Friday, May 9, 2008

Pelo ‘retorno’ do conhecimento!


Estou a iniciar esta reflexão, sobre o ensino técnico-vocaional e o papel das universidades, de forma, bastante, exitante. Não sei se terei vagar para levá-la ao fim que almejo. Primeiro, porque esse fim ainda não está bem claro para mim mesmo. Segundo, porque não sei se terei tempo suficiente para acompanhar o debate que, eventualmente, a série poderá suscitar nos meus habituais leitores e comentadores. No entanto, o assunto já me vem incomodando faz algum tempo. As notícias que tenho lido na imprensa só me dão vontade de deixar de fazer tudo o resto e concetrar-me neste assunto. (In)felizmente, não me posso dar ao luxo de ser ‘bloguista profissional’ – a tempo inteiro. Hoje recebi e li duas notícias que me fizerem decidir iniciar a publicação dos textos. A primeira notícia é de que ontem a Televisão de Moçambique (TVM) passou um debate sobre o ensino técnico-vocacional. Não sei quem foram os painelistas convidados e nem que argumentos expuseram e/ou defenderam. A pessoa que me falou do debate apenas disse-me que foi-‘quente’- interessante. Pela iniciativa de trazer o assunto para o debate público a TVM está de parabéns. A segunda Notícia é daquelas que já não me surpreende vindo de quem vem. Trata-se de um acordo entre o Ministério da Defesa Nacional (MDN) e a 'nossa primeira e mais antiga...' Universidade Eduardo Mondlane (UEM) para formar mancebos na unidade que a última instituição criou lá para a província de Inhambane (Vilankulo) onde pretende (de)-(in)-formar desenvolvimentistas rurais. No discurso de praxe os responsáveis pelas duas instiutuições, MDN e UEM, reiteraram o esforço e dedicação das suas instituições no combate a 'dita-cuja!' (Já imaginam de que estou estoua falar?).

Assim, ao decidir prosseguir, estou a lançar me numa aventura para a qual já ouve aviso de possível ‘mau’ tempo à navegação. O que almejo, com esta reflexão, é questionar alguns pressupostos por detrás do, aparente, res-surgimento da ‘obcessão’ pelo ensino técnico e vocacional no nosso país. Pretendo, portanto, sugerir que as origens dessa, aparente, ‘obcessão’ ou pelo menos o seu res-surgimento não é um ‘raio caído do céu azul’. Existe um apóstolo da ilusão – que vou apresentar no próximo texto – de que o ensino técnico-vocacional é a varinha mágica para erradicar a dita-cuja (Já descobriram?). O apóstolo da ilusão não só têm a ilusão de que é possível acabar com a pobreza – escreveu até um livro com esse título – como conseguiu empurrar essa idea para o centro das prioridades e da agenda das Nações Unidas (NU) de Kofi Annan, ex- secretário geral – inventando a estória dos Objectivos do Desenvovilmento do Milénio (ODM), para os quais mesmo acelerando o passo até atingir a velocidade da luz iremos alcançar. O mesmo também consegui mobilizar fundos (gosta da força desta expressão) para materializar o seu sonho imaterializável. É daí que surge o bolo (o fundo mobilizado) para investir no ensino técnico-vocacional nos nossos países e toda a retórica que ouvimos, miméticamente, reproduzida pelos nossos políticos: acabar com a....eh, eh, eh!

Por outras palavras, a preocupação do Ministro da Educação e Cultura, Aires Ali, com o 'saber prático'- para não dizer ciências 'práticas' não é por acaso. Os seus ataques as ciências sociais, naquilo que um dos seus assessores considerou representarem um padrão “distorcido” de formação de quadros nas nossas instituições de ensino superior por se registar maior ingresso e graduações nas ciências sociais também não é por acaso. Os discursos presidenciais, que enfatizam a necessidade de a nossas universidades formarem “combatentes da pobreza absoluta” têm no meu entender a mesma origem. O ‘vanguardismo’ dos Reitores das universidades – em particular o da Universidade Eduardo Mondlane – na tentativa de tornar os cursos mais relevantes para o combate a pobreza absoluta (pronto, já sabem quem é a dita-cuja) tem igualmente a mesma orígem. Alguém imagina onde é que o Ministério da Educação foi buscar “tanto” dinheiro para abrir as politécnicas, reabilitar os institutos tecnico-médios e a própria UEM para andar a espalhar escolas pelo país adentro? Alías, essa é uma tendência, vertiginosa, que perpassa quase todos os países condenados, a todo custo, a – erradicar a ‘dita-cuja’ – a acelerar o passo para o tão almejado desenvolvimento. De onde será que vem esta ‘nova’ preocupação com o ensino técnico-vocacional? Quais são as implicações que isso está a trazer para as instituições de ensino superior no nosso país? Uma delas, e que irei explorar em próximos textos, é que estamos a ser pagos para não pensar. Ao longo destes textos vou tentar produzir uma espécie de teória – de conspiração – para fazer sentido destas questões.

