Acabei de assistir pela Televisão de Moçambique a entrevista colectiva feita por quatro dos mais conceituados jornalistas da nossa praça ao Presidente da Republica, Armando Guebuza. Os Jornalistas são Fernando Manuel, editor do Semanário Savana, Rogério Sitoe, Director o diário Notícias, Tomas Vieira Mário (TVM), do Misa Moçambique e Emílio Manhique da Rádio Moçambique. O programa chama-se “Com a imprensa”. Convida-se uma personalidade da vida pública Moçambicana e com ela desenvolve-se uma conversa com TVM moderando as perguntas dos seus companheiros e colocando as suas.
Imagino que um Presidente da República não seja uma pessoa com muito tempo, sua agenda deve ser sobrecarregada. O combate a pobreza assim o deve exigir! Por isso, uma oportunidade como a que Guebuza concedeu aos Jornalistas para em cerca de uma hora e tal lhes responder as perguntas que quisessem colocar é uma raridade. Ao aceder ao convite Guebuza mostrou várias qualidades e interesse em esclarecer os demais assuntos que preocupam os cidadãos e alimentam os debates na esfera pública. Mostrou ser um presidente com espírito aberto para o debate e confronto de ideias. Está por isso de parabéns o nosso presidente. E não se trata de “puxar saco” ninguém! A César o que é de César.
Lamentável, desta vez, foi o papel desempenhado pelos considerados nossos melhores jornalistas. Perderam uma bela oportunidade de mostrarem porque merecem o prestígio que granjeiam. Como não poderei reproduzir aqui, na íntegra, o teor da conversa vou referir-me apenas ao aspecto de formal da organização e não ao conteúdo das perguntas que foram, em minha opinião, superficiais, pobres e baseadas num fraco conhecimento do país que retratam na imprensa. Os Jornalistas limitaram-se a fazer perguntas que não eram perguntas mas respostas ou a reproduzir rótulos. Uma pergunta que não é pergunta é aquela que não acrescenta nada ao conhecimento prévio que tínhamos antes de a colocarmos. São perguntas sobre coisas que todo mundo sabe ou acha que sabe. São perguntas para as quais qualquer um, mesmo não sendo presidente da república, teria uma resposta. Boa parte das perguntas dos jornalistas tinha estas características, além de iniciarem com um longo comentário que de certa maneira era resposta a sua própria pergunta. Vou tentar reproduzir uma de memória: - O problema da agricultura é de subsídios, com os países desenvolvidos a financiarem os seus agricultores, há necessidade de subsidiarmos os nossos agricultores, como fazer isso numa altura em que a politica do governo desincentiva os subsídios?(sic). É, isto, uma pergunta? Como repetem a entrevista no Domingo vou tentar gravá-la. A resposta do presidente foi mais ou menos a de que são necessários subsídios mais as pessoas tem que aprender a não depender deles ou algo parecido. [falta algum rigor aqui]. Mas a resposta do P.R foi até adequada para tão vaga pergunta. Houve outras tantas desta natureza ou piores. Que utilidade e pertinência têm perguntar ao presidente se o seu partido é de esquerda, direita, social-democrata ou marxista-leninista? O que é que os jornalistas queriam saber mesmo com esta pergunta? O que é que se ganha com uma pergunta generalista do tipo: Qual é a estratégia para a agricultura? A sensação com que fiquei no fim da entrevista, foi de frustração, porque terminara com o mesmo conhecimento com que fora assistir a entrevista. Os jornalistas, com certeza, saíram sabendo as mesmas coisas que sabiam antes de entrevistarem ao P.R. E o problema não foi das respostas bem conseguidas do P.R, o problema foi da perceptível falta de preparo dos jornalistas. Uma evidência dessa falta de preparo foi a anarquia dos temas e por consequência das perguntas que lançavam. Falava-se da agricultura num memento e no minuto seguinte mudava-se para a política de cooperação com Timor-Leste, meia volta questionavam-lhe sobre o marxismo da Frelimo, dai pulava-se para a situação no Zimbabwé, regressava-se a questão dos Sete milhões, seguia-se para questão do Sida. Enfim, uma total salada Russa, uma desordem autentica. E isso vindo do que temos de melhor no nosso jornalismo é grave. Porque não se sentaram os quatro Jornalistas e definiram tópicos (dois ou três no máximo) fundamentais em função do tempo que dispunham? Porque que não fizeram um roteiro um guião de entrevista consoante esses tópicos para evitar falar do preço do pão e de seguida falar da constituição dos EUA (Estados Unidos de África)? Jornalismo assim é outra forma de pobreza absoluta que precisa ser fragilizada para a melhoria da qualidade do debate na nossa esfera pública.
Imagino que um Presidente da República não seja uma pessoa com muito tempo, sua agenda deve ser sobrecarregada. O combate a pobreza assim o deve exigir! Por isso, uma oportunidade como a que Guebuza concedeu aos Jornalistas para em cerca de uma hora e tal lhes responder as perguntas que quisessem colocar é uma raridade. Ao aceder ao convite Guebuza mostrou várias qualidades e interesse em esclarecer os demais assuntos que preocupam os cidadãos e alimentam os debates na esfera pública. Mostrou ser um presidente com espírito aberto para o debate e confronto de ideias. Está por isso de parabéns o nosso presidente. E não se trata de “puxar saco” ninguém! A César o que é de César.
