Wednesday, July 18, 2007

Outras Formas de Pobreza Absoluta [2].

Quando pego num jornal para ler, por exemplo, um artigo normalmente e de forma quase automática coloco-me normalmente as seguintes questões:
1) De que trata o artigo? O título já me ajuda a ter uma ideia disso. Um “bom” título, além de atrair o leitor mais desatento e desinteressado, já nos dá uma ideia do vamos ganhar lendo artigo.
2) Ganhar? Ganhar sim. Ai está outra questão que, normalmente, me coloco. Ao ler o artigo sugerido pelo título existe possibilidade de sair sabendo algo para além do que já sabia? Vou sair de uma situação x para outra y em termos de adquirir novos conhecimentos e questionar conhecimento prévio ou até desconhecimento? Esta postura conduz-me inevitavelmente ao próximo ponto.
3) O fim da leitura de um artigo não ocorre no fim do artigo. Já me explico. O fim da leitura ocorre com a pergunta que coloco sobre o que aprendi de novo. O assunto do artigo que li é de alguma relevância politica, económica, cultural, cientifica etc. O assunto é de interesse público? Porque? O que o torna como tal? Enfim, estas são algumas questões (habituais e por isso nem sempre reflectidas) que ocorrem no acto de leitura.
Releiam, por favor, o artigo acima na pena do jornalista - jornalista?, Samito Nuvunga fazendo esse questionamento.
Pessoalmente li o artigo atraído pelo título. “Um dia com a filha de Robert Mugabe”. Pela a actualidade que a questão do Zimbabwé representa para o interesse público nacional e internacional achei que poderia existir algo interessante. Filha de Mugabe! Pensei. Deve ter uma leitura mais privada de um assunto público. Fui enganado, pelo título! O texto não aborda quase nada sobre a situação política daquele país. Infelizmente os enganos não param por ai. Todo o artigo pareceu-me um engano, um texto impertinente para um jornal com o perfil do Magazine Independente.
a) Qual é a relevância deste texto para o interesse público?
b) Qual é a pertinência – mesmo que fosse de laser pela leitura – deste texto?
c) O que é que o texto nos informa e/ou ensina?
d) Diz-se um texto de opinião. Opina sobre o quê? Sobre que assunto? Enfim, chega de perguntas.
A única coisa e ainda por cima irrelevante que este texto nos conta só diz respeito ao seu autor, nomeadamente suas redes sociais e de amizade e de possivel reacionamento como insinua o texto todo. Conheci a filha do Bob, que foi convidada dos Mondlanes para
Nwajahane, que viajou no meu carro onde levou o presente do Presidente, deu me seu cartão etc, etc. Qual é o interesse, público, disto? Como é que um Jornal que se presa se presta ao papel de publicar este tipo de textos? De duas uma, ou o jornal está com crise de colaboradores ou os donos e editores do Magazine fazem parte das redes sociais e de amizade do autor do artigo que nem sequer fazem uma selecção prévia dos artigos em função de sua linha editorial. Não estou a sugerir que se faça censura, estou a dizer que não se devia publicar num Jornal com um perfil do Magazine artigos que deviam ir para a revistas como a portuguesa "Maria” ou as nossas "TVZine" ou "FAMA Magazine".

Jornalismo assim, é outra forma de POBREZA, ABSOLUTA!

4 comments:

Anonymous said...

Caro Patrício, tenho estado a reflectir sobre um fenómeno a que chamo de Cama do Singue. Já me explico: na lingua da minha mãe, que é de Catuane, "singue" é macaco no sentido de idiota, imitador, maluco, etc... A cama do singue caracteriza-se por imitações crassas, egocentrismo exagerado, etc... Os músicos são exímios nisso. Agora, que jornalistas também participassem? Isso também me remete ao fenómeno de jornalista-celebridade. Pensei que estivéssemos longe disso.
Um abraço

Anonymous said...

Caro Patricio,

Por favor, melhore a colocação do artigo, ta difícil lê-lo.
Claro, se conseguires o melhorar.

Aquele abraço

Patricio Langa said...

Caros Bayano!
Nem sei se se pode chamar a isto Jornalismo!
Abraço

Patricio Langa said...

Caro anónimo.
Obrigado pelo alerta.
Vou ver o que posso fazer.
Abraço