Acabo de ler a notícia que fez manchete do Jornal Médiafax edição de 07 de Maio 2008 e que diz o seguinte:“currículos africanos estão desajustados”. O título procura expressar a constatação do Secretário Executivo da Associação para o Desenvovimento da Educação (ADEA), Mamadou Ndoye, segundo a qual os modelos curriculares implementados em África não correspondem nem respondem as preocupações do continente hoje. Para Ndoye, sendo nossa preocupação primórdial combater a pobreza absoluta no continente, devia-se incentivar cursos ligados a esse fim, o que na sua opinião não está acontecer. Ndoye não é o único que - por achar que o combate a pobreza absoluta deve (reparem no sentido normativo) constituir uma prióridade dos países africanos - o ensino, a todos os níveis, mas em particular o superior deve - submeter-se aos desígnios desse desiderato político. Faltou dizer que Ndoye falava por ocasião de VIII Bienal da ADEA que teve lugar em Maputo recentemente. Na sessão de abertura, o presidente da República, havia feito tónica principal do seu discurso a necessidade de se investir no ensino técnico-vocacional para que os graduados tenham maiores oportunidades de emprego e por essa via possam contribuir para o combate a dita-cuja!

A minha preocupação nesta série não é saír em defesa das ciências sociais. A minha preocupação, também, não é disputar a relevância do ensino técnico-vocacional no nosso país. A minha questão é saber até que ponto a relevância do ensino técnico-vocacional, assim como o papel do ensino superior no geral e das universidades em particular, se justifica pela razão que lhe é, políticamente, atribuida de combater a pobreza absoluta? Por outras palavras, o país podeia procurar razões mais plausíveis e acima de tudo internas para justificar o res-surgimento da preocupação com o ensino técnico-vocacional que não sejam, necessária e imperiosamente, o combate a dita-cuja! A ideia e a convicção de que se combate a pobreza absoluta através do ensino técnico-vocacional e de uma universidade cujo propósito primordial é esse mesmo desiderato político não é nossa. Nós ainda não formulamos o problema que fará do ensino técnico-vocacional e de uma universidade orientada para os saberes práticos a solução. Penso que a reflexão sobre o ‘des-ajustamento’, e/ou ‘distorção’ da formação de quadros, dos curricula e da missão das instituições de ensino técnico-vocacional assim como das universidades fária mais sentido se escapasse desse bode expiátório que consiste na falsa - e distractiva - dicotomia entre ‘saberes práticos’ e ‘saberes-não práticos’, ciências 'práticas' e ciências (sociais) 'não-práticas' e se concentrasse numa questão, quanto a mim, fundamental a saber: Que conhecimento é mais valioso para o cidadão de hoje em Moçambique, África e no mundo? Na verdade está não é uma pergunta nova, no entanto, as suas respostas estão longe de ser simples, e não equivocadas. O título que atribuí a série sugere que o próprio conhecimento está ausente da equação no debate. Andamos a perder tempo a debater competências técnicas que podem ser adquiridas mesmo sem ir a universidade. Se conseguir demonstrar isso, então, o meu desiderato com esta reflexão será o de sair em defesa do ‘retorno’ do conhecimento!
PS: Foto reproduzida do Notícias, antigos e novos combatentes da dita-cuja!

32 comments:

Jonathan McCharty said...

Prezado Patricio!

Adicionei-o aos meus "elos" no meu blogue (ainda no seu primeiro gatinhar). Espero que não esteja a incorrer em matérias do fórum de "invasão de propriedade privada/intelectual"!

