“Depois de tanta insistência com Elísio Macamo numa série dele e do Patrício Langa, percebi que eles não exigiam necessariamente crítica académica ao Azagaia e companhia. Apenas eles não aceitam que isso seja crítica social, mas sim desabafo. Se desabafo é "acusar" sem apresentar argumentos (ao contrário da crítica social), então é possível que eles estejam correctos. Que acham?” (Comentário de Xibeulane no blog Diário de um Sociólogo”).
Pior do que não perceber é insistir em não querer perceber!
Machado da Graça dispensa apresentação, de tão consagrado que é no cenário jornalístico e na esfera pública Moçambicana. Dono de uma escrita peculiar. Actualmente, com uma coluna no semanário Savana para além de colaboração numa série de jornais e revistas nacionais (não sei se estrangeiras também). Como podem perceber é um peso pesado (guru) do nosso jornalismo. Uma verdadeira autoridade nesse campo. Dos seus escritos, o livro de crónicas “Até Ficar Rouco” figura na lista das minhas preferências. Se não me engano – corrijam-me por favor – a crónica é o seu estilo predilecto e de eleição. Domina a pena e brinca com a língua de Camões ou se quiserem de Craveirinha. O que terá acontecido, ao Machado, para escrever uma carta como esta? No que se segue tento conjecturar o que estará por detrás da falta de observância de procedimentos básicos na avaliação de posições opostas de um debate antes de tomar posição.
O texto de Machado foi publicado pelo Jornal Fax Correio da Manhã. Tomei conhecimento da sua existência no internacionalmente conhecido blog Diário de um Jornalista, quer dizer Diário de um sociólogo. No referido texto, Machado toma posição comentado sobre as posições de um debate para o qual parece ter se informado pouco. Se se informou fê-lo superficialmente, como o próprio reconhece no texto. O debate é sobre o intervencionismo, critica social e debate de ideias do qual os leitores deste blog já devem estar cansados de acompanhar por se arrastar há algumas semanas tendo, inclusive, tomado contornos éticos indesejáveis. Esse debate como devem se recordar teve várias nuances e móbeis. Um dos quais foi a critica feita ao conteúdo da letra do músico Azagaia por mim e pelo sociólogo Elísio Macamo. O que dizem que nós fizemos, mas reafirmamos que não fizemos “até ficar roucos”? Dizem o seguinte:
“... se exige que a letra de uma música popular tenha o mesmo grau de profundidade de um texto académico, das duas uma: ou se está a elevar a música popular ao nível universitário, ou se está a baixar o nível universitário ao nível da música popular” (Machado da Graça).
Devo frisar aqui, repetidamente, que a critica não foi endereçada ao Azagaia, muito menos ao Edson da Luz. A análise feita primeiro pelo Elísio Macamo, introduzindo a distinção entre critica social e desabafo, e depois por mim foi sobre tipo de argumentos problemáticos que a letra do Azagaia apresenta. Essas análises nunca tiveram a pretensão de exigir que Azagaia observasse “rigor científico ou académico” como erroneamente insistem em colocar algumas pessoas. Para argumentar bem não é preciso ser académico. Que eu saiba Machado não é académico e mesmo assim domina arte de argumentar. É claro que, como qualquer um de nós, está sujeito ao erro. Não dizem que é humano, o erro? Num outro tipo de sociedade talvez até exigisse letras com mais rigor - aos músicos que quisessem ter a fama de críticos sociais - pelo menos lógico do que denotam as letras de Azagaia. Não posso deixar de desejar que um dia os músicos do meu país sejam mais rigorosos e responsáveis na leitura que fazem do seu país. Quando se quer dar credibilidade ao que Azagaia diz nas suas músicas, as mesmas pessoas que nos acusam de o exigir rigor académico lembram-se, curiosamente, de nos lembrar que ele é estudante universitário com letras grafais. É impressionante como vivem se contradizendo e depois imputam a responsabilidade aos outros. Demonstrei esse aspecto curioso rebuscando a crítica que foi feita ao “Ziqo Maboazuda”, aqui. Disse-lhes que usam dois pesos e duas medidas.
Todavia no caso Azagaia a nossa crítica até incidiu mais sobre aqueles que se aproveitaram do seu desabafo, em forma de música, para elevar essa leitura problemática da nossa sociedade ao estatuto de verdade inquestionável. Quando feito por sociólogos – consagrados – isso é no mínimo um acto de irresponsabilidade. Pior do que isso é distorcer argumento que laboriosamente apresentamos. Ao distorcerem o nosso argumento perdem, assim, a oportunidade de apreciá-lo nos seus méritos e deméritos. Critiquem-nos sim, mas por aquilo que dissemos e defendemos. Não nos critiquem por quilo que acham que dissemos. Critiquem-nos sim, por aquilo que escrevemos e não pela intenção que vocês acham que estava por detrás da nossa critica. Como poderiam provar, por exemplo, que a nossa intenção era aparecer, “passar”? Aparecer para quem? Passar para quem? No mínimo esse tipo de acusações infundadas seria circular para além de ser supérflua para o debate ideias. Se o próprio Machado reconhece que essas pessoas são “intelectuais de elevado nível” porque precisariam justamente de Azagaia para se fazer passar? Ninguém quer passar. Viemos para ficar.
