Tuesday, October 30, 2007

O último voo da andorinha de Xitonhana!

Oliveira decreta falência.
30/10/2007

Uma das empresas nacionais mais conhecidas, a Oliveira Transportes e Turismo LTD, diz “não ter mais pernas para andar” devido a insustentabilidade do negócio, pelo que vai decretar falência e colocar a empresa à disposição.
A direcção diz que vem registando prejuízos em termos de custos de operação desde 2000, altura em que a concorrência se estalou com o surgimento de pequenos e velozes autocarros de 32 e 16 lugares.
Sendo assim, a direcção da empresa espera, brevemente, reunir os trabalhadores com vista a fornecer informação formal e lhes indicar os procedimentos seguintes, que incluem particularmente o pagamento de indemnizações.
Um dos administradores da empresa, António de Oliveira, confirmou que essa reunião deve acontecer amanhã, 31 de Outubro em curso, na sede da empresa, em Maputo, podendo juntar trabalhadores, direcção da empresa, sindicato e governo. Depois desse processo, a direcção da Oliveira Transportes e Turismo LTD deve anunciar falência e colocar a empresa à venda.

Fonte aqui
PS:E o que vai ser do Antoninho Maengane do A.Marcos?
É só chapa, Chapa, é só Chapa!
Fazer mais como....?
Facto curioso: Resistiu aos 16 anos de Guerra civil, supostamente pela conquista da democracia e economia de mercado neo-liberal, com boa parte da frota queimada, mas sucumbiu na guerra concorrêncial da economia de mercado neo-liberal! Genito Chimbu...., o que dizes? É uma hipótese para WFC?

14 comments:

ilídio macia said...

Em Setembro deste ano, no seu domicílio, conversei com o Sr. Oliveiras ou simplesmente Xintonhana e falamos de muita coisa e uma delas foi a vida da empresa " Oliveiras Transportes e Turismo, Limitada". A questão da venda da empresa era uma hipótese. Simplesmente uma hipótese. Parece que pelos últimas notícias postas a circular, a coisa parece ser séria. Enfim...

Patricio Langa said...

Sim, Ilidio.
Parece mesmo que a histórica carreira chegou ao fim.
Imagino quantas histórias, quantas experiências individuais e colectivas de gerações, quantas histórias não contadas sobre as Olíverias, jazem em algum lugar.

Eugénio Chimbutane said...
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Eugénio Chimbutane said...

A empresa merece um monumento algures na capital.

Na economia existe um conceito muito importante para as empresas: o ciclo de vida do produto/ serviço ou seja, o produto nasce, desenvolve-se, gera rendimentos e morre. É preciso estarmos em constante sintonia com o estágio do produto ou serviço e com o mercado em que estamos inseridos, para evitarmos que o produto morra ou se não tivermos como evitar a morte, para que o produto seja substituído. Acho que faltou este conceito nas Oliveiras. Não acompanhou estrategicamente o seu produto e o mercado, de modo a se antecipar e inovar o produto.

Por exemplo, vendo que os chapas já eram ameaça, uma vez que beneficiava de reputação e experiência no negócio, podia ter começado a operar a rota Moç/RSA e Moç/Swazi, ou outras opções possíveis e viáveis que o mercado oferece actualmente. A empresa estava habituada ao quase monopólio que deteve durante muito tempo. Este problema ainda vai fazer "cair" muitas outras empresas por aqui se não "acordarem".

As oliveiras foram vítimas de estagnação e passividade em relação ao mercado.

Eugénio Chimbutane said...

A questão que colocas é muito interessante. Já sugeri a um amigo que está a preparar um trabalho do fim do curso de gestão, para escrever sobre Oliveiras. O assunto não andou, parece que não foi fácil contactá-lo para tal e como o tipo andava busy em defender acabou estudando uma outra empresa. Para além de colher as várias histórias de sucesso da empresa, a ideia era de fazer uma espécie de plano de negócios, tendo em conta a nova dinâmica do mercado. Quem sabe se teríamos salvo a empresa.

Quanto à sobrevivência (apesar de que o negócio da empresa havia reduzido no tempo da guerra), concorreram factores como operação “quase monopólio”, facilidade de financiamento a taxas de juro bonificados e com apoio do estado (reconhecimento do papel da empresa para a população). Para além de que o estado poderia ter ajudado muito mais, p.ex, através de um plano de negócio, visando uma reengenharia da empresa.

Por fim, não sei como liquidaram a empresa, mas acho que por de trás da empresa existe uma marca muito forte e marca vale dinheiro. O Sr. Xitonhane devia ter vendido a empresa e não decretar falência, como forma de garantir continuidade e servir de exemplo de sustentabilidade para os novos empreendedores que vão surgindo um pouco por todo lado nesta “pérola?” do Índico.

Patricio Langa said...

