Caro Ercínio.
Obrigado pelo comentário que fazes.
Tenho estado a evitar emitir a minha opinião com relação a já forte convicção de que vivemos uma espécie de faroest como sugere a machete da última edição do Savana. Não resisti, porém, comentar está descrição que mais me parece uma fantasia do jornalista.
No entanto, concordo com o Ercínio. Estamos, mesmo, mal. Mas não estamos mal por causa da dimensão ou proporção que o crime tomou no nosso país e em particular na cidade de Maputo. Não estamos mal pela fraca actuação da policia, justificada pela escassez de meios. Não estou a sair em defesa da policia. Não estamos mal pela “aparente” ousadia dos bandidos. Enfim, não estamos mal pelo que achamos saber do crime e de seu comportamento. Ercínio estamos mal, isso sim, pela ignorância aguda em relação ao crime na nossa sociedade. Essa ignorância pode causar perplexidade. Quem não sabe fica perplexo. Quem não sabe que não sabe, muito provavelmente, fica irredutível e no caso da policia agressiva. A policia acha que sabe qual é o problema, nós achamos que sabemos porque sentimos seus efeitos (cresce o medo), a imprensa acha que sabe e faz a inflação hiperbólica dos casos de crime que ocorrem. Mas saber mesmo, quem são os Criminosos de Maputo, um pouco na mesma linha do que Luis de Brito procurou estudar no “Os Condenados de Maputo”, o perfil dos reclusos nas nossas cadeias, isso não sabemos. Quando digo que não sabemos quem são os criminosos não estou a querer sugerir que se conheçam as caras dos criminosos. Estou sim a sugerir que num país, normal, com uma policia que pensa e por isso sabe não reage com perplexidade.
Procura-se estudar uma série de fenómenos que nos podem ajudar a conhecer melhor os criminosos. Em outras palavras, não sabemos nada sobre as características morfológicas do crime e os perfis dos criminosos. Onde ocorre? Quando ocorre? Onde é recorrente? Que tipo de delinquentes estão associados a que tipo de crimes? A que condições sociais está o crime associado? Qual poderia ser a unidade básica de patrulhamento e por ai em diante. Poderia continuar a lista das coisas que não sabemos sobre e relacionadas com o crime. O que estou a tentar dizer é que não há nada que conduza a que a verdadeira vocação e actuação da policia seja a antecipação e não a reacção de choque que a policia tem estado a fazer. É essa falta de conhecimento que nos torna mais vulneráveis porque não sabemos por onde começar a atacar, como gostamos de dizer, o problema. Alias não sabemos qual é o problema, sentimos o seu efeito e agimos instintivamente. Como nos parece ser característico. É a falta de perfis dos criminosos, falta de uma tipologia de crimes, falta de uma geografia do crimes que leva a que a policia esteja espalhada por todo lado e a desconfiar de todo o mundo. E a em última instancia tornar-se ela própria um perigo. Um perigo porque imprevisível. Estamos mais policiados que aqueles países onde supostamente actuam os terroristas. Agora, então, com a dupla FIR e cinzentinho, os das motinhas sumiram, a insegurança é ainda maior.
São várias coisas Ercínio que me ocorrem nesta resposta que se queria curta e breve, mas que se alongou e por isso já não cabe no espaço para os comentários. Vou, por isso, postá-la! Infelizmente, boa parte da imprensa só torna as coisas mais opacas com a sua atitude acrítica, como bem dizes, de ser apenas uma caixa de ressonância e com ruído.
Obrigado pelo comentário que fazes.
Tenho estado a evitar emitir a minha opinião com relação a já forte convicção de que vivemos uma espécie de faroest como sugere a machete da última edição do Savana. Não resisti, porém, comentar está descrição que mais me parece uma fantasia do jornalista.
No entanto, concordo com o Ercínio. Estamos, mesmo, mal. Mas não estamos mal por causa da dimensão ou proporção que o crime tomou no nosso país e em particular na cidade de Maputo. Não estamos mal pela fraca actuação da policia, justificada pela escassez de meios. Não estou a sair em defesa da policia. Não estamos mal pela “aparente” ousadia dos bandidos. Enfim, não estamos mal pelo que achamos saber do crime e de seu comportamento. Ercínio estamos mal, isso sim, pela ignorância aguda em relação ao crime na nossa sociedade. Essa ignorância pode causar perplexidade. Quem não sabe fica perplexo. Quem não sabe que não sabe, muito provavelmente, fica irredutível e no caso da policia agressiva. A policia acha que sabe qual é o problema, nós achamos que sabemos porque sentimos seus efeitos (cresce o medo), a imprensa acha que sabe e faz a inflação hiperbólica dos casos de crime que ocorrem. Mas saber mesmo, quem são os Criminosos de Maputo, um pouco na mesma linha do que Luis de Brito procurou estudar no “Os Condenados de Maputo”, o perfil dos reclusos nas nossas cadeias, isso não sabemos. Quando digo que não sabemos quem são os criminosos não estou a querer sugerir que se conheçam as caras dos criminosos. Estou sim a sugerir que num país, normal, com uma policia que pensa e por isso sabe não reage com perplexidade.
Procura-se estudar uma série de fenómenos que nos podem ajudar a conhecer melhor os criminosos. Em outras palavras, não sabemos nada sobre as características morfológicas do crime e os perfis dos criminosos. Onde ocorre? Quando ocorre? Onde é recorrente? Que tipo de delinquentes estão associados a que tipo de crimes? A que condições sociais está o crime associado? Qual poderia ser a unidade básica de patrulhamento e por ai em diante. Poderia continuar a lista das coisas que não sabemos sobre e relacionadas com o crime. O que estou a tentar dizer é que não há nada que conduza a que a verdadeira vocação e actuação da policia seja a antecipação e não a reacção de choque que a policia tem estado a fazer. É essa falta de conhecimento que nos torna mais vulneráveis porque não sabemos por onde começar a atacar, como gostamos de dizer, o problema. Alias não sabemos qual é o problema, sentimos o seu efeito e agimos instintivamente. Como nos parece ser característico. É a falta de perfis dos criminosos, falta de uma tipologia de crimes, falta de uma geografia do crimes que leva a que a policia esteja espalhada por todo lado e a desconfiar de todo o mundo. E a em última instancia tornar-se ela própria um perigo. Um perigo porque imprevisível. Estamos mais policiados que aqueles países onde supostamente actuam os terroristas. Agora, então, com a dupla FIR e cinzentinho, os das motinhas sumiram, a insegurança é ainda maior.
São várias coisas Ercínio que me ocorrem nesta resposta que se queria curta e breve, mas que se alongou e por isso já não cabe no espaço para os comentários. Vou, por isso, postá-la! Infelizmente, boa parte da imprensa só torna as coisas mais opacas com a sua atitude acrítica, como bem dizes, de ser apenas uma caixa de ressonância e com ruído.
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