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Mas existem pessoas que não precisam passar por todo ritual académico para adquirir essa maneira sui-generis de pensar o real. Assim como existem os que passam pelo ritual académico de formação e nunca chegam a pensar, muito menos ter imaginação sociológica. As primeiras pessoas fazem-no com uma certa naturalidade. Os segundos não o conseguem mesmo que o digam fazer ostentando seus PhDS! Os tais que confundem Kant com Comte!
Se não fosse adepto, moderado diga-se, do construtivismo diria que os primeiros têm um “dom sociológico” e os segundos um "défice sociológico" . Mas prefiro falar da "mentalidade sociológica". Esse termo cunhado pelo nosso decano da sociologia, Carlos Serra. Penso que é o mais apropriado para falar do primeiro tipo de pessoas. Ao ler o texto de Ungulane ocorreu a seguinte ideia: Este tipo é um escritor com veia de sociólogo!
Cliquem o texto para ampliar, leiam-no, e digam se não tenho razão.
1 comment:
Gostei batsante deste post e do que Ungulani escreveu. Amnésia Colectiva. Se calhar, seria interessante elaborar (é o que tentarei fazer) um pouco em torno da COLECTIVIZAÇÃO DA AMNÉSIA; um processo político que consiste em, à semelhança da COLECTIVIZAÇÃO DO CAMPO, negar a alteridade em benefício de um Consenso Anestesiante.
São exemplo disso, a crença do actual estado de que a explosão do Paiol não constituiu nenhum crime, e esforça-se em provar isso; os relatórios do PGR que enrola perigos para depois soltar um grito de socorro, fazendo-se passar por vítima de prevaricadores e uma instituição sem meios de trabalho; a crença de que estamos "a fragilizar a pobreza" para isso, devemos celebrar, a par das enxurradas, etc.
Esse processo é largamente apoiado pela imprensa local, mormente os jornais onde o estado é maior accionista, em que as primeiras páginas e a respectiva manchete aparecem sempre, as não noticias do tipo: Governador da Zambézia apela aos moçambicanos a combater a pobreza absoluta.
A colectivização da amnésia também é um processo doloroso, como o é a quem tem a consciência de estar anesteciado mas que contra a realidade apenas deverá sucumbir à ordem do mais forte. Por isso, também o Estado preocupa-se em limitar o acesso do seu povo ao conhecimento diferente daquele que se pretende. É nesta esteira que se insiste em dirigentes-combatentes-da-luta-contra-a-pobreza, para garantir que "todo o moçambicano coma". Dirigentes que operacionalizam o discurso do Presidente e não o seu Plano. Um abraço. Sei que divaguei, mas consciente de que estava a começar algo novo, aceito porradas.
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