Um poeta famoso – imagino o que seria de nós se só os seus descendentes o pudessem citar – de quem emprestei as celebres frases de um de seus poemas escreveu:
Pois bem. Evoco aqui Pessoa, melhor Álvaro Campos, para fazer eco a este post de JPT sobre Obama.
“O que venho blogolendo sobre Obama, o americano candidato às eleições presidenciais deste ano, ancora no mais absoluto vácuo racional. Por um lado há pessoas que pensam como se fossem americanos ("temos [repare-se no "nós"] um homem branco no poder desde XVIII") - tontice que se explicará por excesso de consumo de cinema americano, esse que disponibiliza uma imensa galeria de alter egos [como se fará este plural?] à disposição. Por outro porque o pai do homem nasceu em África ele é "nosso, africano". Quando isto vem de gente que trabalha com as questões sociais eu não percebo para que serve estudar. Entretanto sobre as eleições americanas eu oscilo. Espero que ganhe ou o McCain ou o Edwards - porque os antepassados deles nasceram na Europa e, portanto, são também nossos, europeus. E porque são homens, tal como eu. Se não forem eles a ganhar espero que, pelo menos, não tenhamos (bis, tenhamos) um presidente como o Obama (um africano) nem, ainda pior, a Clinton (uma mulher) - e digo isto ainda que alguns dos meus antepassados tenham sido mulheres” (JPT).
Um crítico faz isto mesmo, questiona os nossos critérios mesmo quando, como intelectuais e académicos, se toma partido. Se fosse eu ou o E.M a levantar esta questão iam dizer: - Pois é, estes tipos estão mesmo contra fulano ou sicrano. O próprio Obama, de quem se diz apoiar, está farto de se defender de ataques etnocentricos, de xenofobia e de racismo velado por parte de seus adversários políticos. Alguns chegam ao ponto de questionar seu afro-americanismo, pelas mesmas razões que alguns o apelam a agir no Quenia. Dizem que ele não é afro-americano porque não é descendente de escravos.
Obama diz que a sua preocupação pelas minorias raciais não significa que esses atributos façam dessas pessoas menos americanas que qualquer outro vindo do México, da América Latina, de Hawai etc. A própria vitoria de Obama nas preliminares foi, acredita-se, por causa do seu discurso inclusivo. Brancos, Negros, Mulheres, Jovens identificam-se com a audácia da esperança e não com a sua herança étnico-racial. Obama escreve na sua autobiografia o segunte:
“My Election wasn’t just aidded by the evolving racial attitudes of Illinois’s white voters. It reflected changes in Illinois’s African Amereican community as well” ( Obama, 2006: 240).
Ainda assim, cá das bandas da pérola do índico, há quem faça apelo a ida de Obama para intervir nos problemas intestinais do nosso continente. Apelam a sua ancestralidade racial, continental e paterna. No exercicio ignora-se a sua ancestralidade Americana, por exemplo, de Kansas. E de onde vem este tipo de discursos? Aposto que essas pessoas ainda não conhecem Obama. O pensamento de Obama. O Obama de “The AUDACY of Hope”( A audácia da esperança) contraria essa atitude.
“O que venho blogolendo sobre Obama, o americano candidato às eleições presidenciais deste ano, ancora no mais absoluto vácuo racional. Por um lado há pessoas que pensam como se fossem americanos ("temos [repare-se no "nós"] um homem branco no poder desde XVIII") - tontice que se explicará por excesso de consumo de cinema americano, esse que disponibiliza uma imensa galeria de alter egos [como se fará este plural?] à disposição. Por outro porque o pai do homem nasceu em África ele é "nosso, africano". Quando isto vem de gente que trabalha com as questões sociais eu não percebo para que serve estudar. Entretanto sobre as eleições americanas eu oscilo. Espero que ganhe ou o McCain ou o Edwards - porque os antepassados deles nasceram na Europa e, portanto, são também nossos, europeus. E porque são homens, tal como eu. Se não forem eles a ganhar espero que, pelo menos, não tenhamos (bis, tenhamos) um presidente como o Obama (um africano) nem, ainda pior, a Clinton (uma mulher) - e digo isto ainda que alguns dos meus antepassados tenham sido mulheres” (JPT).
