Thursday, August 2, 2007

Mugurutchendje mantém o galope _Crónica de Alexandre Chaúque!

DEPOIS da euforia registada na apresentação do Xingove Xi Dibi Mutchovelo, era preciso manter o ritmo. Porque se um cavalo parte a galope ao encontro das estrelas, tem que manter esse galope até atingir as estrelas. Salimo Muhamad partiu a galope no Xingove Xi Dibi Mutchovelo, ao encontro das estrelas, manteve o galope em Mugurutchendje, mas ainda não atingiu as estrelas, porque ainda não realizou o seu sonho, que é juntar, no mesmo palco, em Setembro próximo, a nova e velha guarda. Aí sim, o Dzudza Muzimba terá chegado à lua: onde sempre viveu desde que a mãe – a Maria – lhe tirou do ventre e lhe passou uma guitarra, com a qual caminha até hoje, abrindo veredas e desencadeando dissabores e amores e bolores e odores.
Maputo, Quarta-Feira, 1 de Agosto de 2007:: Notícias

Foi à Matola onde já se tinha acendido uma espécie de rastilho, avisando que o Salimo vem aí. Ele mesmo. Levou consigo um grupo de músicos que gostam daquilo que fazem. Que amam o trabalho musical e, como todos nós sabemos, cantar e dançar é um acto de libertação. É uma transposição para o tapete das parábolas.
Iam com Salimo o jovem Alex Fonseca, que levou ao palco uma mensagem profundamente comovente. Ele é um deficiente físico, tem imensas dificuldades para se locomover, por causa do defeito de formação que tem nos membros inferiores. Alex Fonseca foi ao palco dizer isso: não venho pedir esmola, mas o vosso apoio. Comprem o meu disco. Escutem a minha música.
Ele precisa das muletas para andar. Chegou ao palco e deixou as muletas no chão, como se elas não prestassem para nada. Puxou pelo microfone, interagiu com o público, fê-lo vibrar e, no fim, ou quase no fim, tirou de uma pilha de discos, que os distribuiu pelo público, atirando-os aleatoriamente, num gesto que ficará marcado por muito tempo naqueles que lá estiveram, sobretudo naqueles que tiveram a sorte de receber o disco, que voava no ar, como as andorinhas. Foi muito bonito. Bonito demais. Doce!
Depois veio o inesperado Jaime Ntuve, pouco visto nos palcos, mas “puxado” pelo Salimo, num gesto de todo axaltável. Jaime Ntuve é uma figura pouco falada nos meandros musicais, mas é um grande exemplo de vitalidade, de vontade. Há uma grande juventude espiritual na espinha mental de Ntuve, daí que, depois de interpretar o primeiro número, levantou a plateia que parecia bastante ansiosa em ver o mestre, que estava, sereno, nos camarins, à espera pacientemente de atacar, como o fazem os tigres nas savanas. Foi uma prestação positiva, a de Jaime Ntuve, tendo dado sinal de que aquele princípio de noite, iniciado por Fonseca, seria memorável.

ALEXANDRE CHAÚQUE
CHE MAFUIANE E ESMERALDO
Maputo, Quarta-Feira, 1 de Agosto de 2007:: Notícias

Estes dois senhores têm lugar cativo nos espectáculos de Salimo Mohamed. Sempre que se anuncia a presença deste monstro, Che Maguiane e Esmeraldo sabem de antemão que estarão lá. Aliás eles são os primeiros a tomar conhecimento.
Estiveram, os dois, no auditório da Matola. Interpretaram os seus temas, aplaudidos por uma plateia participativa, entusiasta, quente. E, quando se retiraram, já tinha chegado a hora de Dzudza Muzimba.
Salimo Mohamed foi recebido efusivamente. O público – maravilhoso do princípio ao fim - levantou-se para o saudar, para lhe informar que Matola se prostrava a seus pés e Salimo agradeceu isso. Pegou neles e não os largou em momento algum. O autor de Xa Ntima I Bodlela era um homem presente, homem de espectáculo. Em cada passo que Salimo desse, lá estavam os aplausos, a dança que acontecia na plateia e algumas no palco (que foi invadido, uma ou duas vezes, por aqueles que não conseguem conter as emoções).
Salimo entrou com a sala com muitos lugares por preencher, os quais foram sendo ocupados à medida que o tempo passava. Mesma assim este artista não desanimou. Não olhou para as cadeias que ainda precisavam de gente, mas concentrou-se no trabalho. Demonstrou um grande sentido de profissionalismo e aqueles que lá estiveram, poderão testemunhar isso. Foi um bom espectáculo. Foi realmente uma festa de fim de tarde este Mugurutchendje. Agora estamos a espera do “Convergência”.
As irmãs Domingas e Belita, uma vez nos deliciaram com as suas belas vozes e os “Filhos do Jordão”, entraram no galope como “gente grande”.

3 comments:

Anonymous said...

gostei de forma como tratou do assunto.

Anonymous said...

Nao vou comentar sobre tudo o que aqui escreveste, porque julgo que nao 'e necessario.

Ta dificil falar via sms coisas, da "orgulhosamente mocambicana", entao decidi retribuir a tua gentileza de ontem aki;



Como te entregarei esta Rosa?


Não sei se a deixo na tua porta
Se a beijo e te entrego em pensamento,
Se peço alguém para entrega-la...

Quero ser eu a entregar te...
Mas tenho medo de não ter palavras para te dizer...
De trocar as letras e falar a mente, coisas sem lógica...
Tenho medo de tremelicar quando olhar em teus olhos...
Tenho medo de chorar...

Mas olha, tirei todos os picos para não machucares...
Sim tirei, não quero que sintas dor alguma, partir-me-ia o coração!
Temo que te magoes, que te machuques, por isso deixei-a lisinha!

Decidi que não serei eu a entregar-te...pois é falta-me coragem!
Recebe-a virtualmente,
Deixo nela um beijo,
Não notes as gotículas que nela caiem,
São as lágrimas que não queria que visses cair quando te dissesse Adeus...

By your Dream Girl

Patricio Langa said...

Simplesmente lindo!Obrigada!