Homo Academicus é, para mim, uma bem conseguida, análise sociológica do campo académico e seus respectivos agentes. Quem mais poderia ter sido, senão Pierre Bourdieu a propor e usar os instrumentos analíticos da sociologia para analisar aquele meio? Bourdieu analisa num livro com esse título (existe o original na biblioteca do Centro de Estudos Africanos da UEM) as tensões e as tendências no ensino superior na França, com particular atenção para as circunstâncias históricas dos protestos de estudantes conhecido por Maio de 68. A sua análise focaliza sobre como as origens sociais e o contexto assim como as agendas de diferentes grupos académicos, primeiro, conduziu para conflitos e depois para uma difícil transição em 1968 como resultado das mudanças na demografia e economia da universidade. A sua análise estatística e as discussões sobre as diferentes formas (por vezes, opostas) de capital cultural nas faculdades oferece luzes sobre as formas como elites académicas tendem a reagir as pressões sobre dada circunstâncias do ensino superior.
Sempre que leio esta obra vêem-me a cabeça a greve da ex-UFICS. Passam cinco anos após a maior crise da história da UEM que opunha a administração (Reitor/Reitoria) e os docentes. A greve que ficou conhecida por greve dos docentes da UFICS. Seria interessante que alguém se interessasse em estudar este fenómeno aplicando os instrumentos analíticos que Bourdieu não só aplicou no caso Francês, mas em muitos mais. Em Junho de 2006 tive a oportunidade de conhecer uma espécie de discípulo de Bourdieu que estuda o campo académico na Ásia (Muhamed Sarbour). Escreveu um livro cujo título diz tudo: Homo Academicus Arabicus. Quem sabe está na hora de vermos como seria o Homo Academicus Moçambicanus? A greve da UFICS seria um bom ponto de partida. Já produziu artefactos suficientes e suficientemente arrefecidos para se fazer uma espécie de arqueologia da greve. Um desses artefactos, por exemplo, é o actual “quadro de honra” patente no departamento de sociologia. Há coisas(objectos) que falam mais que qualquer texto escrito.
Sempre que leio esta obra vêem-me a cabeça a greve da ex-UFICS. Passam cinco anos após a maior crise da história da UEM que opunha a administração (Reitor/Reitoria) e os docentes. A greve que ficou conhecida por greve dos docentes da UFICS. Seria interessante que alguém se interessasse em estudar este fenómeno aplicando os instrumentos analíticos que Bourdieu não só aplicou no caso Francês, mas em muitos mais. Em Junho de 2006 tive a oportunidade de conhecer uma espécie de discípulo de Bourdieu que estuda o campo académico na Ásia (Muhamed Sarbour). Escreveu um livro cujo título diz tudo: Homo Academicus Arabicus. Quem sabe está na hora de vermos como seria o Homo Academicus Moçambicanus? A greve da UFICS seria um bom ponto de partida. Já produziu artefactos suficientes e suficientemente arrefecidos para se fazer uma espécie de arqueologia da greve. Um desses artefactos, por exemplo, é o actual “quadro de honra” patente no departamento de sociologia. Há coisas(objectos) que falam mais que qualquer texto escrito.
4 comments:
Patricio, perdoe-me a intromissão neste espaço que tenho tido o rpivilégio de espreitar com regularidade. Na imagem apenas consegui decifrar “Corpo docente do Departamento de Sociologia”, “Professores auxiliares”, “assistentes”, “assistentes estagiários” e “Secretária do Departamento”, mais, está impossível ler. Seria possível ampliar a imagem, de modo a que a restante informação seja legível e perceptível e, possibilitar uma melhor “leitura do referido artefacto sociologico, sociologizante e sociologizavel.
Caro Emídio.
O privilégio de ter um amigo e crítico como tu a visitar este espaço, que se quer modesto, de debate é também meu.
Para visualizar melhor a imagem, basta “clicar” na fotografia que ela se amplia.
Abraço
patricio
Obrigado Patricio
"Juro palavra donra sinceramente"... Espero seja o retomar do debate que sempre falta na Universidade, de modo a que esta melhore continuamente e que a nova "idade das trevas" dure o menos tempo possivel. Para quando o texto do "tio Mone"?
Emidio Gune
Caro Gune.
Penso que este comentário refere-se ao post sobre a homenagem.
Assim que o mano Mone me disponibilizar o texto publico-o!
Cheers
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