A CANTORA Elsa Mangue, uma das mais queridas dos moçambicanos, encontra-se gravemente doente e a precisar de ajuda. Embora o seu estado de saúde tenha melhorado substancialmente nos últimos dias, ela está longe de se considerar capaz de, por si, retornar à sua vida normal. A artista é inclusive responsável por dois netos - menores de cinco e nove anos de idade - com quem vive numa minúscula dependência no bairro Bagamoyo, na capital do país.
Ontem entrevistámos Elsa Mangue, que embora de cama demonstra uma enorme vontade de viver. Diz ela que está mal há cerca de quatro meses, estando actualmente a seguir um tratamento específico no Hospital Central de Maputo. "Mas isso não é nada que me vai fazer desanimar de lutar pela minha vida, quero estar melhor e por isso sigo tudo o que me dizem os médicos. Tenho que tomar todos os medicamentos que me dão e tentar alimentar-me devidamente", conta.
Entretanto, é graças à boa vontade dos vizinhos e de alguns amigos - entre eles a também cantora Elvira Viegas - que consegue ter o mínimo para sobreviver, já que no estado em que se encontra nada produz para o seu sustento. Movidos por um espírito de humanismo, mulheres jovens e adultas vizinhas de Elsa Mangue têm a ido visitar diariamente, tratando da limpeza da casa, lavagem da roupa e preparação de alimentos. "Acho que sou uma pessoa de sorte porque tenho muito boas vizinhas, que todos os dias se interessam em vir ter comigo muito cedo para saber do meu estado e ao mesmo tempo fazem por mim o que não consigo fazer agora, como cozinhar, lavar a roupa e preparar os miúdos para a escola", afirma Elsa Mangue, que estende os seus agradecimentos aos colegas de arte que nos últimos tempos a têm ido visitar, casos de Elvira Viegas, Stewart e da jornalista Rosa Langa.
Ontem entrevistámos Elsa Mangue, que embora de cama demonstra uma enorme vontade de viver. Diz ela que está mal há cerca de quatro meses, estando actualmente a seguir um tratamento específico no Hospital Central de Maputo. "Mas isso não é nada que me vai fazer desanimar de lutar pela minha vida, quero estar melhor e por isso sigo tudo o que me dizem os médicos. Tenho que tomar todos os medicamentos que me dão e tentar alimentar-me devidamente", conta.
Entretanto, é graças à boa vontade dos vizinhos e de alguns amigos - entre eles a também cantora Elvira Viegas - que consegue ter o mínimo para sobreviver, já que no estado em que se encontra nada produz para o seu sustento. Movidos por um espírito de humanismo, mulheres jovens e adultas vizinhas de Elsa Mangue têm a ido visitar diariamente, tratando da limpeza da casa, lavagem da roupa e preparação de alimentos. "Acho que sou uma pessoa de sorte porque tenho muito boas vizinhas, que todos os dias se interessam em vir ter comigo muito cedo para saber do meu estado e ao mesmo tempo fazem por mim o que não consigo fazer agora, como cozinhar, lavar a roupa e preparar os miúdos para a escola", afirma Elsa Mangue, que estende os seus agradecimentos aos colegas de arte que nos últimos tempos a têm ido visitar, casos de Elvira Viegas, Stewart e da jornalista Rosa Langa.
"NÃO DESISTO DE LUTAR POR MELHORES DIAS"
No leito da cama em que se deita durante a quase totalidade do dia - os intervalos são para se deslocar, quase todos os dias, ao Hospital Central de Maputo, onde recebe tratamento -, a cantora de "Na Lamba", "Ma Original" e outros temas com que ficou famosa no nosso panorama musical alimenta a esperança de voltar à sua vida normal, a artística.
"Já estive mal e desesperada. Agora sinto-me relativamente melhor, apesar de estar ainda longe de me sentir uma pessoa normal. Porque melhorei um pouco tenho a certeza que vou melhorar mais e um dia ainda vou voltar a cantar, que é o que mais gosto. Não desisto de lutar por melhores dias", afiança.
Durante algum tempo, a cantora esteve a residir em Marracuene, com uma das suas filhas, mas teve que regressar à cidade de Maputo porque lá se encontrava isolada, depois da descendente ter decidido ir residir para a África do Sul, onde arranjou emprego.