Não me importaria que essa distorção viesse daqueles que mesmo concordando connosco insistem em afirmar publicamente que discordam só para não dar o braço a torcer. Há gente que já demonstrou que não está a fim de debater. Porque quem quer debater não se enreda em doutrinas fechadas e no seguimento de reveladores dogmáticos da verdade. O debate faz-se de espírito aberto para a crítica. Não existe adesão incondicional no debate crítico de ideias. É preciso estar sempre, mas sempre mesmo, a avaliar e reavaliar o mérito dos argumentos. Dizia que não me importaria que a insistência na distorção viesse dos "arautos da revolução". Estará Machado da Graça a aliar-se, a tomar partido? Duvido? De Machado, por tudo que já demonstrou na sua longa carreira jornalística, esperava (ainda espero) no mínimo mais cuidado na avaliação dos diferentes argumentos apresentados no debate antes de tomar partido. A não ser que a lógica de tomada de partido seja idêntica aquela daqueles que se declararam seguidores incondicionais e caninamente fiéis de um certo professor, não importando o mérito dos seus argumentos. Um seguimento dogmático. Aí sim, a surpresa teria me tomado mesmo de surpresa, passe a redundância! Pelo que percebi da carta de Machado parece que nem sequer teve acesso, senão a todos, pelo menos aos textos fundamentais de uma das partes na contenda. Limitou-se a usar, como ele bem reconhece, o resumo problemático feito numa das edições do Savana e que eu já havia denunciado como não sendo fiel.
Baseado nessa suposição, de uma leitura e tomada de posição apressada, vou relevar a carta de Machado e convida-lo a (re)ler os textos que eu e o Elísio Macamo escrevemos sobre o assunto. Ao fazê-lo beneficio a dúvida, porque não acredito que um jornalista da craveira de Machado, por tudo que já demonstrou tome posições, como esta da carta, sem avaliar o mérito da questão.
“Simplesmente foram estudados no sentido de perceber o que é que, numa determinada sociedade, tinha provocado aquelas canções de protesto. O que é que tinha transformado aquelas pessoas em cantores de protesto. Ora não parece que seja isso o que está a acontecer por cá. Não me parece que os nossos distintos académicos estejam a analisar a nossa sociedade para perceberem a razão de ela ter produzido um Azagaia” (Machado da Graça).
Penso que devo manter a mesma postura, de dúvida, em relação a ideia exposta no excerto acima. Não seria “justo” exigir de Machado que saiba o que se produz cientificamente neste país, nas condições que ele (im)possibilita, sobre a nossa sociedade. Bastaria dizer que uma parte dos que podiam estar a estudar socialmente este país com “rigor científico” – que não foi o que exigimos ao Azagaia – para saber como se produzem e porque se produzem Azagaias limitam-se a fazer eco ao que o cantor diz, juntando-se a ele no coro do desabafo. Aí estamos mal mesmo, pois ficamos poucos a reflectir sobre estas questões pertinentes que Machado coloca. Digo isto para não ser altivo e apresentar-lhe uma lista bibliográfica de estudos sobre os mais diferentes temas e assuntos do nosso país. Digo isto para não por em causa a concepção de ciência – as condições teóricas e sociais de sua produção – que Machado deve ter. Prefiro insistir no benefício da dúvida. A única coisa que peço por enquanto parece simples. Avaliem o mérito da questão. Avaliar não é concordar comigo e/ou com o Elísio Macamo. Avaliar o mérito da questão é submeter aquilo que nós dissemos ao escrutínio. Mas sejais justos, dai a César o que é de César e não nos atribuam argumentos que não defendemos. Depois disso podemos voltar a debater.
38 comments:
O senhor merece uma palavra: porco.Pobre diabo.
(Bila)
Você um MAL-CRIADO, sabia? Voce sabe que está tramando o seu próprio futuro?
Um dos conselhos a lhe dar agora é dirigir-se a um psicológico. Você está doente!
Bom dia,
Conheci o seu blog através do comentário que deixou no do bayano, não pude lê-lo todo mas já posso lhe dar os parabéns pela “audácia”. Só não percebo uma coisa, porque razão recorre-se ataques pessoais, quando o que está em causa são pontos de vista ou formas de pensar diferente? Como interpelar os dois comentários acima por exemplo? Gostava de apelar aos que não concordam com o que está aqui escrito, que defendam isso, com argumentos, assim saimos todos a ganhar.
Um abraço
Ray
Estimado Ray.
Obrigado pela visita a este espaço. Sinceramente, não consigo ver no meu texto algum ataque pessoal a ninguém. É possível que eu esteja equivocado, mas se fiz algum ataque pessoal porque não me mostram? Eu poderia fazer uma lista de ataques pessoas e apelidos com intenção desqualificar que passam noutros blogs sem que ninguém se chateie. Quem quer se “Passar”? Quem é Cavaleiro da Tavola Redonda? Quem é mosqueteiro? Quem é Mandarim do saber? Quem é puxa saco? Enfim, a lista é infinita. Alguém já chamou atenção a quem produz esses estereótipos? Eu ainda não vi, talvez por distracção.
Os dois comentários que antecedem o seu caro Ray já nem são ataques são insultos directos. A isso eu não respondo. Podia censurar, mas isso cabe a consciência de cada um. Volte mais vezes.
Um abraço
A frase polémica:
“...conhecimento da sua existência no internacionalmente conhecido blog Diário de um Jornalista, quer dizer Diário de um sociólogo”.
