reconhecer as onze línguas mais faladas como sendo igualmente ofíciais – dizem-se os campeões da garantia dos direitos de minórias, etnico, sexuais, raciais etc. A RSA foi dos primeiros países africanos, se não mesmo o primeiro e único, a reconhecer o casamento – gay – homossexual. O mesmo se diz em relação a leis sobre imigração. No caso especifico de refugiados, a lei Sul Africana não permite a abertura de campos de concentração, como acontece em Moçambique. E talvez, nisso a lei seja progresseiva mesmo pois parte do pressuposto que isso os discriminaria.
Paradoxalmente, a vulnerabilidade dos refugiados, aqui, é de arrepiar. Chegados à Africa do Sul, ilegais, os refugiados devem, imediatamente, requerer esse estatuto no departmento de imigração (Home affairs). O processo pode levar até três meses, apenas para dar entrada. Outros três ou seis meses até que saia o certificado de refugiado. Enquanto isso, a circulação é limitada uma vez que se supreendidos pela polícia sem documentos são presos e depois deportados. A única saída é esconderem-se nos subúrbios, aguardando ansiosamente pela chegada do certificado da sua condição de refugiados. Nos subúrbibios, então, tornam-se completamente vulneráveis aos ataques dos residentes.Vulneráveis porque nem sequer podem recorrer a polícia já que ilegais. O risco de serem deportados caso se dirijam a polícia e de serem linchados caso fiquem a mercê da colerá dos ‘locais’ faz da vida de muitos refugiados um verdadeiro pesadêlo, um infortúnio!
8 comments:
A situação é mesmo preocupante com a xenofobia aqui na África no Sul e este Governo como sempre tenta negar e livrar-se das responsabilidades.
Esperemos para ver a integracao regional in loco, este acho deveria ser um serio aviso a navegacao dos politicos. Como sera a integracao das pessoas vulneraveis nessa economia regional? Responder essa questao parece-me fundamental pois um dos pressupostos da integracao regional e a livre circculacao de pessoas e bens. Se os 'Makwerekwere' hoje sao violentado enquanto residentes quem garante que nao sejam enquanto em transito? Emidio Gune
Esta questao e interessante, pois como referenciaste no texto enganar/se/a quem pensar que a xenofobia e um problema da Europa. Aqui bem pertinho compatriotas nossos encontram serios problemas. Acho que o governo Sul Africano poderia rever as suas politicas de deportacao para nao alimentar situacoes como essas.
Como avancou Emidio Gune o problema da integracao regional nao pode ser visto a nivel dos politicos,ou seja reduzir/se a encontros entre os chefes de Estados e suas maquinas e preciso ir muito mais alem, se reparar a Uniao Europeia frequentemente organiza festivais jovens da cancao, etc,para tentar criar esta aproximacao entre os cidadaos dos seus paises. parece algo insignificante mas k conta muito!
Rildo Rafael
vou fazer um comentário óbvio: a xenofobia existe em todo o lado. o interessante notar é que ela parece ter altos e baixos como a maré. os picos e vales parecem estar ligados à fartura ou carência. como dizemos cá: numa casa sem pão todos ralham mas ninguém tem razão.
mas, a mente humana despida de qualquer vergonha sempre culpa o outro, e não é difícil acreditar porque razão vários estrangeiros foram atacados em t3 no auge das estórias sobre homens que se transformavam em espíritos(incubus) e dormiam com mulheres sem que essas se apercebessem. é engraçado como o radar humano funciona assim. (os semáforos do sociólogo carlos serra).
eu próprio sofri pequenos actos de xenofobia quando vivia na suazilândia - pararam quando passei a falar o siswati como um swazi. como é que os swazis reconhecem um estrangeiro (para eles o termo é changana)? simples. para eles não existe nenhum swazi feio e escuro. se fores feio e escuro, és um "changana". pelo menos era assim como eu via a polícia a prender estrangeiros ilegais.
para mim, os sul-africanos sempre foram xenófobos. li há tempos atrás sobre isso e questionava-se mesmo porquê é que os brancos nunca eram perseguidos como o são os pretos. não é apenas nessa área. a vida perdeu, de alguma forma, o seu valor. quando as pessoas matam-se por causa de uma cervea, temos que perguntar que sociedade temos. aínda vamos ter mais.
