As nossas universidades têm cada vez mais professores menos professores. Esta é a conclusão para qual pretendo apresentar algumas das razões que a explicam. Ouvi esta frase “universidade com mais professores cada vez menos professores” com um amigo e colega que por sua vez citava o sociólogo e professor universitário, moçambicano, Luis de Brito. É uma conclusão que surge da constatação das características do corpo docente que lecciona nas universidades do nosso país. Numa pesquisa por mim realizada entre 2005 e 2006, mesmo não sendo com o propósito der por essa constatação a prova, muito menos discuti-la aqui, pude confirmá-la.
Hoje de manhã dirigia-me, como habitualmente o faço, para o campus universitário quando me deparo com um conhecido. Conhecera-o fora do país para onde o meu conhecido havia se deslocado a fim de cursar teologia. Contava-me, no meio da conversa, que se tornara professor universitário na mesma universidade para a qual me dirigia. Estupefacto, não por que o meu conhecido não o merecesse, perguntei-o como lograra tal feito. Disse-me que conhecera o chefe do departamento de um dos cursos ministrados numa das faculdades no conselho cristão de Moçambique e que aquele o convidara para dar aulas, uma vez que havia carência de docentes no departamento. Assim quis, assim foi! Pegaram em si e se dirigiram para o departamento onde o chefe instrui-lhe no preenchimento de documentos necessários para formalizar a sua contratação. E, prontos, já estava. O meu conhecido virou professor! Mais um professor universitário. Este episódio e outros com as mesmas características ocorre nas nossas universidades quando se trata de contratar “professores”, na verdade pessoas para darem aulas.
Ao reflectir sobre as implicações deste facto, da maneira como se recrutam indivíduos para de se tornarem “professores” universitários ocorreu-me uma “bela” citação, encontrada no Estendal de JPT, de José Madureira Pinto, sobre a flagrante falta de preparação dos docentes do ensino superior.
“Já me referi atrás `a generalizada impreparação dos docentes do ensino superior no plano especificamente pedagógico. Manifestando-se em fenómenos que podem ir do culto elitista do hermetismo (frequentemente associado a posições elevadas na hierarquia mas também a projectos de ascensão meteórica na carreira académica) até a angustia quotidiana do estagiário sem estágio nem orientação, passando por incúrias bem mais grosseiras, uma tal impreparação leva a privilegiar na acção pedagógica, ora a retórica e o ritual que se auto-consagram, ora a acumulação, tão exaustiva quão inorgânica, de informação. Dividido, em casos extremos, entre a aula que entorpece e eventualmente enfeitiça, mas pouco ensina, e a aula que ensina "demais", o que o aluno universitário não raramente acaba por perder 'e a própria possibilidade de aprender ...”.
Hoje de manhã dirigia-me, como habitualmente o faço, para o campus universitário quando me deparo com um conhecido. Conhecera-o fora do país para onde o meu conhecido havia se deslocado a fim de cursar teologia. Contava-me, no meio da conversa, que se tornara professor universitário na mesma universidade para a qual me dirigia. Estupefacto, não por que o meu conhecido não o merecesse, perguntei-o como lograra tal feito. Disse-me que conhecera o chefe do departamento de um dos cursos ministrados numa das faculdades no conselho cristão de Moçambique e que aquele o convidara para dar aulas, uma vez que havia carência de docentes no departamento. Assim quis, assim foi! Pegaram em si e se dirigiram para o departamento onde o chefe instrui-lhe no preenchimento de documentos necessários para formalizar a sua contratação. E, prontos, já estava. O meu conhecido virou professor! Mais um professor universitário. Este episódio e outros com as mesmas características ocorre nas nossas universidades quando se trata de contratar “professores”, na verdade pessoas para darem aulas.
Ao reflectir sobre as implicações deste facto, da maneira como se recrutam indivíduos para de se tornarem “professores” universitários ocorreu-me uma “bela” citação, encontrada no Estendal de JPT, de José Madureira Pinto, sobre a flagrante falta de preparação dos docentes do ensino superior.
“Já me referi atrás `a generalizada impreparação dos docentes do ensino superior no plano especificamente pedagógico. Manifestando-se em fenómenos que podem ir do culto elitista do hermetismo (frequentemente associado a posições elevadas na hierarquia mas também a projectos de ascensão meteórica na carreira académica) até a angustia quotidiana do estagiário sem estágio nem orientação, passando por incúrias bem mais grosseiras, uma tal impreparação leva a privilegiar na acção pedagógica, ora a retórica e o ritual que se auto-consagram, ora a acumulação, tão exaustiva quão inorgânica, de informação. Dividido, em casos extremos, entre a aula que entorpece e eventualmente enfeitiça, mas pouco ensina, e a aula que ensina "demais", o que o aluno universitário não raramente acaba por perder 'e a própria possibilidade de aprender ...”.
É comum ouvirmos queixumes de estudantes em relação ao mau preparo dos seus professores. Excluídos sejam aqueles casos em que os estudantes têm uma expectativa, de ter em frente uma espécie de pastor no altar, que não corresponde a aquela de um professor universitário. Não se descure que temos uma situação de carência de professores formados não só nas áreas de especialidade, mas acima de tudo formados para dar aulas. A maior parte dos professores universitários só o são por que dão aulas. Não tem nenhum preparo pedagógico. Ser sociólogo, economista, antropólogo e por ai fora não implica necessariamente ser professor, muito menos competente, para ensinar sociologia, economia, antropologia e por ai em diante. Na univesidade Eduardo Mondlane, por exemplo, a consciência ou a oportunidade de fazer 'mais algum' com e dessa falta de preparo levou a que se introduzissem, de forma muito receosa, cursos de curta duração de métodos de ensino. Não tardou a que esses cursos passassem a servir de um requisitos para mudança de categoria profissional. Passaram a ser um meio e não um fim em si mesmo, tendo por isso se tornado irrelevante na medida em que apenas os que procuram essa mudança de categoria os procuravam.
A procura de mudança de categoria ocorre, fundamentalmente, com os docentes que cumpriram o período probatório. Estes não são em número elevado. Uma boa parte do corpo docente nas universidades públicas e privadas do nosso país é contratado a tempo parcial o que os coloca numa situação de não necessitar da tal mudança de categoria. Até por que os custos administrativos e os procedimentos burocráticos são desencorajadores se pensarmos em termos do benefício monetário.
A constatação de Madureira Pinto é tão pertinente quanto mais nos apercebemos que a falta de preocupação com o preparo pedagógico parece reduzir (é preciso estudos nesta área) a medida que as qualificações académicas dos "professores" aumentam. Uma das razões frequentemente avançadas pelos "professores" para que não frequentem os cursos de métodos de ensino é justamente não quererem se submeter as ordens de instrutores com preparo pedagógico para tal, mas com qualificações académicas inferiores as suas. Eu sou catedrático ou PhD e/ou mestre e vou me sentar me sentar na sala de aulas para ser ensinado a ensinar? Retrucam. É assim, que ano após ano as nosso as universidades vão tendo cada vez mais professores menos professores.
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