Abraço

Patricio Langa said...

Oh Jonathan.
Pelo contrário, fico lhe grato por alargar a possibilidade de acesso a este espaço.
Vou já visitá-lo e fazer o mesmo com o seu blog aqui no olhar....
Um forte abraço e uma boa semana.

Jonathan McCharty said...

Outro abraço e optima semana pra ti tambem!

Anonymous said...

Mais outro mau sinal, agora ficamos a saber que o exercito deve especializar-se em desenvolvimento rural, e nao na defesa da soberania. Atropelando a constituicao, nao? Quem se especializara em defender o territorio?

Patricio Langa said...

Caro anónimo.
Obrigado por deixar sua ideia aqui registada.
Faz uma observação interessante.
Ao invés de estudarem ciências militares vão se tornando combatentes da dita-cuja!

Jonathan McCharty said...

Caro Patricio!
Eu diria que, em termos da minha area (Engenharia civil), os exercitos do mundo, com principal enfoque para o dos E.U.A, tem contribuido imenso com conhecimento por eles gerado! No entanto, esse "knowledge" que tem por objecto inicial, resolver problemas proprios do exercito (infraestruturas, materiais, etc) acaba beneficiando a sociedade civil tambem! Agora, podemos nao encontrar "vantagens directas" de desenvolvimento rural para a actividade do exercito; that's just "fact"! Porem, nao nos devemos esquecer que esses mancebos,a maior parte deles jovens com formacao secundaria, um dia serao desmobilizados (sao 2 anos depois??) e precisam de se re-inserir na sociedade e desempenhar um papel activo no seu desenvolvimento! Nessa perspectiva, acho que a decisao agora tomada, nao e' assim tao ma', pq evita-se que esses tipos nao venham depois a engrossar as cupulas dos varios "Agostinhos Chauques" q proliferam pelo pais!

Anonymous said...

Caro Johathan, o exercito precisa modernizar-se como tal, capacitar homens paras o exercito. O que acontecera se esses desevolvimentistas rurais todos optarem por ficar no exercito, daqui a anos o exercito sera um verdadeiro ministerio da agricultura, com generais cuja especialidade e desenvolvimento rural, e defenderemos a integridade territorial com foices e enchadas de cabo curto?

Anonymous said...

Patrício, lembre-se que nós não enveredamos por um exército profissional. A opção do país foi por um SMO. Neste sentido, as observações de Jonathan são relevantes e fazem sentido.

Em muitos países o exército contribui grandemente para actividades como construção de diques, dragagem de portos, reabilitação de regadios, etc.

A segurança e defesa do país (principal vocação de um exército) não repousa apenas nas armas. Quando o exército contribui, com acções concretas, para o progresso do país, está a induzir para uma situação de estabilidade,paz e segurança.

Obed L. Khan

Jonathan McCharty said...

Caro anonimo!
Tens alguma ideia do numero de soldados do nosso exercito em todo o pais? Sabes qual e' a capacidade (vagas) da escola da UEM em Vilankulos? Pensa um pouco nisso, para ver se nao estara' a haver "excesso de zelo" da sua parte! Achas mesmo q esse punhado de formados em desenvolvimento rural ira' desvirtuar o rumo do exercito?

Jonathan McCharty said...

Obed!
Levantas um ponto interessante sobre a accao do exercito para a estabilidade do pais nao se circunscrever apenas ao uso de equipamento belico!
Tratando-se de SMO, no nivel de "rotatividade" do exercito e' extremamente elevado e acho salutar que, esses individuos voltem para o lado de ca', com algo mais para alem do uso de armas!

Anonymous said...