Oi.Genito.
Por tudo isto, vejo que o que faltou a Xitonhana foi ter um economista como tu no seu pessoal.
Abrs

Unknown said...

Penso que devíamos (sobretudo as autoridades) ficar senão alarmados, no mínimo preocupados. Eu, pelo menos, estou alarmado. Alarmado e triste. É que, aos meus olhos, o fim das "Oliveiras" significa o fim de um projecto sério, honesto, minimamente profissional e que, acima de tudo, oferecia mais segurança aos seus passageiros. Mas, mais do que isso o "Oliveira" tinha um papel geo-político extremamente importante: ligava grande parte (não tenho dados, mas julgo que uma parte considerável) dos distritos da região sul (incluindo Vilanculo). E tinha uma carreira para Beira! Quem é que formalmente vai assegurar este papel? Os informais? Os chapas?
O "Oliveiras" levava jornais a muitas partes do sul de Moçambique. Entrei em contacto com o jornal Notícias e revista Tempo a partir de Xipadja, minha terra natal algures em Chibuto, através das "Oliveiras"; se bem que de algum tempo para cá deixou de levar. Mas este era um papel extremamente capital no nosso processo de construção de nação. Quem é que vai levar os jornais? O avião não vai para Chibuto!... Nem a Namaacha! Creio que o Governo não devia ficar indiferente a isto, quando sabe que não tem nenhuma empresa de transporte inter-urbano. Confiamos apenas nos Chapas! Que falta de visão.
Este é um deixa-andar de que um país se vai ressentir num futuro muito breve!
Que pena! Até sempre Oliveiras!
MMabunda

ilídio macia said...
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ilídio macia said...

Caro Mabunda,diz, no seu comentário, o seguinte e cito: "o oliveiras oferecia mais segurança aos seus passageiros". Por favor, de que segurança se refere, caro Mabunda?

Anonymous said...

AINDA SOBRE O MO HIBRAIMO

Essa é para o Dr. Macia, ele não tem espaço para anónimos. Ainda não tenho conta na Google.

Dr, não vejo nenhum problema a volta dos pronunciamentos desse professor. Acho que o prémio devia ser simbólico do que milionário. E o professor diz e muito bem, se eles tem muito dinheiro, que venham construir escolas, centros de saúde, etc., e não dar dinheiro a pessoas que não precisam e que acredito que já são bilionários, chegando a ombrear com muitos também bilionários de países desenvolvidos. Quanto às provas, isso é conversa fiada. Não quero dizer que as provas não são importantes, se não alguém podia sair e dizer imponentemente qualquer coisa sobre a outra. Mas essa táctica de provas é muito usada pelos políticos e poderosos, como forma de impedir o acesso de informação sobre a miséria que criam nos seus países. Não é por acaso os órgãos de informações (jornal, rádio, televisão, etc) estão sob controlo dos políticos. O objectivo é enterrar cada vez mais as evidências que hoje exiges. Por isso, quem quiser, que conteste, mas o professor já disse e bem. E queremos cada vez mais compatriotas com esta coragem e frontalidade. Por uma África independente e livre da pobreza!

Old Pirate

Unknown said...

Macia,
Refiro-me à segurança rodoviária. Não tenho dados estatísticos, mas por aquilo que se observa na imprensa, os autocarros das Oliveiras não registam a mesma (ou aproximada) quantidade de acidentes rodoviários que os Chapas... É a esta segurança a que me refiro, a de o passageiro viajar em segurança até ao seu destino. Quantos acidentes dos Chapas não são referidos numa semana?
MMabunda

mozinovador said...

A morte, se assim posso chamar, das Oliveiras pode ser vista de dois lados: 1. Ausencia de politicas que garantam um concorrencia justa na area dos transportes ou 2. Incapacidade das Oliveiras se ajustar as mudancas que veem ocorrendo no sector dos transportes.

Enquanto que a primeira diz respeito ao Governo, a Segunda diz respeito as proprias Oliveiras. Qual delas pesou na falencia da Empresa? Sinceiramente que nao sei, mas uma coisa a economia e a lei da natureza dizem...nada eh eterno. Sera que este era o fim do ciclo natural das Oliveiras? Ou sera que preciptmaos o seu fim? Sera que morrendo uma empresa decente e ficarmos com um sistema de transporte de passageiros completamente escangalhado eh o que queremos? I really don't know!!

ilídio macia said...

Caro Mabunda, estás a analisar a segurança da empresa "oliveiras" em confrontação com a segurança oferecida pelos "Chapas". Já percebo! Quanto a mim a segurança não deve ser analisada nestes termos. Sabe, caro mabunda, no meio de alunos muito fracos podemos ter o menos fraco, ok? Este aluno menos fraco o que significa para ti?

ilídio macia said...

Caro anonymous, tudo bem!