Um crítico faz isto mesmo, questiona os nossos critérios mesmo quando, como intelectuais e académicos, se toma partido. Se fosse eu ou o E.M a levantar esta questão iam dizer: - Pois é, estes tipos estão mesmo contra fulano ou sicrano. O próprio Obama, de quem se diz apoiar, está farto de se defender de ataques etnocentricos, de xenofobia e de racismo velado por parte de seus adversários políticos. Alguns chegam ao ponto de questionar seu afro-americanismo, pelas mesmas razões que alguns o apelam a agir no Quenia. Dizem que ele não é afro-americano porque não é descendente de escravos.
Obama diz que a sua preocupação pelas minorias raciais não significa que esses atributos façam dessas pessoas menos americanas que qualquer outro vindo do México, da América Latina, de Hawai etc. A própria vitoria de Obama nas preliminares foi, acredita-se, por causa do seu discurso inclusivo. Brancos, Negros, Mulheres, Jovens identificam-se com a audácia da esperança e não com a sua herança étnico-racial. Obama escreve na sua autobiografia o segunte:
“My Election wasn’t just aidded by the evolving racial attitudes of Illinois’s white voters. It reflected changes in Illinois’s African Amereican community as well” ( Obama, 2006: 240).
Ainda assim, cá das bandas da pérola do índico, há quem faça apelo a ida de Obama para intervir nos problemas intestinais do nosso continente. Apelam a sua ancestralidade racial, continental e paterna. No exercicio ignora-se a sua ancestralidade Americana, por exemplo, de Kansas. E de onde vem este tipo de discursos? Aposto que essas pessoas ainda não conhecem Obama. O pensamento de Obama. O Obama de “The AUDACY of Hope”( A audácia da esperança) contraria essa atitude.
Imagino o que ouviria se dissesse, por exemplo, que prefiro um candidatado Republicano. Imagino o que essas pessoas pensam do astro Magic Jonson que resolveu apoiar Clinton, quer dizer a Mulher de Clinton.
Só posso entender algumas atitudes enquanto declaração de amor. Aí é permissível o ridículo senão não seria declaração de amor. Ou, então, devo mesmo fazer eco e questionar com JPT: para que serve estudar? Para que?
10 comments:
Vamos lá acabar com esses "beefs". Eu penso que a mensagem já chegou ao destinatário. Assim, acaba não sendo salutar para o debate. Venho sempre beber aqui e em muitos outros blogs, e de alguma forma noto que começa a rarear o espírito de tolerância, e ademais Patrício, já não estás a interpelar. Vamos lá passar para outra.
Agora, quanto a Hussein Obama podia se estudar o porquê prefere não fazer menção da sua herança étnico-racial? porquê logo após ganhar o caucus de Iowa disse que a nação americana já tinha crescido? porquê os negros aínda não abraçaram Obama in toto? qual é a dinámica das relações rácicas bos EUA?
Quanto à carta, não vejo onde está o problema em alguém escrever seja o que for. Outrossim, posso questionar a intenção ao se escrever a carta quando já se tinha uma enviada norte-americana no quénia. talvez pudesse perguntar que influência tem um candidato à presidente? quer o autor da carta que obama abandone a campanha para se imiscuír em assuntos quenianos? e se imiscuísse, qual seria o problema?
Bayano, boa interpelação. E boa informação também. Pessoalmente não sabia que para o Kenia, já foi alguém do Governo dos EUA.
Ora, o Carlos Serra declarou-se apoiante de Barak Obama. O que sempre doi para alguns que CS esteja na linha da frente.
Carlos Serra dá uma dica estratégica (penso eu, se não for o caso, por favor, CS corrija-me) ao Barak como faria ou como têm feito alguns cientistas sociais, ao apoiarem claramente a Frelimo sob a capa de estarem a ser fieis ao método científico, por exemplo, quando falam sobre a guerra entre a Renamo e a Frelimo, ou quando elevam ao estatuto de Herói Nacional (glorificando as suas mentiras nobres), o tirano que foi Ngungunhana!