Convido-os a visitar como funciona o enquadramento ao SMO e deste para o quadro efectivo. O mito da paz, entao nao precisamos de exercito nao acham? Alguem sabe o que passa -se nas fronteiras, nas aguas territoriais nacionais e no espaco aereo? Isso precisa de pessoas especializadas nessas areas para velar pela territorialidade fundamento da soberania do pais! Existem varias formas de capacitar as pessoas e isso nao e novo, ja no tempo colonial pessoas havia que alistavam-se para a tropa para sair de la com uma profissao, mas eram profissoes uteis para o ramo militar, formaram-se engenheiros, mecanicos, carpinteiros, mais tarde pilotos e outros. (Em muitos países o exército contribui grandemente para actividades como construção de diques, dragagem de portos, reabilitação de regadios, etc.), todas elas areas uteis para o exercito. E preciso capacitar pessoas no exercito, sem duvida mas privilegiando a vocacao da instituicao exercito. Esquecemo-nos da Des - upeizacao da UP, Patricio escreveu a tempos um artigo sobre isso. Algumass vezes a vontade de combater a pobreza absoluta faz-nos esquecer que cada instituicao tem uma vocacao especifica. Tarefa do exercito nao e para fazer desenvolvimento rural, vejam as atribuicoes dessa instituicao.

Patricio Langa said...

Caros Obed e Mccharty
Aprecio bastante os vossos comentários e pontos de vista. No entanto, discordo deles! A minha discordância foi bêm captada pelo argumento do anónimo na postagem que antecede esta. O exercíto têm uma vocação e é essa vocação que os mancebos devem aprimorar sem preterir a especialização. A universidade têm também a sua vocação. E é a essa vocação que ela deve-se dedicar. Agora, o país se debate com problema de escassez de ‘quadros’ em praticamente todos níveis. Não é a distorção da vocação do exercíto – formando extencionistas rurais (p.e) e especialistas em desenvolvimento que vai resolver esse problema, o mesmo diria em relação a universidade. Não é a formação de académicos virados para o combate a dita-cuja que vai resolver o problema. No próximo texto sobre o ‘retorno do conhecimento’ espero poder elaborar este argumento considerando os vossos valiosos comentários. Prossigamos com o debate.

Anonymous said...

O anónimo pergunta se alguem sabe o que se passa nas fronteiras, nas aguas territoriais nacionais e no espaco aereo? Avança, como resposta, que para resolver aqueles problemas são necessárias pessoas especializadas nessas áreas. Eu acrescentaria que, para além da especialização naquelas áreas, são necessários recursos financeiros para apetrechar as forças armadas de marinha bem equipada, carros de combate, helicópteros, aviões, etc. E donde hão-de vir esses recursos? Do próprio exército? Claro que os recursos virão do desenvolvimento, ou se quiserem um chavão, da vitória na luta contra a pobreza absoluta.

O Exército é um sector que congrega milhares de pessoas no auge da sua força física. Preconizar que essas pessoas devem apenas dedicar-se a exercícios puramente militares (paradas, marchas, exercícios militares, treinos físicos) é desperdiçar um potencial de desenvolvimento que se encontra concentrado naquele sector.

Em muitos países, incluindo alguns desenvolvidos, o exército é ocupado em tarefas com impacto na área civil: construção de diques, manutenção e reabilitação de regadios, construção de pontes e pontecas (às vezes com recurso a material não convencional como troncos e outros); Às vezes isso ocorre quando se quer construir pontes e pontecas em áreas ou em pacotes que não sejam suficientemente atractivos para o sector empresarial: Em áreas remotas.

Ora, como se constroi uma ponteca de troncos? É evidente que é preciso aprender! Uma escola que forma engenheiros rurais como parece ser vocação da escola de Vilankulo, pode contribuir para conferir essas competências ao exército. Competências que o exército pode usar para contribuir para resolver problemas que afectam, também a área civil da sociedade.

Não é debalde que os exércitos são engajados em tarefas desta natureza. É que construir uma ponteca numa área remota, insusceptível de atrair o sector empresarial, contribui para subtrair essa área da marginalidade económica e social. Integra essa área no MERCADO. Quando menos áreas estão na marginalidade, pode se dizer que o exército contribuiu para a estabilidade, para a paz, para a concórdia nacional, para a inviolabilidade das fronteiras nacionais e para a segurança nacional, sua vocação de base.

Obed L. Khan

Anonymous said...

