Monday, May 14, 2007

Política ou politiquice?


Elton Beirão regressa com a distinção entre Política e Politiquece!
Este artigo vem a propósito de uma notícia publicada no jornal Diário de Moçambique de 14 de Maio de 2007 cujo título é “Comissão politica do PDD em Sofala: Ex-presidente filia-se a Frelimo”. A notícia faz referência a um (ex)membro sénior provincial do PDD e outros dois (ex)membros da Renamo que abandonaram seus partidos para se filiarem ao partido Frelimo.
Não é a notícia em si que me chamou atenção, até porque este tipo de notícias já não constitui novidade nos corredores da nossa política(?) e pelo andar da carruagem continuaremos por mais tempo sendo brindados com notícias do género. Também não é o facto de indivíduos do partido PDD ou Renamo terem mudado para partido Frelimo.

O que capto nas entrelinhas desta e de outras notícias do género é a pobreza da nossa política(?). O que me leva a questionar se em Moçambique se faz política ou politiquice (e das bem mesquinhas)? E tenho consciência que não sou pioneiro neste tipo de questionamento. Mas tenho também esperanças que ao trazer a tona questões desta natureza seja mais uma voz na insistência para que as coisas possam um dia mudar. Como diz o ditado popular (donde é mesmo este ditado?) “água mole em pedra dura tanto bate ate que fura”.

Nestas notícias de mudanças de “camisolas” partidárias procuro sempre perceber as razões evocadas para tais movimentações e apenas encontro alegações dignas de capa para um certo jornal sensacionalista da capital. Admito que cada indivíduo é livre de alegar qualquer razão para tomar certo tipo de atitude e que podemos encontrar racionalidade nas escolhas das acções que parecem irracionais. Mas alguns leitores vão concordar comigo que numa política(?) que pretende o mínimo de seriedade é mesquinhice mudar de partido e apresentar como razões o chinelo rasgado e o facto de estar comendo num prato de plástico; é mesquinhice mudar de partido porque se esta cansado de ser aldrabado; é mesquinhice mudar de partido para melhorar a vida privada, ou por outra, para parar de sofrer.

Alegações desta natureza para mudança de partido fazem-me perguntar aos que andam directamente envolvidos na política(?) em Moçambique quais tem sido as motivações para se filiarem no partido H e não no K nem no S? Então os indivíduos filiam-se a um partido porque andam descontentes com sicrano ou beltrano?
Talvez eu esteja ultrapassado no tempo mas a filiação partidária por parte dos indivíduos não deveria supostamente ser em função de um ideal? Em função a uma agenda ou programa? Em função de uma linha orientadora? Claro que aqui entraríamos na discussão se os nossos partidos na realidade seguem um ideal, se têm uma agenda ou linha orientadora.

Se andamos a imitar a política e democracia de fora (principalmente ocidente) então ao menos imitemos correctamente. Que eu saiba, os políticos das democracias que andamos imitando não mudam de partido como se estivesse mudando de camisa. E quando o ideal ou agenda de um partido começa ser distorcido são apuradas responsabilidades e os culpados podem até ser afastados da direcção do partido. Os partidos podem até discutir e reavaliar as suas linhas orientadoras, seu ideal. Quantas crises partidárias não vemos por este mundo fora?

Mudar de partido porque se esta descontente! É fazer politiquice!

Elton B.

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