Na sua residência no bairro do Bagamoyo ela recebe visitas e alguma (pouca) assistência de alguns familiares, entre eles Marta Mangue, sua irmã mais nova. Esta e mais uma cunhada têm estado a dar do que podem à cantora, na esperança de que o seu estado de saúde melhore. "No estado em que ela está precisa de muita atenção em tudo, desde a alimentação às outras coisas necessárias para ela melhorar. Não somos pessoas de muitos recursos, por isso toda a ajuda que qualquer pessoa nos quiser disponibilizar é bem-vinda", afirmou.
FORÇA DE VIVER
Maputo, Quinta-Feira, 17 de Maio de 2007:: Notícias
Um dos grandes "calcanhares de Aquiles" na guerra que Elsa Mangue trava pela sua saúde são as suas frequentes deslocações ao hospital. Muitas vezes tem que tomar um táxi, o que se torna demasiado dispendioso para si e as pessoas que neste momento a ajudam. O Ministério da Educação e Cultura tem disponibilizado um transporte para levá-la ao hospital, "mas quando não há este carro tenho que apanhar táxi, já que não posso caminhar até à paragem (que dista cerca de um quilómetros da estrada) para tomar um 'chapa'".
Elsa Mangue fala a muito custo. À medida que lhe íamos colocando perguntas, mais esforço fazia para nos satisfazer. É nesse esforço, adicionado ao de quase diariamente ter que se deslocar ao HCM para observação médica, que reside toda a sua esperança. "Não me posso deixar estar porque estou doente. Tenho que tentar falar com as pessoas para perceberem o que sinto por dentro. E o que sinto neste momento é a vontade de voltar à minha vida normal. Para além de voltar a cantar quero também cuidar dos meus netinhos".
A cantora é mãe de quatro filhos - com idades entre os 26 e 32 anos -, três dos quais a residirem na África do Sul. Dois dos seus netos filhos de uma das filhas ausentes moram com Elsa Mangue na dependência em que ela reside no Bagamoyo. Têm cinco e nove anos de idade e frequentam na Escola Primária Completa de Bagamoyo a primeira e quinta classes, respectivamente. Estudam a muito custo, obrigadas a viver com o trauma de terem o único familiar responsável por si incapaz de satisfazer todas as suas necessidades. A sua avó confessa ser este o seu desespero: não poder "dar a atenção que os miúdos merecem, como têm as outras crianças".
HUMANISMO
Maputo, Quinta-Feira, 17 de Maio de 2007:: Notícias
Por seu turno, uma das pessoas que cuida de Elsa Mangue, vizinha, que falou ao "Notícias" na condição de anonimato, referiu que cuidar da cantora é uma actividade que ela e as outras companheiras seguem por humanismo. "Apesar de gostarmos muito da Elsa Mangue, porque cantou muitas coisas bonitas, cuidamos dela aqui porque nesta zona somos unidas. Somos assim para seja quem for, independentemente da fama ou de seja o que for que a pessoa tenha ou seja", afirmou a fonte, que refere ainda que "apesar da ajuda que dispensamos ela precisa de muito mais".
A cantora reconhece e agradece a ajuda que tem recebido, o que lhe é disponibilizado.
Elsa Mangue reside no Bagamoyo há menos de um ano. Pelo seu carácter simples e afável rapidamente se integrou, fazendo desde logo muitos amigos.
Vencedora de alguns prémios nas principais competições de canções moçambicanas ("Ngoma Moçambique" e "Top Feminino"), esta cantora foi vista pela última vez num grande espectáculo em Maputo no Cine-África, em 2004. De lá para cá apareceu esporadicamente. Um dos últimos grandes momentos desta artista foi a participação na final de uma das edições dos últimos anos do "Top Feminino", parada que a Rádio Moçambique extinguiu em 2006 para introduzir o "Top Ngoma". Nessa edição, Elsa Mangue participou com a canção "Xindzekwana".
Elsa Mangue é uma diva que cimentou a sua grandeza na música moçambicana nos anos 1980, muito à custa das canções que interpretou inspirada no Moçambique social. Porque tinha referências na música moçambicana, interpretou o tema "Tindjombo", de um dos seus ídolos Fany Mpfumo. Essa canção está inserida numa colectânea em homenagem ao "Rei da Marrabenta", em que também contribuíram, entre outros, Neyma, João Paulo, Nanando, Miranda e Ancha.
Autor do texto: GIL FILIPE
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