Caro Obed, todas essas atribuicoes tem utilidade para o exercito,sendo usadas para outras areas quando o exercito esteja com as suas funcoes cobertas. Sabe quantos homens estavam previstos no AGP de Roma, procure saber quantos temos? Repito, nao se defende a soberania de um pais com enxadas de cabo curta nem com foices e discursos de combate a pobreza absoluta. Desenvolvimento de um pais e feito maximizando a exploracao dos recursos desse pais, sejam eles os ditos naturais, mas sobretudo humanos, que e o que nos falta aqui em Mocambique. pessoas que parem e digam nao e normal o nosso pais nao saber que perde dinheiro por falta de uma politica clara de identificacao e exploracao de recursos naturais, dai viria o dinheiro para o exercito e muitas outras instituicoes. Pessoas que parem e digam nao e a melhor saida vender pescado a Bagatela quando existem melhores mercados onde colocar esse pescado e gerar recursos. Pessoas que digam isso e mostrem alternativas parecem-me mais importantes do repitidores de discursos, que mundam a cada ciclo eleitoral, mantendo a tal de pobreza absoluta sempre na mesma se nao pior. Um dos problemas que ja foi mencionado muitas vezes e que a pobreza combate-se, combatendo-a, e todos entram para as modas em voga para esse combate. A melhoria de condicao de vida das pessoas e conseguida com politicas e estrategias correctamente elaboradas, implementadas e acompanhadas. Espero continuarmos a conversa no proximo numero do Patricio.

Jonathan McCharty said...

So' para aclarar alguns pontos, gostaria de voltar a repetir o comentario acerca do nr. de vagas dessa escola da UEM que, por forca desse acordo serao atribuidas ao exercito! E nao devemos pensar que o nosso exercito deixou de ter individuos pensantes. A accao do exercito, neste momento de paz, tem se orientado muito na formacao de quadros competentes, em varias areas, que nao sejam apenas "armas". So' para secundar o comentario anterior do Obed, a Academia Militar de Nampula, comecou recentemente a leccionar materias de Engenharia Civil, dai que, dentro em breve, passaremos a ter dentro do proprio exercito, individuos com essas competencias! Todos os anos, os 5 melhores estudantes da Academia sao admitidos na Faculdade de Medicina, para se formarem e servirem o exercito, gracas a outro acordo firmado nesse sentido! Portanto, nao devemos entrar em panico e achar que o nosso exercito esteja a perder o "norte"! O pais, conforme o Obed bem disse, deve gerar riqueza atraves de desenvolvimento, para que se comece a investir em equipamento para o exercito! Esse exercito tem competencias quanto baste, para proteger o nosso espaco territorrial! Tenho um amigo, ex-piloto de helicopteros de guerra e migs, que referiu que o nosso espaco aereo tem sido constantemente violado! Contacta-se via radio com os tais violadores e, esses individuos nao fazem mais nada senao (para ser um pouco perverso) mandar-nos um manguito! Nesses casos, o que se faz e' enviar um aviao de combate e obrigar a aterragem dos infractores! Cade esses avioes de combate? Pilotos temos quanto baste e bons profissionais, neste momento na ociosidade!
Se violam o nosso espaco maritimo, cade as lanchas-rapidas??
A accao prioritaria neste momento e' desenvolvimento (detesto a expressao "combate a pobreza absoluta") e a capital humano do pais deve se concentrar nisso!

Jonathan McCharty said...

Escrevi o comentario anterior sem ter ainda visto a resposta do "anonimo"! Fazes referencias a pontos pertinentes, neste teu ultimo post! A questao de estrategias de desenvolvimento, nao so consubstanciadas por planos, mas por accoes concretas! Tem andado em voga outra expressao que detesto e rejeito completamente, de que "somos um pais pobre"! POBRE? PORQUE? Perguntem aos japoneses o que tem como recursos? Vao chegar a conclusao que tudo o que tem e' "recursos humanos", mais nada! E sao a segunda economia mundial!!
Agora, a quem cabe essa tarefa de "pensar" pelo pais????

Anonymous said...

Sobre falta de dinheiro, quanto custa cada viagem das presidencias do PR e da primeira dama, a cada canto deste pais? Quanto custa cada frota nova de viaturas de luxo para os inumeros ministros, vice ministros, governadores e PCA's. E mais e mais rios de dinheiro que nao fica claro o beneficio que o pais ganha com o seu gasto. Os combatentes da pobreza deveriam comecar a perguntar de que forma e que o dinheiro que eles gastam combate essa pobreza que dizem os outros para combater. Dinheiro nunca vem escrcito que fim atribuir. Falta de dinheiro e muitas vezes desculpa, experimente ir as instituicoes pedir analises do sector e respectiva situacao, planos de accao, prioridades, etc. Magnifico exemplo do Japao. Dinheiro cria-se com visao de Estado, equipas funcionais e muito trabalho.

