“A escola unifica socializando e divide seleccionando”
Últimamente, tenho evitado espreitar os blogs. Evito, igualmente, ler as (minhas) habituais fontes de notícias sobre o País. É que de cada vez que o faço encontro sempre razões para dar o dito pelo não dito e voltar a blogar com regularidade. Os acontecimentos - já foi dito por um dos intelectuais mais afinados do nosso tempo, o sociólogo e filósofo Francês Jean Baudrillard - deixaram de fazer greve! Juntando-se a isso temos no país cada vez mais intelectuais; gente predisposta a pensar as coisas com um pouco mais de cuidado. Pensadores que vão para além da habitual reflexão jornalística (apressada) característica da nossa esfera pública. Presumo que aos poucos, ainda que timidamente, o ‘intelctualismo jornalistíco’ (assente na competência da escrita do Português) vai, primeiro partilhar(já disputa) depois ceder espaço ao ‘intelectualismo académico’ (assente na competência argumentativa)[1]. Hiiiii, provoquei a consagrada familia!
Não podia regressar sem um pouco de provocação. Estou, na verdade, a dar voltas para dizer que achei interessante o debate levantado pelo Jonathan McCharty, ecoado pelo Elísio Macamo e retorquido por outros comentadores, entre os quais, Jorge Saiete, Agry, Ximbitane etc. Bom, só aqui, já comecei a ser selectivo não mencionando todos os nomes intervenientes no debate. Provavelmente, mesmo de forma inconsciente, a minha mente operou, com base em algum critério, uma seleção. É isso. A selecção é a alma mater da qualidade! Pelo menos esse é o princípio. Se assim não fosse, todos jogariam para as Mambas-sem veneno! (Que maldade a minha: ganharam recentemente, não é? Mas a quem ganharam? Madagáscar!). Ai, ai, afinal perderam com os Bafana por 2-1 no seu último jogo. Voltaram ao seu habitual!
A questão levantada pelo McCharty têm a ver com a já (re)conhecida problemática posição (política) do Ministro da Educação de exigir taxas de aprovação de 100% no ensino primário. Junta-se a isso também a ‘necessidade’ da expansão da rede escolar. Penso que há consenso quanto a razão que faz da exigência da aprovação em 100% problemática. Há também um desejo, não sei se realista, de universalizar o acesso a educação primária. Este último desejo já se tornou objectivo faz mais de duas decadas numa famosa conferência em Dakar, Senagal. Queria-se universalizar o acesso até 2000! Como eram objectivos, lunáticos, irrealista ao aproximarmo-nos do novo milénio começaram a empurrar a data com a barriga para 2015. De Jomtien, a primeira conferência onde se começou a profetizar essa coisa, passou-se por Dakar e agora já virou moda. Em Março deste ano, em Maputo, decorreu a VIII Bienal da Associação de Desenvolvimento da Educação em África (ADEA). O papo continua o mesmo. Erradicar!Acabar. Eliminar! Criou-se até, já faz algum tempo, um movimento chamado “Educação Para Todos”! Como não se conseguiu lograr os objectivos de DAKAR antes do milénio, num jogo de palavras, os objectivos passaram a ser do ( Desenvolvimento do) Milénio. A meta é sempre a mesma: Acabar com..., a pobreza, o analfabetismo, e por ai em diante! Insurgente, porém, é a realidade (ou as estatísticas) que impávida(s) e serena(s) continua(m) a produzir pobres e iletrados. Chega de ironia apocalíptica!
Estaria a repetir-me se dissesse que não há excelência sem selecção. A diferença entre os debatedores, que mencionei acima, reside na explicação que cada um encontra para a razão do posicionamento do Ministro da Educação. (Remeto os leitores para esse debate interessante, clique aqui e aqui).
O que vou tentar fazer, aqui, é recuperar a questão da qualidade do ensino que me parece o aspecto central. A questão da qualidade como dizia é central porque seu entendimento está directamente implicado no critérios para o seu alcance. Por outras palavras, a maneira como se concebe a qualidade é que determina o critério de seleção. Ou o critério de selecção é que determina o que é qualidade? Bom, o que quero dizer é que qualidade requere selectividade! Mas aí está, o que é a própria qualidade? Aí é que a porca terce o rabo! Qualidade pode significar várias coisas. Podemo-nos perguntar: - Qualidade de quê? Podemos também nos perguntar: que qualidade? Vou assumir que no contexto deste debate esteja-se a referir a qualidade dos alunos graduados do ensino primário ou do primeiro ciclo do nosso sistema de educação. Ainda assim restaria perguntar que qualidade? O texto já está ficar longo. Continuamos na próxima postagem! Até lá ajudem-me, por favor, a pensar: - que qualidade?