É um FACTO QUE o “Diário de um sociólogo” é internacionalmente conhecido. Quem disputa isso? Ficou posicionado nos lugares cimeiros do concurso BOBS para blogueiros na Alemanhã. Consta do Global Voice, do Site da BBC em português é o blog escrito Português mais lido nos Palop, tem correspondentes nacionais e internacionais. O próprio autor afirmou que vai prestar mais atenção ao que se passa além fronteiras. Onde está a distorção aqui? Se esta mesma caracterização tivesse sido feita por outra pessoa (aqueles que concordam incondicionalmente) seria vista como ataque pessoal ou elogio? De que maneira é que esta informação desqualifica o autor? Estou atónito! Pessoalmente, noto um grande esforço de revisão de imprensa nacional e internacional naquele espaço, para além da clara perspectiva sociológica. Já disse várias vezes que quando estou fora do país é onde melhor me informo sobre o que se passa no país. O próprio comentário do concurso BOBS refere-se a veia jornalística e sociológica do Blog. Onde está a descaracterização aqui? Como disse um comentador - e bem - o jornalismo (esta profissão Nobre (existe alguma que não é nobre? – que o diga o Bayano – é um bom complemento para o sociólogo. Seria bom – no meu entender – que em cada jornalista habitasse um sociólogo.
Eish!!!
Aguardo mais insultos.
espero, sinceramente, que nao tenha mais insultos. sinto mto por si. ninguém deve ser insultado por pensar diferente. coragem meu Jovem. ha muita gente que o admira. Nao percebo nada do que se passa, mas de uma coisa tenho a certeza nao se chama nomes a ninguém por pensar diferente. Pior do que os insultos é o silencio cumplice. Aprecio a tenacidade, coerencia e integridade com que defende as suas ideias.
Quando olho para tudo isto uma enorme tristeza sufoca o meu coraçao, pergunto-me o que diria Martin L. King, Kwame Nkrumah, Amilcar Cabral foi para isto que eles perderam suas vidas, para que os intelectuais hoje nao sejam capazes de dialogar? coragem jovem.Coragem. Um dia a luz da justiça analisara todos estes fenomenomos com a insençao que se quer necessaria. Nao se deixe abater. Coragem jovem. Nos nossos dias, sao poucos os homens integros, repare, que eu nem sequer percebo o que esta em causa, mas admiro sua tenacidade, coragem e integridade. Nao se chama “porco” filho do diabo a ninguém. Coragem Jovem.
Ana Macheve
Subscrevo o que disse Ana Macheve. É simplesmente deplorável o que está a acontecer na blogosfera. Este espaço foi invadido por pessoas mal educadas, incapazes de avaliar argumentos. Eu próprio tenho sido vítima de alguns insultos e ataquespessoais de parte de alguns frequentadores do blog de um socilógo. Creio que, daquela forma, pensam estar a prestar um valioso serviço a Carlos Serra. Não se aperceberam que ele não precisa daquele tipo de lambe-botismo. De certeza que os despreza tal como eu os desprezo.
Obed L. Khan
Cara Ana
Faltam-me palavras para lhe agradecer pelo seu encorajamento. Obrigado por essa força. Faço o que faço na convicção de que o debate de ideias é a única saída que nos resta no longo processo de emancipação deste pais. É uma pena que o debate esteja a tomar os contornos que está a tomar. Essa é uma realidade com a qual – infelizmente – teremos de aprender a lidar por algum tempo. É produto – suponho – do domínio hegemónico de uma forma de pensar o país que está sendo posta em causa. Há pessoas com uma “herança cultural” (familiar) que lhes permite escrever “bem” o que pensam, mesmo que não pensem “bem” o que escrevem. Hoje, estão a surgir, timidamente, mas com convicção, pessoas para quem “pensar bem” – (atitude critica responsável) não é uma herança cultural (familiar), mas uma conquista da escola e da vida. Pessoas como a Ana encorajam este segundo grupo. Mais uma vez muito obrigado.
Volte sempre, este espaço é nosso!
Caro Obed.
Tenho seguido com muita atenção os seus comentários nos diversos blogs em que participa. Nunca notei a malícia de que o acusam nos seus comentários. Dos comentadores deve ser o que mais insultos recebe. E quem o insulta? Os defensores dos deserdados e da “boa” moral, os que amam a pátria, os que defendem as nossas florestas, e por ai em diante. É fácil para eles levantar a bandeira das “boas intenções”. Este país só vai se safar no dia que começar a desconfiar daqueles que vem cheios de boas intenções e a oferecer caridade. Olha só qual é a moral de quem diz sair em defesa dos deserdados! Enfim, caro Obed felizmente alguém se apercebeu bem antes de nós que nem sempre a maioria é que têm razão. Cada vez mais noto que afinal podem até nem se quer ser a maioria!
Um forte abraço.
Oi
Afinal, o que é a ociologia? Cultura? :)
Estimado Langa
Poderia comentar a carta de Machado da Graça e a sua resposta à carta. Não o farei. Acho que outros leitores poderão fazê-lo melhor do que eu. O que se faz imperativo neste momento, e que talvez eu tenha um pouco mais de competência para tecer daqui das bandas do Atlântico, diz respeito a minha solidariedade para com a sua pessoa.
Venho acompanhando sempre, desde a primeira postagem sobre o Azagaia, de longe e com um olhar externo, este “debate”. Furtei-me várias vezes a enviar comentários, alguns até já esboçados por mim, pelo fato de ser cautelosa quando o que se discute não faz parte de uma realidade próxima . Aqui no Brasil temos um ditado popular: “em briga de marido e mulher, vizinho não mete a colher”. Claro, o marido e a mulher, no caso em questão é o outro. Eu discordo deste ditado por que toca a irresponsabilidade com o outro. Considerando isso é que faço este assumido desabafo (e não crítica social, perdoe a picardia).
É lamentável que cheguemos, e aqui me incluo enquanto leitora, a tal (des) nivelamento. Descer o debate e a qualidade das idéias, parece-me até suportável, ainda que terrivelmente enfadonho às nossas análises, mas a ofensa direta e pessoal, as palavras e a linguagem rasteiras soam-me muito mal. E aí não posso deixar de meter a minha colher!