Lamentável, desta vez, foi o papel desempenhado pelos considerados nossos melhores jornalistas. Perderam uma bela oportunidade de mostrarem porque merecem o prestígio que granjeiam. Como não poderei reproduzir aqui, na íntegra, o teor da conversa vou referir-me apenas ao aspecto de formal da organização e não ao conteúdo das perguntas que foram, em minha opinião, superficiais, pobres e baseadas num fraco conhecimento do país que retratam na imprensa. Os Jornalistas limitaram-se a fazer perguntas que não eram perguntas mas respostas ou a reproduzir rótulos. Uma pergunta que não é pergunta é aquela que não acrescenta nada ao conhecimento prévio que tínhamos antes de a colocarmos. São perguntas sobre coisas que todo mundo sabe ou acha que sabe. São perguntas para as quais qualquer um, mesmo não sendo presidente da república, teria uma resposta. Boa parte das perguntas dos jornalistas tinha estas características, além de iniciarem com um longo comentário que de certa maneira era resposta a sua própria pergunta. Vou tentar reproduzir uma de memória: - O problema da agricultura é de subsídios, com os países desenvolvidos a financiarem os seus agricultores, há necessidade de subsidiarmos os nossos agricultores, como fazer isso numa altura em que a politica do governo desincentiva os subsídios?(sic). É, isto, uma pergunta? Como repetem a entrevista no Domingo vou tentar gravá-la. A resposta do presidente foi mais ou menos a de que são necessários subsídios mais as pessoas tem que aprender a não depender deles ou algo parecido. [falta algum rigor aqui]. Mas a resposta do P.R foi até adequada para tão vaga pergunta. Houve outras tantas desta natureza ou piores. Que utilidade e pertinência têm perguntar ao presidente se o seu partido é de esquerda, direita, social-democrata ou marxista-leninista? O que é que os jornalistas queriam saber mesmo com esta pergunta? O que é que se ganha com uma pergunta generalista do tipo: Qual é a estratégia para a agricultura? A sensação com que fiquei no fim da entrevista, foi de frustração, porque terminara com o mesmo conhecimento com que fora assistir a entrevista. Os jornalistas, com certeza, saíram sabendo as mesmas coisas que sabiam antes de entrevistarem ao P.R. E o problema não foi das respostas bem conseguidas do P.R, o problema foi da perceptível falta de preparo dos jornalistas. Uma evidência dessa falta de preparo foi a anarquia dos temas e por consequência das perguntas que lançavam. Falava-se da agricultura num memento e no minuto seguinte mudava-se para a política de cooperação com Timor-Leste, meia volta questionavam-lhe sobre o marxismo da Frelimo, dai pulava-se para a situação no Zimbabwé, regressava-se a questão dos Sete milhões, seguia-se para questão do Sida. Enfim, uma total salada Russa, uma desordem autentica. E isso vindo do que temos de melhor no nosso jornalismo é grave. Porque não se sentaram os quatro Jornalistas e definiram tópicos (dois ou três no máximo) fundamentais em função do tempo que dispunham? Porque que não fizeram um roteiro um guião de entrevista consoante esses tópicos para evitar falar do preço do pão e de seguida falar da constituição dos EUA (Estados Unidos de África)? Jornalismo assim é outra forma de pobreza absoluta que precisa ser fragilizada para a melhoria da qualidade do debate na nossa esfera pública.
7 comments:
Excelente reparo, caro Patrício. Eu também vi a entrevista. Não gostei, confesso. Emílio Manhique, Fernando Gonçalves, Rogério Sitói e Tomás Vieira Mário são jornalistas de referência no nosso País. Surpreenderam-me pela negativa. De certeza, o Presidente da República esperava questões complexas e consistentes. Mais uma vez o improviso.
Bom programa aquele, mas carece de organização.
É isso Ilídio.
E estamos a falar da, considerada, fina-flor do nosso Jornalismo.
Forma-dores da opinião pública.
patricio! podias gravar a entrevista por favor, assim podias emprestar a copia logo que chego a maputo. prestarias um grande favor aqui ao JM.
eu vi a entrevista no jornal noticias.
um abraco!
Infelizmente não vi a entrevista. Não posso comentar com propriedade. Mas não deixa de ser sintomático a postura que descreve. Há momentos em que as pessoas se maravilham em ter o chefe do estado em sua frente, e acabam por não fazerem o seu trabalho.
J.M.
O programa é repetido Domingo as 11h.
Vou tentar gravá-lo. Bayano, por momentos pensei que o facto de estarem diante do chefe de estado constituiria motivo principal. Pode até ter sido, mas penso que pesou demais a falta de um roteiro. Imagine que tivessem organizado as questões por tópicos do tipo: 1) Política Internacional, e colocassem questões apenas desse âmbito. 2) Governação; colocassem questões apenas desse âmbito, incluído a presidência aberta. Só este pequeno exercício teria evitado o zig-zag de questões e temas que foi a entrevista.
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