Últimamente, tenho evitado espreitar os blogs. Evito, igualmente, ler as (minhas) habituais fontes de notícias sobre o País. É que de cada vez que o faço encontro sempre razões para dar o dito pelo não dito e voltar a blogar com regularidade. Os acontecimentos - já foi dito por um dos intelectuais mais afinados do nosso tempo, o sociólogo e filósofo Francês Jean Baudrillard - deixaram de fazer greve! Juntando-se a isso temos no país cada vez mais intelectuais; gente predisposta a pensar as coisas com um pouco mais de cuidado. Pensadores que vão para além da habitual reflexão jornalística (apressada) característica da nossa esfera pública. Presumo que aos poucos, ainda que timidamente, o ‘intelctualismo jornalistíco’ (assente na competência da escrita do Português) vai, primeiro partilhar(já disputa) depois ceder espaço ao ‘intelectualismo académico’ (assente na competência argumentativa)[1]. Hiiiii, provoquei a consagrada familia!
Não podia regressar sem um pouco de provocação. Estou, na verdade, a dar voltas para dizer que achei interessante o debate levantado pelo Jonathan McCharty, ecoado pelo Elísio Macamo e retorquido por outros comentadores, entre os quais, Jorge Saiete, Agry, Ximbitane etc. Bom, só aqui, já comecei a ser selectivo não mencionando todos os nomes intervenientes no debate. Provavelmente, mesmo de forma inconsciente, a minha mente operou, com base em algum critério, uma seleção. É isso. A selecção é a alma mater da qualidade! Pelo menos esse é o princípio. Se assim não fosse, todos jogariam para as Mambas-sem veneno! (Que maldade a minha: ganharam recentemente, não é? Mas a quem ganharam? Madagáscar!). Ai, ai, afinal perderam com os Bafana por 2-1 no seu último jogo. Voltaram ao seu habitual!
A questão levantada pelo McCharty têm a ver com a já (re)conhecida problemática posição (política) do Ministro da Educação de exigir taxas de aprovação de 100% no ensino primário. Junta-se a isso também a ‘necessidade’ da expansão da rede escolar. Penso que há consenso quanto a razão que faz da exigência da aprovação em 100% problemática. Há também um desejo, não sei se realista, de universalizar o acesso a educação primária. Este último desejo já se tornou objectivo faz mais de duas decadas numa famosa conferência em Dakar, Senagal. Queria-se universalizar o acesso até 2000! Como eram objectivos, lunáticos, irrealista ao aproximarmo-nos do novo milénio começaram a empurrar a data com a barriga para 2015. De Jomtien, a primeira conferência onde se começou a profetizar essa coisa, passou-se por Dakar e agora já virou moda. Em Março deste ano, em Maputo, decorreu a VIII Bienal da Associação de Desenvolvimento da Educação em África (ADEA). O papo continua o mesmo. Erradicar!Acabar. Eliminar! Criou-se até, já faz algum tempo, um movimento chamado “Educação Para Todos”! Como não se conseguiu lograr os objectivos de DAKAR antes do milénio, num jogo de palavras, os objectivos passaram a ser do ( Desenvolvimento do) Milénio. A meta é sempre a mesma: Acabar com..., a pobreza, o analfabetismo, e por ai em diante! Insurgente, porém, é a realidade (ou as estatísticas) que impávida(s) e serena(s) continua(m) a produzir pobres e iletrados. Chega de ironia apocalíptica!
Estaria a repetir-me se dissesse que não há excelência sem selecção. A diferença entre os debatedores, que mencionei acima, reside na explicação que cada um encontra para a razão do posicionamento do Ministro da Educação. (Remeto os leitores para esse debate interessante, clique aqui e aqui).
O que vou tentar fazer, aqui, é recuperar a questão da qualidade do ensino que me parece o aspecto central. A questão da qualidade como dizia é central porque seu entendimento está directamente implicado no critérios para o seu alcance. Por outras palavras, a maneira como se concebe a qualidade é que determina o critério de seleção. Ou o critério de selecção é que determina o que é qualidade? Bom, o que quero dizer é que qualidade requere selectividade! Mas aí está, o que é a própria qualidade? Aí é que a porca terce o rabo! Qualidade pode significar várias coisas. Podemo-nos perguntar: - Qualidade de quê? Podemos também nos perguntar: que qualidade? Vou assumir que no contexto deste debate esteja-se a referir a qualidade dos alunos graduados do ensino primário ou do primeiro ciclo do nosso sistema de educação. Ainda assim restaria perguntar que qualidade? O texto já está ficar longo. Continuamos na próxima postagem! Até lá ajudem-me, por favor, a pensar: - que qualidade?
[1] Bom, não há nada que garanta que esse seja um devir teleológico. Pode haver retrocesso. Ademais, o jornalismo também pode ser exercido com rigor académico.
1 comment:
Caro Patricio!
Fazes bem em alargar o debate e incluir outros elementos a analise!
Naturalmente nota-se que a obsessao pelos "numeros", tem sacrificado de sobremaneira, a "qualidade" do ensino! Eu aprendi a ler e escrever na 2a classe, mas hoje, o aluno da 6a parece que acaba de comecar a aprender o abecedario. Se observares, nunca se ouve falar em avaliacao dos resultados e fiscalizacao nas escolas. Tudo se resume a "estatisticas"! Enquanto docente aqui numa das privadas, constatei que a cada ano, a "qualidade" dos novos ingressos se ia degradando. E' inadmissivel ter um estudante universitario do ramo de ciencias naturais, que nao saiba calcular as raizes de uma funcao quadratica!!
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