minha recomendação: requer-se que se estude bem o homem
sim Bayano concordo com sigo, a questao remete para a percepcao do problema "nos" e "outros" e uma questao que por vezes oculta o real problema da coisa, pensar na sitauacao de carencia como o pico da coisa ou ainda a situacao de aparente calma como ligados a fartura poderiamos perder de vista o problema, visto que em paises ditos desenvolvidos com pessoas com altos niveis de vida ocorrem situacoes xenofobas. Quando leio o texto de Patricio recordo-me de um texto interessante que Simmel escreveu sobre o "Estrangeiro". pode-se falar hoje de regiofobia,ou seja, onde podem vaiar um individuo por ser de uma determinada regiao, o exemplo da Swazi que trazes, no nosso pais e possivel de ser constatado entre pessoas oriundas do centro, norte e sul, quando se presta atencao aos sotaques!! Machangana, Manhambanas chingondo!! sei la. Rildo
pois rildo, mas era preciso procurar saber que motivações estão por detrás do comportamento xenófobo de pessoas com altos níveis de vida. podem ser políticas - sabemos como alguns políticos usam os cidadãos incautos para chegarem aos seus objectivos. enfim, há tantos factores!!!!
Caros.
Obrigado por deixarem vossas ideias e comentários neste espaço. Infelizmente, não tenho podido acompanhar os debates com regularidade. Estou a trabalhar fora e consulto o e-mail de forma irregular.
José.
Penso que a questão transcende ao governo. No entanto, o que quis enfatizar é que os recentes incidentes revelam o quão, este governo, não está preparado para lidar com a questão. Como referi, isso fic(a)ou evidente nos discursos evasivos do departamento de segurança.
Emídio.
Realmeante, a questão da integração regional é um aspecto central a considerar. O fluxo de pessoas e bens vai, provavelmente, aumentar. Isso devia implicar maior preocupação das autoridades em garantir segurança dos cidadãos “SADCEANOS”
Bayano
A minha reserva em relação a essa ideia dos “semáforos”, que nem sei se a percebi bem, é a sua generalidade. Lá onde há disputa por recursos escassos materiais e de poder há maiores probabilidades de ocorrência deste tipo de fenómenos. Onde é que esses recursos não são escassos? Falta alguma coisa para dar conta de situações específicas. Não é somente, e necessáriamente, a escassez de recursos que torna as pessoas vulneráveis aqui. Nisso tendo, então, a concordar com o Rildo.
Rildo.
A sugestão do estrangeiro de Simmel é interessante. O mesmo Simmél ajuda-nos a olhar para a pobreza de forma menos essencialista, como tem sido habitual se fazer. Já agora, Ruldo, podes elaborar um pouco mais a ideia do ‘estrangeiro’ Simmiliano?
Abraço a todos
Patricio. Quando fazia a ponte do seu texto com um tema da qual Simmel escreveu sobre o Estrangeiro, era muito mais para percebermos esta questao. o texto de Simmel esta disponivel na obra de Evaristo Morais e Filho, seria importante percebamos a sua biografia, quem era Simmel, o que o mesmo pretendia referenciar ao escrever sobre o Estrangeiro?
E facil de compreender a relacao de Simmel com o judaismo apesar dele insistentemente recusar. Afirmava Simmel que a cultura Judaica e penetrada pela cultura europeia e vice versa. o resultado disso segundo ele resultaria numa @verdadeira integracao@.
Simmel tinha a descendencia judaica, mesmo que seu pai tivesse aceitado o baptismo. Ele sofreu bastante para achar uma vaga como professor catedratico em grandes Universidades Alemas, foi sempre rejeitado devido a sua raca, mesmo que fosse um intelectual de sucesso. Seu percurso academico esteve ofuscado pelo facto de ter a descendencia judaica, so muito mais tarde e que ele consegue o cargo de Professor catedratico, mas numa Universidade de Menos prestigio na cidade de Estrasburgo.
O que interessa aqui perceber e que nao simplesmente o elemento raca o apunhalava a sua progressao, visto que este aspecto apenas significava uma categoria abstrata, mas a maneira como ele gesticulava, a sua presenca fisica e habitos linguisticos eram aspectos que os outros levavam em conta, aqui quero concordar com Bayano quando falou da sua experiencia na Swazi, e tambem referir que nao precisa de estar fora para se sentir estrangeiro, podemos ja agora falar do regifobia quem sabe.
O estrangeiro e segundo Simmel uma pessoa estranha ao grupo, raca, pais, cidade, o elemento pouco comum que ele apresenta nao pode ser visto numa perspectiva do individuo, mas sim como algo resultante da sua origem que pode ser similar a tantos outros estrangeiros, dai os estrangeiros serem vistos como sujeitos estranhos a um grupo particular.
A sitauacao vivida pelo Simmel mostra/nos claramente que mesmo que o estrangeiro tenha todos os generos de atrativos e perfeicoes, enquanto for visto como estrangeiro nunca sera tido como um elemento local.
Rildo Rafael
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