Somo ainda a isto o fato de esquecemos que, embora este seja um espaço essencialmente moçambicano, olhos do mundo inteiro podem estar por alguns momentos voltados para este espaço que tem como intuito o livre trânsito de argumentos. Isto deveria, por si só e forçosamente, lembrar-nos a todos, leitores, comentaristas e autor do blog, de nossas responsabilidades ao escrever aqui. E quem julgue não precisar ser responsável , que seja pelo menos educado.
Portanto, como argumentos não combinam com potenciais xingamentos, a não ser na rima, sugiro que o estimado Langa crie um espaço próprio, uma coluna paralela, talvez, específica para ofensas, atirar de pedras e coisas do gênero. Pronto! Os anônimos ficariam felizes por cumprir o papel de “francos-atiradores” e, por outro lado, nós, e principalmente você próprio, não nos respigaríamos com tamanha falta de moral e elegância.
Também, sugiro, agora com minhas desculpas por tanta sugestão, que mude o tom da sua última frase na postagem “O mérito da questão” – “Depois disso podemos voltar a debater” para Depois disso NÃO voltamos a debater.
Reforçando a minha já dita solidariedade, um abraço.
Sueli
Estimada Sueli.
Muito Obrigado pelas palavras de alento.
É de facto lamentável o “nível de baixaria” revelado por aqueles que ainda por cima se consideram defensores dos deserdados. Como podemos ver são capazes de tudo, até passar por cima de princípios básicos de “boa educação”. Felizmente, os insultos prestam-nos um grande serviço. Os insultos documentam o tipo de princípios ético -morais dos defensores dos deserdados. Uns até são instruídos, mas (in)felizmente há valores ético-morais que não se ganham com canudo. Não estão habituados a ser contrariados. A sua vontade, desejo e, pior do que isso, leitura problemática do real é imperial. Quem pensa diferente deles é tudo isso que eles chamam. Quando uma voz lá do outro lado do Atlântico (Brasil), sem nenhum comprometimento directo com os problemas deste País, i.é. um olhar externo consegue perceber o que a Sueli demonstra pelo seu texto, devia no mínimo levar essas pessoas a pensar no que dizem. Não seria esperar demais deles? Todavia não se espante se um dia a atacarem também. Aí não sei o que dirão. Provavelmente que quer ser embaixadora do Brasil em Moçambique. Porque para eles, na sua mentalidade conspiratória, reina a ideia de que quando se sai contra os seus argumentos problemáticos sobre seja lá o que for está-se a fazer serviço ideológico para o governo. Quem sabe seria altura de abrirmos uma agência de inter-nacional consultoria para defesa dos Governos e começar a cobrar por isso. Pelo menos aí as acusações nãos seriam infundadas. Enfim, não lhe queria envolver em “briga” – alheia. Contudo como diz a Sueli, e se a entendi bem, a razão não têm fronteiras geográficas. Na China (que por acaso eles xenofobizam, agora) ou na conchichina uma falácia é uma falácia. Mais um a vez obrigado por visitar este espaço transfronteiriço em termos de debate de ideias e volte sempre.
Um forte abraço com calor do Índico!
Patrício,
Tens razão!
Mas poupe o professor Serra por favor! Será que não consegue escrever mais nada sem envolvé-lo?
Se eu fosse você, eu não escreveria mais sobre este assunto, nos próximos dias. Parce que vocês já esclereceram mais que suficeiente os vosso ponto de vista. Quem não quer ouvir, que continue tapando os sues tímpanos.
façam como o Padre António vieira, quando desse um sermão, bastava que uma pessoa entendesse, para concluir que foi bem dado, o resto são cantigas.
Magupela,
Que eu me lembre o Patricio nas suas últimas postagens não falava no professor. Esta última fê-la em resposta a carta do Machado da Graça, postada pelo Professor no seu blog, aliás na introdução o Professor lembra que já chamou esses académicos de cavaleiros.....
E mais, se não estou em erro, o primeiro artigo polémico feito pelo Patricio e dirigido ao professor foi em resposta aos cavaleiros..., depois aos mandarins, musculados, ngungunhanicos e por aí fora.
Então caro Magupela, o Patricio só reage.
Eu entendo a sua preocupação, mas acho que está a expô-la no lado errado.
Um abraço
Rock
Estimados.
Magupela.
Obrigado pelo comentário e pela sugestão.
Sabe, caro Magupela, eu não discuto o professor C.S. Eu discuto as suas ideias, postura académica e no espaço publico. Quer dizer, aquelas coisas que transcendem a esfera da sua vida privada. Essas coisas já não podem ser da sua alçada, pois tem implicações na nossa sociedade. Aí não tenho como me furtar ao debate. Agora, sobre a vida (privada) do professor C.S não me meto, e acho que nunca me meti. No entanto, eu percebo a sua intenção. É nobre. Como o Magupela também acha que agora não se trata de os nossos interlocutores não terem percebido o “mérito da questão”. Se não, porque insistiriam na atitude de nos imputarem argumentos que nunca defendemos? O excerto do Xibeulane que cito acima é explícito nisso. Enfim. Obrigado pela força.
Volte sempre.
Rock.
Agradeço-lhe também pelo comentário.
Noto que está a acompanhar o debate com muita atenção. Daí ter se apercebido da sequência que apresenta de onde tudo começou.
Permita-me referir-me a outro aspecto que requer muita atenção. Consigo seguir o rasto dos que visitam o meu blog e esse rastreio desmente algumas afirmações. Há quem afirma publicamente que só ouve dizer que alguém escreve coisas a mal-dizer de si. Diz que não se baseia em fofocas, não têm tempo para visitar todos blogs (eu também!, seria impossível). No entanto seus textos (leia os Mandarins) são uma clara referência (resposta) ao que se escreve nesses blogs. Não seria sensato ir visitar (melhor reconhecer que visita) os tais blogs ao invés de reagir em função do que ouve dos mensageiros? Eu recomendo os meus alunos na medida do possível a preferirem as fontes originais.