E não vejo nenhuma confusão quando CS na verdade refere ao passado dos pais de Barak. Porque em política faz-me tudo, a primeira aparição de Obama foi acompanhada por essa especial referência à Kenianidade do Senador. E teve apoio no seio dos negros americanos. À medida que a campanha foi evoluindo, o seu discurso também foi, de acordo com a popularidade e os ganhos políticos que foi tendo. Barak tem estado a mudar o seu discurso para acomodar as simpatias dos brancos. Sim, Barak quer também ser Presidente de todos americanos. E não há mal nenhum que vá a Kenia como homem de Paz, mesmo que para tal, seja necessário evocar a sua kenianidade. Afinal, não é Gaza a província mais regionalista do país? E não vi nenhum sociólogo a falar disso.
Acobardam-se ante ao escândalo político que lá se faz: sedes de partidos políticos destruídos, apoiantes presos sem justa causa, intimidação constante, exclusão política manifestamente declarada...e não vi nenhum guru em método científico a falar disso. Talvés porque não seja do foro sociológico. Mas estamos a falar aqui de Obama. De lá, longe!
Acho que CS fez a carta, na sua livre intenção de meter na agenda dos actuais candidatos à presidência americana o tema África. Bayano, sabe muito bem que a Política Externa conta muito para a permanência ou derrocada de um presidente nos EUA, não sabe? Sabe que o Médio oreinte tem sido tema de acesos debates entre os cientistas sociais, políticos e jornalistas americanos e europeus, não sabe? Julgo eu que há um ganho político muito grande para o etsabilishemnt americano ganhar a África. E para nós, um democrata é sempre preferível à um Republicano. E entre Hilary e Obama, preferível Obama, não por ser homem mas sim como forma de evitar o que aconteceu no México, onde o marido passou as pastas a esposa e no mesmo dia voltam de novo no mesmo Mercedes-benz, apenas tendo mudado os lugares das cadeiras onde cada um se sentava.
A direita americana anda tonta. Não consegue resolver os principais problemas internos americanos. Muito menos conseguiram manter os ganhos conseguidos na era de Clinton, o democrata. Tantas guerras, invasões a países como Iraq, Afeganistão; ataques terroristas de 11 de Setembro, recrudecimento da actividade terrorista no mundo, são algumas das obras dos republicanos, para não falar da redução substancial da ajuda para o Desenvolvimento para Africa, se desconsiderarmos o Millenium Challenge Accout.
Na verdade, o pobre sabe muito bem a quem votará nas próximas eleições americanas, apesar de o seu voto não ser tão directo assim, como aconteceu com Al Gore. Mas a vontade está ai. Clara e manifestamente declarada. Barak Obama ainda vai deixar muitos acamados.
Eu estou aí referido (obrigado Patrício pela atenção) e daí que ... o meu post não tem referências directas - o que é uma consciente deselegÂncia. E não as tem porque não se refere apenas a um ou outro bloguista. Não me refiro apenas a Carlos Serra (claro que sim, e confesso o incómodo com que lhe vou lendo o blog desde há algum tempo) - não é a primeira vez que adere a Obama, não é a primeira vez que o ecoo. Mas ele é um entre outros - e no meu post implicito textos vários, em particular do bloguismo português. Ou seja, se as posições militantes de Serra me incomodam (no sentido delas discordar) não estou a escrever sobre as suas posições mas também sobre elas.
Já agora lembro da primeira vez que invectivei o P. Langa num blog, exactamente na caixa de comentários de Serra sobre um comentário de Langa que me pareceu ancorado no racialismo puro (qualquer coisa como os guarda negros dos prédios dos brancos na engels). E tanto me surpreende a prisão identitária em que as pessoas insistem em viver. Ou, no caso em questão, optam por viver. Em suma, também acho que vale mais a pena ultrapassar a discussão, os argumentos valem o que valem - e, insisto, o problema é levar a leveza bloguistica por demais a sério. Abraço PAtrício. E um bom 2008 blogando
cá estou de volta para levantar uma pequenita questão: a carta solicita que obama vá ao quénia ajudar os quenianos. se bem percebi as eleições naquele país levantaram a ponta do véu para um problema que era latente, ou seja puseram a nú a questão de pertença étnica. apesar de se considerar a violência não tribal, vimos como os luos visaram as lojas e propriedade dos kikuios, para além de de mortes. se obama aparece hoje nos estados unidos com um discurso que transcende a raça, não podia servir-se do mesmo discurso (adaptado à realidade queniana) para unir a nação?