Anonymous said...

Já cá faltava esta nuance demagógica! Quantos ministérios seriam racionais para um país como o nosso? Alguém sabe quanto ganha um ministro no nosso país? Qualquer assistente de projecto duma ONG não ganha tanto como um ministro? Alguém sabe quanto ganha um director nacional neste país? Qualquer assistente administrativa duma ONG não ganha mais que um director nacional? Qual é o carro que seria compatível para um ministro num país como este? um toyota? um honda? um mercedes? É um problema de marca ou é um problema de preço? Qual é o valor que seria razoável pagar por um carro de ministro?

Sobre as visitas presidenciais: Alguém acredita que o Presidente da República, verdadeiro chefe de governo, deveria governar o país sem conhecer a realidade do terreno? Sem visitar os distritos? O problema não é das visitas? É das vezes que lá vai? Quantas vezes deveria lá ir? Só no princípio e fim do mandato? Ou é o problema dos helicópteros? Que meios é que um presidente da República de um país extenso como o nosso deve usar para visitar alguns distritos da província de Nampula, num prazo razoável que se adeque a outras agendas que o Chefe de Estado tem? Devemos ter em conta que cabem em Nampula três a quatro grandes países europeus.

Está-se a debater aqui questões fulcrais para o futuro do nosso país. Parecem ser preocupações do Patrício perceber qual deve ser o perfil duma universidade, particularmente num país como o nosso. Deve formmar apenas produtores de conhecimento? Ou deve, também, engajar-se na formação de profissionais que, em diversas áreas, contribuam para a produção da riqueza? Por outras palavras, pode uma UEM engajar-se na formação de engenheiros rurais, especializados em resolver problemas locais com base em recursos disponíveis localmente (as minhas pontecas de troncos)? Não seria isso desvirtuar o papel duma universidade? Pareceram-me ser essas as preocupações do Patrício.

Marginalmente, dedicamo-nos a debater um assunto que também é importante para a construção e progresso da nossa terra. Que perfil de exército queremos? Um exército de caserna ou um exército que se engaja em assuntos de cariz económico, como construção de diques, dragagem de portos, construção, reabilitação e manutenção de regadios, pesquisa de recursos naturais e outros?

Vamos estragar esse debate introduzindo notas dissonantes de demagogia? Podemos até debater o perfil de governo que queremos, em termos de tamanha, salários per capita, regalias e tudo o resto. Façamo-lo, no entanto, com responsabilidade, sem introduzir as politiquices próprias do nosso parlamento.

Por aquilo que venho percebendo, o tipo de bloguismo que Patrício nos propõe persegue objectivos mais elevados.

Obed L. Khan

Anonymous said...

Fantastica a nossa capacidade de atribuir nomes pejorativos aos outros. Quital se ficassemos a discutir ideias. Repito,quanto custa cada viagem das presidencias do PR e da primeira dama, a cada canto deste pais? Quanto custa cada frota nova de viaturas de luxo para os inumeros ministros, vice ministros, governadores e PCA's. E mais e mais rios de dinheiro que nao fica claro o beneficio que o pais ganha com o seu gasto. Temos respostas a essas perguntas? Se tiver agradecia que desse. Estas questoes introduzo-as com muita responsabilidade. Uma das questoes levantadas para nao apostarmos num exercito a altura foi a falta de dinheiro, perguntava eu quanto e como e usado o pouco dinheiro que temos e por via disso pensar como reaplica-lo, isso e conduzir o povo a uma falsa situação-demagia?

Anonymous said...

Acho é fantástica a nossa "capacidade" de justificar a pobreza com a existência de ministros no país! Ou de achar que Moçambique é pobre porque o PR tem estado a visitar áreas remotas do país. Isto é que é realmente fantasia.

Concordo consigo, vamos debater ideias.

Obed L. Khan

Anonymous said...