Mais uma vez obrigado.
Iolanda.
Obrigado pela sua intervenção.
Subscrevo na íntegra a sua interpretação dos desta epopeia. Tenho acompanhado os seus comentários nos diversos espaços em que participa. Reconheço neles a intervenção uma pessoa com ideias próprias, convicção, integridade a acima de tudo responsabilidade pelo que diz. Já li muitos comentários seus onde apresenta posições diametralmente opostas dos seus interlocutores. Fá-lo de uma maneira a incentivar o debate. Quantas vezes não discordou do autor do “ideias críticas”? Várias, mas com elegância. Depois do que disse só lhe posso agradecer e esperar que a sua postura sirva de exemplo para muitos de nos (eu inclusive). Recebi com muito carinho as chamadas de atenção (públicas) que fez para que moderasse a minha linguagem. Não sou perfeito, mas pessoas como a Iolanda contribuem para que eu faça da perfeição um desiderato e valor a perseguir. Uma ultima consideração. Penso que a intenção da Sueli (sem querer falar por ela) não era sugerir a apatia por se tratar de assunto alheio. Não vejo diferença substancial nas vossas ideias. Foi mera questão de colocação.
Um forte abraço
Volte sempre.
O que se está a passar é que algumas pessoas colocaram o Professor Carlos Serra na posição de um Profeta. Na posição de quem traz uma nova Revelação. Deste modo, consideram todas as suas ideias como verdades absolutas. Veja-se que até tem seguidores. Estes seguidores reagem instintivamente contra qualquer tentativa de debater o que o Professor Carlos Serra diz. Até com recorrência a insultos torpes.
Porque, felismente, há uma parte dos interventores do debate público que apenas vêem no Professor Carlos Serra um homem de ideias. Sendo que essas ideias do Professor Carlos Serra podem ser discutidas como as de qualquer outro mortal.
Mais ainda, as ideias de Carlos Serra são as ideias de um homem influente. Um homem que conquistou essa influência com muito trabalho. O que ele diz influencia a maneira de pensar o nosso país de uma maneira muito grande. Poucos têm essa influência. Por isso mesmo, o que ele diz deve ser debatido. Até para as pessoas, dentro e fora do país, não as tomem como um oráculo, ou como uma revelação divina. Para que outros prismas sejam tomados em conta. É por isso que muito de nós insistimos em comentar, em debater.
Creio que esse debate não minimiza, de maneira alguma, o Professor Carlos Serra. Se um dia ele quiser confessar, há-de dizer o quanto esse debate o empurrou a apurar seus argumentos, ou mesmo a reformula-los.
Creio, finalmente, que sem as interpelações de que é objecto Carlos Serra, seu blog seria bastante insonso.
Por mim me proponho a continuar a debater o que diz Carlos Serra, o que diz Patrício Langa, o que diz Elísio Macamo, o que diz Chapa100, o que diz Bayano... Às vezes com acrimonia. Mas com muito respeito.
Que os seguidores declarados continuem a insultar, isso é assunto deles.
Obed L. Khan
caro patrício,
vou-me convencendo cada vez mais que certos temas são um tabú, e que devemos remar para bem muito longe de certas águas. vais ter que descontar os insultos de alguns anónimos e ires em frente. vou fazer minhas as palavras de voltaire (penso que foi ele): posso não concordar com o que dizes, mas defendo até à morte o teu direito de te exprimires.
ademais, acho que é altura de se fumar o cachimbo de paz pois esta questão já foi longe demais. de alguma forma noto que as pessoas começam a tomar partidos, quando deviam se deixarem intoxicar com a diversidade intelectual da nossa bloguesfera. porquê temos que ter uma visão maniqueísta do mundo? porquê o preto e o branco? gente, o arco-íris é bonito!
caro Bayano Imagine se homem algum tivesse remado contra a maré, o que teria sido do mundo hoje. Imagina se homens e mulheres, incluindo voltaire que o Bayano cita, nao tivessem defendido suas ideias, as sociedades ter-se-iam transformado? Se outros se tivessem calado o que teria sido dos direitos das mulheres, dos negros, dos homosexuais, dos emigrantes, etç, etç ...
por vezes bayano sob coberto de diversidade intelectual, esconde-se uma grande (in)tolerancia. ademais, o arco iris é bonito, porque cada cor ocupa o seu devido lugar. cada cor respeita a posiçao da outra cor e assim convivem lado a lado, por vezes falam de uma so voz, assim vemos a luz branca, outras vezes discordam e decompoem-se nas suas 7 maravilhosas cores. respeitam a diferença, caro Bayano. Dialogam entre si e assim vao aparecendo , pretas, brancas, rosa, vermelha e por ai fora. Por cada citaçao que utilizamos hoje. homens e mulheres foram marginalizados ontem.
agora se chamar nomes e subescrever, é arco iris, entao prefiro ver o mundo negro. atendendo que o negro absorve todas as cores do espectro do visivel, entao, ele tbem é multicolor. Creio como o Obed que esse debate não minimiza, pessoa alguma. Antes pelo contrario da visibilidade à sociologia moçambicana. Até porque zangas e criticas entre docentes, sempre existiram pelo mundo fora; moçambique nao é o unico caso. creio que nao se devem chamar nomes as pessoas por pensar diferente. Ao incentivar o Prof Langa a continuar, incentivo-o nas suas reflexoes, no seu pensamento, no que Langa tem de melhor para engrandecer as ciencias sociais. mesmo que nao pactue com tudo o que ele escreve. É tudo Bayno. O resto, nao me interessa. Até porque voces sao todos amigos.
