Thursday, July 12, 2007

Contra-informação!

Retirei esta notícia do Jornal Notícias de hoje. A noticia é deprimente pelo tentativa de hiperbolizar um assalto dando-lhe a imagem de um acto altamento coordenado dos bandidos face a uma polícia e segurança privada inoperante e impotente. Pode até ser, e evidências não faltam, que a polícia anda perplexa com relação ao crime. Leiam o artigo, encontramo-nos lá mais a baixo.
Na desenfreada acção de morte e saque: Gatunos "escalam" loja de computadores
MAIS um estabelecimento comercial especializado na venda de material informático, na cidade de Maputo, foi assaltado, na madrugada de ontem, por uma “gang” de quatro indivíduos munidos de armas de fogo do tipo metralhadoras, roubando diverso equipamento informático, seus consumíveis e valores monetários em dinheiro, cujos montantes não foram revelados.
Maputo, Quinta-Feira, 12 de Julho de 2007:: Notícias

Os criminosos viriam, minutos depois, a envolver-se num tiroteio com os agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) que se fizeram ao local quando alertados da ocorrência. O ambiente provocado pelo tiroteio chegou a mergulhar a zona da Polana, mais precisamente o palco dos acontecimentos, num ambiente de pânico e insegurança até que os membros da PRM tomaram o controlo da situação.
Para lograrem os seus intentos, primeiro, os gatunos fizeram reféns, todos os guardas nocturnos dos estabelecimentos situados ao redor da loja, escolhida denominada Sahara Computers. Em seguida quebraram uma montra gigante e arrombaram uma das entradas, iniciando de imediato a acção de saque ao estabelecimento.
Depois de imobilizarem todos os homens que garantiam a segurança da zona, os meliantes teriam se dividido em pequenos grupos de dois, uns para controlar os reféns e outro para se ocupar do saque e dos possíveis movimentos que pudessem dificultar a sua acção.
Informações prestadas por uma empregada da loja dão conta que fazem parte dos consumíveis informáticos roubados computadores portáteis e de mesa, impressoras, scanners e valores monetários.
Testemunhas no local da ocorrência contaram que os assaltantes chegaram a envolver num tiroteio com a Polícia e agentes de algumas empresas de segurança, que na altura agiram em colaboração com os membros da PRM.
As mesmas testemunhas apontam que os gatunos conseguiram aguentar-se até à altura em que lograram escapulir-se da acção policial, retirando-se do terreno numa viatura com parte dos bens roubados.
Até ao fecho da presente edição, não tinha sido possível saber detalhes sobre as diligências das autoridades policiais, muito menos se nos confrontos terá havido, de parte a parte, mortos ou feridos.
Este é o segundo assalto à mão armada a registar-se, nesta semana, e o primeiro ocorreu na madrugada da última segunda-feira onde dois gatunos roubaram num posto de venda de combustível de onde retiraram valores monetários em montantes ainda não avaliados e uma arma de fogo do segurança do estabelecimento.
  • A primeira nota diz respeito ao título sensacionalista e falacioso do artigo. O título sugere e com ênfase que houve morte e saque. Alguns parágrafos depois diz o seguinte: “ Até ao fecho da presente edição, não tinha sido possível saber detalhes sobre as diligências das autoridades policiais, muito menos se nos confrontos terá havido, de parte a parte, mortos ou feridos”. Que critérios seguiu o Jornalista para atribuir aquele título ao seu artigo? Este jornalista fez mesmo a reportagem, deslocando-se ao local ou ouviu dizer?
  • É possível mesmo quatro pessoas imobilizarem todos os homens que garantiam a segurança da zona? Que zona? da loja? a rua? O bairro da polana? Depois teriam se divido em pequenos grupos de dois. Quatro pessoas, logicamente, só podem constituir dois grupos de duas pessoas? O jornalista refere-se as quatro pessoas, se é que eram quatro, como sendo uma “gang” enorme que se poderia dividir em vários “pequenos” grupos de dois. Tudo indica que isto não passa de uma fantasia do jornalista que quer fazer passá-la por notícia.
  • Como é que os agentes de segurança privada ajudaram a policia se haviam sido feitos reféns, minutos antes do assalto? Soltaram-se. Vieram de outra zona?
  • Não precisa muita imaginação para saber que este tipo de contra-informação presta mau serviço ao próprio combate ao crime e aterroriza as pessoas.

1 comment:

Anonymous said...

Meu caro Patrício Langa, começa a ficar cada vez mais difícil negar que isto está muito mau. A propósito da Polícia da República de Moçambique, permita-me comentar dois pequenos pontos:
1. Recentemente, um carro que acabava de ser recuperado pela Polícia foi "recuperado" pelos "amigos do alheio" algures numa esquadra policial da Matola, como se sabe por demais. Em jeito de punição, o comandante da referida esquadra foi despromovido e os agentes que se encontravam em serviço transferidos para o distrito. Afinal o distrito é uma espécie de penitenciária, de cadeia aberta? É a este distrito para onde está-se a incentivar recém-graduados a se fixarem, para desenvolver o país? Porquê os considerados maus agentes da Polícia têm que ser transferidos para o tal de pólo de desenvolvimento?
2. O Diário de Moçambique de ontem tem a seguinte manchete: "Contra crime violento no país - Polícia tem ordens para invetir". E, já na última página, onde essa "notícia" é desenvolvida, vem estampado que o Ministério do Interior dá instruções à PRM para atacar crime violento. Quererá isso dizer que só agora que recebeu ordens é que a Polícia vai "atacar crime violento?". E quem é ciado como tendo dito isso é, meus caros, José Mandra, o vice-ministro do Interior. Isto está muito mau mesmo. Pena que os jornalistas que interpelam esses governantes não passam de "caixas de ressonância".