Obed, acho que e deste Mocambique que precisamos, avancemos com odebate de ideias.(a pobreza com a existência de ministros no país! Ou de achar que Moçambique é pobre porque o PR tem estado a visitar áreas remotas do país.Isto é que é realmente fantasia.). Busquei ao longo dos comentarios anteriores coisa parecida ao que escreve no ultimo post, nao encontrei nada! Talvez possa explicar como chegou a essa conclusao! Insisto, sabemos quanto dinheiro e gasto nessas coisas que questiono, e como esses gastos contribuem para a melhoria da vida das pessoas? Essas sao as questoes! Questoes essas que surgem porque alguem perguntou de onde viria dinheiro para apetrechar um exercito a altura.

Anonymous said...

Sem o dizer, o anónimo está a sugerir que os helicópteros que faltam para vigiar a nossa extensa fronteira, as lanchas, os contra-torpedeiros, os porta-aviões, os carros de combate, os tanques, os caça-bombardeiros e tudo o que não temos em termos de equipamento militar poderia ser adquirido se o PR deixasse de viajar pelo país. Ou, adicionalmente, poderia ser comprado, para o bem do nosso exército, se o Estado deixasse de gastar com o que chama de frota para os ministros!

É a isto que chamo debate viciado. Faz apelo a argumentos emocionais. Como muitos de nós andam apertados nos "chapas" vão sentir indignação pelos privilêgios dos ministros que fazem com que não se equipe adequadamente o exército. Acho que isto é escamotear um debate que estava a ser interessante.

Obed L. Khan

Anonymous said...

Caro Obed, muito interessante a capacidade que temos em saber o que vai na cabeca dos outros sem que o digam ou sem os perguntarmos. Proponho deixemos de avaliar e julgar intencionalidade das palavras e analisemos as palavras que estao escritas, partilhemos duvidas do que nao compreendemos e por ai em diante. No lugar de responder as questoes que coloco segue desqualificando o outro (É a isto que chamo debate viciado. Faz apelo a argumentos emocionais.), algumas vezes o que dizemos dos outros e exactamente o que fazemos. Eu tenho um carro que muitos mocambicanos nao tem, relaxe, nao e esse o caso de andar apertado no chapa, entretanto nao envergonho-me de andar de chapa se necessario, nem desqualifico os que o fazem. E andar apertado no chapa em si, e um sinal de problemas nas nossas politicas, estrategias e accoes de melhorar a vida das pessoas, no caso na vertente transporte. Na questao de gestao de dinheiro, penso ser necessario activar formas de gerar muito mais dinheiro do que fazemos agora, e preciso maximizar as fontes de renda que temos como pais. E para alem disso precisamos repensar na relacao custo beneficio dos gastos que sao feitos no pais. Quando conseguirmos isso, teremos dinheiro para as coisas essenciais para o funcionamento de um pais, incluindo um execercito equipado a altura de defender a integridade territorial.

Anonymous said...

Maximizar as fontes de renda ou como diz o anónimo, activar formas de gerar muito mais dinheiro do que fazemos agora. Este é o real desafio e nisso concordo consigo. Concordo ainda com a percepção de que precisamos equacionar a relação custo/beneficio nas opções políticas e de gestão que nós, como país fazemos. Creio que essa equação é feita. Não posso acreditar que pessoas responsáveis estejam a tomar decisões sem comparar o peso das vantagens com o das desvantagens. Provavelmente não se esteja a comunicar para o grande público os resultados dessas comparações.

O anónimo pode ficar certo duma coisa: Quando activarmos essas formas de gerar mais dinheiro, as pessoas deixarão de andar apertadas nos chapas e o exército será equipado. Esse é o único caminho: produzir mais como país. Sem produzir mais acontecerá como referido neste velho provérbio: CASA ONDE NÃO HÁ PÃO TODOS RALHAM E NINGUÈM TEM RAZÃO (OU TODOS TÊM RAZÂO).

Como vê, caro anónimo, falando as pessoas se entendem.

Obed L. Khan

Anonymous said...