Depois de tantas contribuições, a margem de manobra é escassa.
A briga que corre na blogosfera, quando flui com elevação, terminará por enriquecer o debate e os seus intervenientes.
A não ser que optasse por uma espécie de antropologia politica e, ao recuar no tempo, poderia sempre fazer uma achega ao que o último camarada disse. Outros tempos!
Tenho para mim que os blogs não têm nacionalidade. Nem donos! Têm autores. Recuso-me assim a exibir o meu passaporte de viajante da blogosfera.
Tentei trazer para aqui algum humor provavelmente sem êxito. Isto de humor não é para todos é para quem sabe.E eu sou fracote.
Resolvi visitá-lo mas, ao fazê-lo, deparei com uma situação que já condenei noutros espaços. Refiro-me, naturalmente, aos golpes baixos.
Se me permite, gostaria de reafirmar que o insulto mata o debate. O recurso a este expediente é etica e politicamente inadequado. Todos temos o direito de pensar com as nossas cabeças mas não podemos perder de vista que a nossa liberdade termina onde começa a de outrem. Depois, não existe, nunca, liberdade para ataques embrulhados em insultos. Fico por aqui
Abraço
pha karingana patricio! eu perdi a essencia da discussao que prolonga-se na blogsfera. nao posso tolerar a falta de "cultura" para com o debate de ideias, por exemplo os insultos provocam-me um mal estar.
voltando a essencia do debate, fiquei perdido, porque sao varias as questoes "retractadas" no mesmo texto ou debate: rigor e metodo cientifico, academia e activismo social, critica social e desabafo, os deserdados e a mentalidade critica, um data de conceitos e enunciados.
o merito da questao esta no espaco de debate.
Estimada Agry.
A sua piada, ou tentativa de piada, têm piada! (rsrsrs)!Vê? A mim, pelo menos, fez a boca apanhar uma lufada de ar fresco. Não é que nem me apercebia que andava fechada fazia algum tempo! Obrigado pelo seu comentário. Continuemos o debate e esqueçamos este episódio triste. As reacções aqui mostram que ainda temos consciência do que é desejável na blogosfera. A prudência, respeito e bons modos vão prevalecer com certeza. Esses valores afinal têm vários guardiães.
Um forte abraço
Pho Karingana!
E o “xitiko ni mbaula” (é assim que se escreve) está anunciado.
Tens toda razão: o mérito da questão é estabelecermos um espaço de debate salutar!
Kanimambo.
minha amiga aguiar,
longe de mim dizer que chamar nomes faz parte do arco-íris. o que quis dizer é justamente que não aos name calling e sim a diversidade intelectual. não foi por acaso que disse: "de alguma forma noto que as pessoas começam a tomar partidos, quando deviam se deixarem intoxicar com a diversidade intelectual da nossa bloguesfera". o que a bloguesfera tem de rico é a diversidade de ideias que nela pululam. agora, acho eu que quem não aguenta com o que fulano, beltrano ou sicrano escrevem devia ou trazer argumentos bem fortes ou ficar no seu canto, e deixar de insultar a quem quer que seja. se eu digo ao patrício para ignorar os insultos, é porque tendo sido pessoalmente vítima deles procuro abstraír-me e de alguma forma tentar ensinar aos meus detractores. força ai patrício.
para mim, há momentos em que quando o debate vira debate de surdos não faz sentido continuar. o que me parece estar a acontecer é justamente isso. diz e bem o chapa100 que perdeu a essência do debate. é esse o receio que tenho eu. de alguma forma perdemos tempos a trocar mimos intelectuais quando nos devíamos enriquecer. quando o debate resvala ao nível de insultos é altura de deixar e irmos em frente.
caro patrício, caros amigos, infelizmente estive longe de computadores nos últimos tempos. junto-me a todos quantos se distanciaram de certas formas de discussão para encorajar o patrício e a todos nós a continuarmos a dar valor ao debate de ideias. o debate de "surdos" foi sempre sobre esta questão. não creio que os autores dos insultos de que o patrício foi vítima sejam adeptos ou seguidores do autor do blogue "diário de um sociólogo". há sempre oportunistas nestas coisas. mas seria tão bom que ele se distanciasse dessa gente, uma palavrinha apenas a dizer que não está interessado no debate, mas que não se identifica com a cultura de algumas pessoas que pensam estar a falar em seu nome. só isso daria um outro rumo ao debate saudável de ideias. só isso. é claro que ele não pode assumir responsabilidade pelo que gente anónima faz. mas seria um gesto tão nobre! uma única vez.
“La sociologie est un sport de combat »
“Pierre Bourdieu : Je pense que la sociologie dérange et le sentiment un peu obsidional que je pourrais éprouver en tant que sociologue est malgré tout neutralisé par la contradiction même des attaques. Je pense en particulier que les accusations de type politique dont la sociologie est l’objet ont au moins cette vertu d’être contradictoire et de ce fait, elles permettent de vivre. Bon, il est vrai que la sociologie n’est pas toujours facile à vivre.”
http://www.sociotoile.net/article23.html
« Une bonne partie de ceux qui se désignent comme sociologues ou économistes sont des ingénieurs sociaux qui ont pour fonction de fournir des recettes aux dirigeants des entreprises privées et des administrations. Ils offrent une rationalisation de la connaissance pratique ou demi-savante que les membres de la classe dominante ont du monde social. Les gouvernements ont aujourd’hui besoin d’une science capable de rationaliser, au double sens, la domination, capable à la fois de renforcer les mécanismes qui l’assurent »
in Choses dites
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Vous êtes bien un fils de Bourdieu Monsieur Langa. En effet, vos propos dérangent. Votre caractère agace. Tenez bon Monsieur. Bon courage.