vaz, se faz o favor podes baixar o tom da voz? acho que não custa muito.
um abração
O meu comentário tentava responder àlgumas questões que Bayano colocou bem como à maca que surgiu a volta do covnite feito pelo CS para que Barak fosse ao Kenia. Quando o Jornal Notícias chamou Carlos Queirois de macua nenhum moçambicano bloguista questionou, a não ser eu.
Quando Francis Obikwelo trouxe os troufeus a Portugal, nenhum português recusou-se a recebê-los, salvo alguns, que logo lhes foram atribuidos títulos honoríficos como RACISTA.
E Deco viu a sua nacionalidade mudada em tempo recorde. E é tão português que os brasileirosainda não sabem.
Cá entre nós, ainda queremos que José Rodrigues dos Santos seja Beirense. Assim se debate em bom português. Sim, concordo, e
‘...insisto, o problema é levar a leveza bloguistica por demais a sério’.JPT
Ditto! Bom 2008 também. Blogando sem rancor.
Bayano, como pude ouvir os meus escritos?
Custa-me eh perceber como eh capaz de ouvir-me, estando nos bem longe um doutro?
Ao JPT.
Obrigado pela interpelação. Como tenho dito, aprecio a forma elegante com que esgrime seus argumentos. Recordo-me bem do debate aqui se refere sobre os guardas. Recordo-me também que tentei sugerir uma distinção, que considero analiticamente pertinente, entre racismo e a raça (enquanto categoria social). Uma coisa, a primeira, é uma ideologia discriminatória (pensemos no Apartheid), a segunda é uma categoria sociológica (pelo menos foi assim que a usei). JPT reconheço que este é um terreno bastante difícil. A raça é ingrata, ainda, enquanto categoria analítica. Essa dificuldade de lidar com essa categoria analítica influenciou os movimentos sociais que ancoravam sua luta na noção de raça. Pensemos com Obama, por exemplo. Quando se quer referir aos grupos historicamente não privilegiados nos EUA não têm como escapar ao uso das classificações (estatísticas oficiais), Negros, Brancos, Latinos. As mesmas características fenotípicas noutro lugar (RSA) seriam diferentes. Obama é Negro nos EUA, mas duvido que seria aqui em Maputo. Para catar votos ele tem que saber manipular, estrategicamente, estas categorias. Mas para Obama há valores – cidadania entre outros – que estão acima destas categorias. Obama nunca sugeriu que votassem nele por ser Negro (como ele se afirma), mas que(alguns) os Afro-mericanos (descendentes de escravos) rejeitam. Enganam-se aqueles que dizem que depois de ganhar as preliminares de Iowa ele tornou seu discurso mais abstracto na referencias as categorias raciais. Mais uma vez convido essas pessoas a lerem bem “The Audacy of Hope”. Obama é bastante coerente. E isso eu aprecio nele. Obama aprecia as regras da competência no debate. As mesmas que são consideradas de intelectualismo aqui. Não me parece que é isto que está a ser sugerido em certos apelos que se fazem a Obama para intervir em África.
Ao Bayano.
Acabaram-se os “beefs” (subentendo, debate áspero)!
Obrigado pelo puxão de orelhas.
PS: Mas devo lhe dizer que isso é condicionado pela reação dos que nos interpelam.
Ao Egídio.
Como se debate com um doutrinário?
ao egídio,
metaforicamente falando, consegui ouví-lo da minha estação (é o tom da tua escrita).
ao patrício,
volto a comentar a questão do discurso vencedor de obama. me pareceu que ao dizer que "it's a measure of our progress as a country" queria mesmo dizer que os americanos teriam transcendido a questão da cor da pele, e olharam para as questões que ele os tem para oferecer. este é um reconhecimento de alguém ciente das suas origens.