Caro Obed, estamos de parabens e ao Patricio pelo espaco de dialogo, dialoguemos. (Não posso acreditar que pessoas responsáveis estejam a tomar decisões sem comparar o peso das vantagens com o das desvantagens. Provavelmente não se esteja a comunicar para o grande público os resultados dessas comparações.) Veja caro Obed, embora simpatize com a sua crenca, segundo a qual pessoas responsaveis comparam tal e tal, eu quero perceber como isso e feito, certo? Nao me basta acreditar, eu quero perceber qual a contribuicao desses gastos na melhoria de condicao de vida das pessoas la, onde essas visitas ocorrem, essas mesmas que costumam ser chamadas de preguicosas, quando sempre viveram do seu suor. Essa a minha questao central Obed.

Anonymous said...

Caro Obed, quando disseram-me que passaria a ser obrigatorio fechar as cartas com a frase 'decisao tomada, decisao cumprida' juro que nao acreditei, mas a seguir vi o papel, continuei nao acreditando que pessoas responsaveis e tal e tal e tal... O que designamos aqui por responsavel? Parece que a historia deste pais tornou o termo responsavel como aquela que ocupa pasta ou cargo e nao necessariamente aquele que tem uma responsabilidade claramente delimitada, a qual quando nao cumprida lhe e cobrada.

Anonymous said...

Em paises onde esta claro o papel das Forcas Armadas, de uma espreitada
http://noticias.br.msn.com/brasil/artigo.aspx?cp-documentid=7537225

Anonymous said...

Sempre haverá decisões problemáticas. Ou por défice de informação, ou por défice de sua interpretação. Isso ocorre nas nossas casas, na igreja, nas empresas, nos ministérios, nas ONG's. Quando isso acontece nós somo obrigados a reavaliar as premissas que serviram de base para as nossas decisões. Seria uma intolerável situação de auto-aviltamento que, sempre que errássemos, avançássemos com a fronte alçada para o público e proclamássemos: POIS EU ERREI PORQUE NÃO HÁ NA FACE DA TERRA ALGUÉM TÃO ESTÚPIDO QUANTO EU; EU SOU UM FALHADO, NÂO SOU COMO AS PESSOAS NORMAIS.

Se seria intolerável que um indivíduo fizesse aquela proclamação, não o é menos que a elite duma nação proclame aos quatro ventos que seu país não é normal. E fazer essa proclamação com muito entusiasmo e de forma sistemática.

Infelizmente tenho notado esse amor pelo auto-aviltamento de parte de alguma da nossa elite. O país comete erros? Claro que sim. Deve fazer um esforço para não cometer nenhum? Não me parece que um esforço desta natureza tivesse algum mérito. O que nós, como país, deveríamos fazer é um esforço para não repetir os mesmos erros.

Houve o famoso caso de "Decisão Tomada, Decisão Cumprida"? Claro que houve! O importante é que, como país, fomos capazes de corrigir. No futuro, outros erros serão cometidos? Não tenho a mínima dúvida! Temos que nos desenvolver institucionalmente para que esses erros não sejam traumáticos e possam ser discutidos e corrigidos.

Obed L. Khan

Anonymous said...

Caro Obed, dou-me por feliz por estarmos a conversar, aproximando ideias, tracando possilidades e por ai, acho que isso e muito salutar, continuemos assim. Aguardemos o proximo numero do Patricio. Muito prazer em conversar consigo.

Anonymous said...

Esses dinheiros bem gerido podem evitar virmos a ter pilotos aviadores que nao sabem pilotar. Parece que alguem leu a nossa discussao, ainda bem se for o caso. http://www.canalmoz.com/default.jsp?file=ver_artigo&nivel=1&id=6&idRec=3807

Anonymous said...

Foi um imenso prazer trocar estas notas. Tivemos aqui um exemplo das possibilidades inesgotáveis da troca civilizada de ideias. Saimos daquilo a que Patrício chamou de "retorno do conhecimento" e terminamos debatendo o direito dos países NORMAIS cometerem erros. Ninguém pode encarcerar o pensamento. Espero que continuemos a debater o nosso país no forum do Patrício ou em outros "locais" virtuais.

Obed L. Khan

Patricio Langa said...

Caros Obed, Mccharty e anónimo.
O vosso debate não só está a contribuir para o esclarecimento do assunto em causa, como a dar uma lição de como podemos debater mesmo discordando. Obrigado por terem escolhido este espaço para fazerem isso.
Um forte abraço.