Cordialement,
Paula Lemos
Caro Elísio.
Obrigado por te associares no gesto dos que repudiam insultos e se interessam por um debate mais decente. Está ser difícil mudar a cultura de debate, mas devagar chega-se lá. Um dia poderemos debater sem os vícios que a nossa esfera pública apresenta agora. Alguém tem que começar. Agua mole...! Tens razão ao sugerir que há oportunistas que falam em nome (mesmo que em anonimato) do prof. C.S. Já o vi, no diário..., distanciar-se desse tipo de oportunistas que insultam pensando que o fazem a seu favor. Por isso, sei que o professor jamais se dirigiria a mim naqueles termos. No entanto, as vezes o silêncio é cúmplice. Como ele admite não que visita o meu blog mesmo que seus textos sugiram o contrário vou supor que só não se distanciou porque não leu o que foi escrito.
Estimada Paula Lemos.
Obrigado pelo seu comentário.
Confesso-lhe que o meu Francês anda enferrujado. Pessoalmente, simpatizo com muitos aspectos da visão de sociologia de Bourdieu. Todavia, foi preciso conhecer “melhor” a sua obra e de seus comentadores para aderir com moderação. Considero-me um Bourdieusiano cauteloso. No meu entender existem vários Bourdieus. O Bourdieu de "Coisas ditas", Bourdieu de "Contrafogos 1 & 2", da "Sociologia como um desporto de combate", mas também Bourdieu de Edições Pascalinas, Bourdieu de Homoacademicus, Bourdieu da Miséria do Mundo e por ai em diante. E aqui não é apenas uma questão de listar suas obras. Estou a falar de sociólogos diferentes que habitam o mesmo Bourdieu. Estou a falar de um activista anti-globalização (neo-liberal) e que foi bastante criticado chegando a ser considerado “Bourdivin”, mas também de um sociólogo reflexivo da própria prática sociológica enquanto disciplina cientifica. . Se Bourdieu foi atacado por causa da forma como se engajou, em algum momento, poucos o atacam por usar a sociologia para legitimar suas opiniões (doxa) que não derivavam das suas análises sociológicas. Nisso Bourdieu sempre foi cuidadoso. Bourdieu não confundia ciência com politica.
Enfim, não pretendo debater Bourdieu num comentário. Pretendia agradecer-lhe por visitar este espaço e deixar seu comentário.
Volte sempre.
Merci
O seu comentario é deveras interessante. Concordo consigo, claro que existem vários Bourdieus, pela força das coisas nous somos o resultado das varias personagens que interpretamos ao longo da vida. Mas isto nao impede que haja uma linha condutora do nosso pensamento. Bourdieu incomodava. Incomodava porque pensava. Incomodava porque assumia suas posturas com sagacidade, tenacidade, resultado de uma reflexao profunda. Em todas as suas reflexoes estava patente um verdadeiro trabalho reflexivo. O primeiro paragrafo que coloquei é justemente o excerto de uma entrevista dada por Bourdieu em que ele dizia “ eu penso que a sociologia incomoda e o sentimento, digamos, obsecivo , que eu poderia ter enquanto sociologo é neutralisado pela contradição mesmo dos ataques. Eu penso, em particular, que as acusaçoes de tipo politico das quais a sociologia é objecto, têm pelo menos esta virtude de serem contraditorias.” Queria chamar-lhe a atençao para o lado incomodativo da sociologia. A sociologia incomoda nao so pelo seu lado activista, mas tambem enquanto instrumento que oferece uma racionalização do conhecimento. tomando em sentido figurado, Monsieur, a sociologia é um desporto de combate. Não é o que o senhor vem fazendo depois do celebre post sobre as florestas la no DS, ja ha mto tempo. Monsieur Langa , por um lado et Monsieur Serra, por outro lado, utilizam duas das multiplas personagens de Bourdieu, para um mesmo fim, o entendimento da realidade social do vosso país. Voces utilizam a sociologia como arma de combate, incomodando e incomodando-se um ao outro, na boleia, põem o resto da esfera publica a refectir. É por isto que a sociologia é dificil de ser vivida.
Não sou bordiana, interessa-me a blogosfera enquanto, percursora de conhecimento e veiculadora de ideias aqui, seguimos com muito interesse o confronto Langa x Serra, desde o caso das madeiras, afinal foi la que tudo começou. É impressionate como as posiçoes mudaram o PL interagia menos com os comentadores que CS. agora da-se justamente o contrario. Enfim, uma das conclusoes a que chegamos é que CS, luta apenas pelas audiencias, e deixou de interagir com seus comentadores em termos reflctivos. Repare-se nas reflexoes dos actuais comentadores. A Todo aquele que faça CS reflectir, enfim que ponha em causa o seu pensamento, CS nao responde. Assim os comentadores partem, um a um, em silêncio. Achamos esta postura demasiado curiosa, sobretudo num homem que estudou aqui na França, onde até nos cafés os debates sao chauds e ninguém se furta a argumentar e contra argumentar. Chegamos a zangar uns com os outros, mas depois tudo volta ao normal. É assim. O dialogo permite tudo esclarecer. Particularmente estou muito admirada, pela maneira como CS, se furta ao dialogo. Ora numa época em que todos meus colegas africanos pautam-se pela formação do espirito critco. So posso ficar abismada. Parece que na luta pelas audiencias, Serra esquece-se do verdadeiro significado da sociologia. é inquietante. Participei muito nos debates no DS, no inicio, e CS era o contrario do que o Monsier Langa é hoje. Aqui um bom blog mede-se pela quantidade e qualidade de intervençoes. Professores e jornalistas blogam, mas o que valoriza os seus blogs sao as intervençoes dos comentadores, pois sao estes que determinam o debate. Enfim , so para lhe dizer que seguimos com mto interesse o debate “ Serra x Langa”, tem materia para refelxao, quem sabe um artigo...