Obama, who generally shies away from questions about how "historic" it would be for him to win the White House, nevertheless acknowledged that Iowa was, in fact, a noteworthy moment. "I think there's no doubt that it's a measure of our progress as a country," he told NEWSWEEK. "I've said from the beginning I had confidence in the American people. Race is no doubt still a factor in our culture. But people want to know who is going to provide health care that works, schools that work, a foreign policy that works. If they think you can do the work, I think they are willing to give you a chance."
On the campaign trail, Obama portrays himself as a one-man melting pot. (Newsweek 07/01/2008)
leia o artigo de gary younge no guardian http://www.guardian.co.uk/commentisfree/story/0,,2236548,00.html
"In all of this, beyond some civil rights references, race is virtually absent from his message but central to his meaning. He doesn't have to bring it up because not only does he espouse change, he looks like change." diz-nos gary younge. o mais importante é a parte de que apesar da ausência virtual da raça no discurso de obama, a questão é central ao seu significado.
não nego que obama é coerente. vê-se pela forma como, por exemplo, nega desde a primeira hora atacar os seus opositores, e talvez isso o torne mais apetecível aos eleitores (democratas e indepentes, e mesmo republicanos) cansados das políticas divisionitas de bush.
um abração
Oi. Bayano.
Entendo o teu ponto. Acho que estamos de acordo. A única coisa que insisto em dizer éque esse discurso já era característico de Obama mesmo antes de IOWA. Eu nunca disse que ele não reconhecia as suas origens.
Releia o meu comentário.
venho muito atrasado apenas para não parecer que me fui embora: a "leveza bloguística" existe, ainda que alguns blogs tentem (e consigam) dar-lhe peso (este p.ex., Macamo também, e o EV quando blogava também). as pessoas gostam de escrever, opinar, alimentar o bicho-blog e muitas das coisas não saem com o rigor e reflexão apregoado, nem com a retórica estruturante necessária. Não era, pois, uma boca para nenhum dos aqui dialogantes.
PL, sobre Obama nada digo, não acompanho, não por desinteresse radical, mas há mais coisas no meu quotidiano. Não falo dele, de como joga para vencer - falo (e acho que tu também) sobre as leituras sobre Obama - aqui e lá minha terra, que acompanho via blogs. Alguém por lá dizia "o pai de obama é queniano o que quer dizer que se Obama fosse eleito presidente do Quénia seria o primeiro presidente branco do Quénia" - é mentira (é uma "boca", uma ironia descontrutora) mas lembra-nos a fluidez contextual das identidades.
Há muita coisa aqui a discutir, mais do que uma caixa de comentários permite, mas deixa-me dizer algo sobre o que o EV disse: "macua galáctico" sobre Queiroz foi uma ironia benfazeja (conhecendo quem titulou a entrevista sei-o bem), não sei como criticar uma simpatia jornalistica para um homem que tanto simpatiza com o país e que de nada contrário pode ser acusado (eu acuso-o de ter substituído o Paulo Torres num célebre 3-6 em 1995, mas isso são coisas exógenas a este blog). Ou seja, as atribuições ou reclamações identitárias são tão contextualizadas que deveriam ser discutidas sobre o conhecimento (eu diria etnográfico) de cada processo e não sobre imprecações
Já agora, eu que não sou racista (Apesar de me ter aparecido um taralhouco a dizer-me isso no blog, e a propósito do Obama), acho um escândalo que um tipo como OBikwelu esteja na selecção portuguesa. Por causa da cor? Não, que aí estou como o Mingus (acho que foi ele): "não sei se é negro, nunca lhe perguntei a cor". Mas por causa da comercialização das representações nacionais - mas naõ será isso depois uma barreira à integração das pessoas. Ou seja, as próprias "selecções nacionais" são de difícil delimitação: como posso eu defender medidas práticas de total integração de cidadania e depois retirar o direito ao cidadão de representar simbolicamente a "comunidade"?
Estou num registo fraco aqui, isto não está a sair bem, mas queria sublinhar o meu incómodo com o tradicional muro estreito da identidade nacional. Bom fim-de-semana
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