Wednesday, June 27, 2007

Maximo Dias e Andre Matsangaissa!

Numa revelação que se pode considerar de bombástica Máximo Dias, político Moçambicano, na oposição, afirma ter participado na fundação da RENAMO com André Matsangaissa. Transcrevo na integra a notícia retirada da Edição de hoje do Jornal Notícias.
Dos 16 anos: Máximo Dias assume culpa pela guerra – e diz ter sido o fundador da RENAMO juntamente com André Matsangaíssa.




O PRESIDENTE do MONAMO, Máximo Dias, revelou esta segunda feira, em Maputo, que ele e André Matsangaissa fizeram parte do grupo de cidadãos que fundaram a então Resistência Nacional Moçambicana, em 1976 na cidade da Beira, província de Sofala.
Este político que é deputado da Assembleia da República, por força da coligação União Eleitoral, revelou ainda que André Matsangaissa pode ter sido morto pela própria Renamo, enquanto movimento de guerrilha, por alegadamente nunca ter aceite a forma como os seus companheiros de luta conduziam a guerra que dilacerou o tecido económico e social moçambicano.
Segundo suas afirmações, metade dos 32 anos da independência nacional foram gastos com a gestão da guerra dos 16 anos, movida pela Renamo contra a governação da Frelimo.
“Metade dos 32 anos da independência foi com a guerra civil, eu sou um dos responsáveis da guerra e assumo a responsabilidade. Eu fui um dos fundadores da Renamo, juntamente com André Massangaissa e outros companheiros”, revelou, esclarecendo, por outro lado, que Afonso Dhlakama não é membro fundador daquele antigo movimento de guerrilha.
Segundo deu a conhecer a então Resistência Nacional Moçambicana foi fundada na cidade da Beira, em 1976. Informou ainda que já em 1978, ele fugiu para Portugal, via África do Sul, país este onde permaneceu durante 15 dias antes de seguir viagem para a Europa.
Disse que nunca revelou que foi um dos fundadores da Renamo, mesmo em 1976, quando interrogado pela Frelimo, teria negado, alegadamente porque o ambiente político não era favorável.
“Nós quando fundamos a Renamo não pretendiamos destruir o país, mas obrigar a Frelimo a mudar a sua política de exclusão, mas os então regimes da África do Sul e da Rodésia, aproveitaram-se deste movimento tranformando os guerrilheiros nacionalistas em mercenários de baixo custo, destruindo pontes, cortando linhas transportadoras de energia eléctrica e cometendo outros desmandos”.
Segundo Máximo Dias, o então regime da África do Sul e da Rodésia nunca estiveram interessados em apoiar a Resistência Nacional Moçamicana, no sentido de tomar o poder, “mas o que na verdade queriam, era usar este movimento para desorganizar a administração da Frelimo. Sempre tive choques com o então regime de Apartheid, porque cedo me apercebi da sua intenção desestabilizadora”.
O nosso interlocutor revelou ainda que quando André Matsangaissa e seus companheiros fundaram a Renamo não esperavam que a luta durasse 16 anos. “Não era essa a nossa intenção, mas conduzidos pelo “Apartheid” e Ian Smith, do regime rodesiano, a guerra acabou levando todo este tempo, uma vez que tinham outros interesses”.O nosso entrevistado explicou que apoiou a Frelimo até 1976, ano em que viria a se juntar-se a André Matsangaíssa para a fundação da Renamo. “Depois, em Portugal, fundei o meu partido, o MONAMO”.
Reiterou que a sua formação política deixará de existir por, alegadamente, não concordar com o actual modelo de democracia.

3 comments:

chapa100 said...

nao esta na hora de criarmos o instituto de memoria mocambicana, onde toda esta gente que sabe muito e tem muito material sobre a nossa historia, va la depor? ate quando vamos ser refens de contadores de historias? se queremos a verdade da nossa historia, eu ate sou a favor de uma aministia para toda gente que va la depor. e para o cumulo andam a acusar a juventude de nao ser patriota e blablabla... e eles guardam a historia de um povo dentro de benificios estatais e nos temos que agradecer, que brincadeira intelectual desta gente.

Patricio Langa said...

J.M.
A nossa memória colectiva é precária.
E nós fazemos muito pouco para a perpetuar.
O nosso hábito de escrita é ainda incipiente.
E a oralidade pouco nos ajudaria a conservar muito do nosso passado.
Seria interessante pensar-se em formas de resgatar as mais variadas, ainda que contraditórias, micro-narrativas sobre a nossa história recente. E ais, nem nos deviam deter muito, com seja qual for a ideia que tivermos de verdade. Produzir esse material, penso, seria prioritário. Com tempo iríamos, nós estudantes do social, confrontar essas fontes. É impressionante ver a maneira como os Sul-Africanos estão a preservar a sua história –trágica – recente do Apartheid. E não é por que eles tenham mais meios que nós, simplesmente têm uma atitude diferente perante o seu passado. To forgive but not to forget!

chapa100 said...

patricio! exacto: To forgive but not to forget!