Claro que nao é agradavel ser-se chamado “cochon” mais, é consequencia da recusa ao debate. Silencio. A direita utiliza muito este instrumento :) Sarkozy aqui prometeu-nos mundos e fundos, prometeu que ia reduzir o poder de compra dos franceses, entre outras coisas. Na impossibilidade de cumprir com as promessas, não se pronuncia sobre as reais inquietaçoes do povo na França. Silêncio. Vai-nos entretendo com os seus romances, Carla Bruni, Cecilia sarkozy, assim foi ficando no top das audiencias....
Enfim, breve pior que os “nomes feios”, é o contexo em que esses nomes sao produzidos. O silencio não é inocente, nessa produção. Enfim Monsieur continue a sua luta. Concelhos nao se dão...mesmo assim se eu estivesse no seu lugar faria como o Moniseur Magupela seguia as pisadas do “Padre António vieira, quando desse um sermão, bastava que uma pessoa entendesse, para concluir que foi bem dado, o resto são cantigas.” Penso que ja todo o mundo entendeu. Pelo menos aqui, a pequena comunidade cientistas sociais, que se interessa sobre o caso, ja entendeu. Claro que achamos Monsieur Langa, excessivamente nacionalista, mas até o compreedemos, com a mundialização, os povos tendem mais e mais a afirmarem-se. Foi um prazer. Bon courage.
Paula Lemos
É uma pena que o espaço de debate que se está a (tentar) criar em Moçambique por este e outros meios resvale para um nível que já supunha não poder existir.
Não sei porquê, algumas reacções não mer surpreendem. De tempos em tempos a nossa esfera de debate nos brinda com situações deste género: leituras distorcidas das ideias dos outros e tentativa de ridicularizar o "oponente" do momento.
Há 6 ou 7 anos discutíamos estas mesmas coisas: honestidade na leitura dos escritos dos outros. Esperava que a esta altura estivessemos todos MADUROS. Este episódio faz me lembrar as reacções a um texto com o título "Os Amurralhados Raciais" ou as reacções à minha interpelação à visão de um certo escriba sobre os nossos heróis em setembro/outubro de 2003 se a memória não me falha.
Refiro-me a estes episódios com tristeza porque esperava, de verdade, que já fóssemos todos capazes de discutir ideias com o mínimo de honestidade.
Acredito que para muita gente honesta que anda nestes blogs, estes episódios servirão de um renovar de forças por um debate aberto e construtivo que beneficie a todos.
Bem haja uma blogosfera honesta sem insultos. Um abraço ao Elísio e ao Patrício (este brindado com os mais vis insultos que alguma vez vi num debate de ideias).
Estimada Paula Lemos.
Agradeço-lhe mais uma vez pelo comentário. Desta vez pude melhor o entendimento sobre a citação que fez de Bourdieu graças a sua tradução. Estou em pleno acordo com a leitura que faz do desenrolar dos debates aqui na blogosfera. Quando se concorda, não há muito o que dizer senão continuarmos a reflectir. Estou convencido que a seu ponto de vista aqui exposto vai contribuir para solidificar ainda mais a posição daqueles que são pelo debate de ideias. Penso que identifica e “bem” os entraves ao debate de ideias. Obrigado por fazer esta ponte com a França.
Um forte abraço.
Caro Júlio.
Obrigado pelo teu comentário.
Terminaram as férias? Nessas coisas as batalhas nunca estão totalmente ganhas Júlio.
Se repares mesmo naqueles contextos com uma cultura secular de debate crítico de ideias o “xicuembo” dos insultos e outras formas perniciosas de debater está sempre a espreita. O importante é que existam sempre guardiães em “vigilância constante”! “ Vali Unga yelthele hi tilho lita phimba...”( Não durma sobre o olho senão incha. Traduzi bem, Elísio?)!
Forte abraço.
bom, traduziste literalmente. o sentido é metafórico e refere-se ao que acontece quando a gente fecha os olhos. a ortografia é que é um grande desafio...
Obrigado Elísio.
A ortografia nem sequer é um desafio, é um empeço.
Abraço
Estimados Iolanda e Bayano.
Não queria me intrometer – já me intrometendo – no vosso debate. Perdoem-me por isso.
Todavia, acho que vocês estão de acordo em várias coisas. O fundamental é que insultando perde-se de facto a essência do debate. Não se debatem insultos, no mínimo pode-se entrar numa troca circular dos mesmos. Aí só quem não têm o que fazer se ocuparia de tão indecente actividade. Continuo a achar que algo positivo esta sair desta experiência.
(1) Prmeiro, ficamos mais vigilantes.
(2) Negociamos o que é ou não moralmente aceitável nos nossos debates.
(3) Criamos um acervo de conhecimento e experiência de praticas de transgressão a esse padrão.
Enfim, devem existir mais, mas aprendemos a debater com regras e aumentamos a nossa competência no debate.
Um forte abraço
Queira Deus que os níveis de intolerância demonstrados aqui contra as ideias do Patrício não nos conduzam às situações que temos visto pela TV em certos pontos do continente e do mundo em geral.
Pior é a covardia dos que insultam: não dão a cara... escondem-se no anonimato.
Bom ano a todos e um abraço Patrício. Não deixe que ninguém ponha palavras na sua boca se possível guarde os seus textos em PDF (risos).
Matsinhe
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