Ontem, dia 8 de Maio, o músico Stewart Sukuma foi o convidado para o programa Diálogos. Um programa de entrevista do canal televisivo STV. Stewart é um grande músico, na minha modesta opinião. Tem uma carreira marcante e creio de sucesso. Esteve em frente de vários projectos musicais e de formação. Não estão em causa aqui as grandes e notáveis qualidades de Sukuma. Alias, tenho para mim que Afriquite é um dos melhores álbuns da nossa curta história musical.
No programa de ontem para além de actualizar o público em relação a sua carreira, Sukuma referiu-se a alguns projectos. Destaco aqui o projecto da casa dos artistas, uma agremiação que irá apoiar músicos e artistas. Bom para eles. Sukuma referiu-se também a um outro projecto: O sem fronteiras. Este vai contar com a participação de músicos de vários cantos do mundo entre os quais os EUA.
É sobre este projecto que me quero referir.
A dado passo da sua explicação do que era o projecto Sukuma disse referindo-se ao que cada uma das partes traria para o evento: “Os Americanos e não só os Europeus dizem-nos: -Vocês têm os ritmos, as melodias e nós temos as técnicas”. Stewart ainda enfatizou a sua identificação com este diagnóstico, ao referir que virão esses estrangeiros investigar a “nossa música tradicional”. Não sei se é uma opinião formada do músico ou se daquelas coisas que se diz por força do habito e do habitus. É que ser for uma opinião formada, então, é problemática. É problemática por veicular uma visão folclórica da música moçambicana. Nós temos ritmos e melodias e eles têm as técnicas. Nos temos a emoção e eles têm a razão, um pensamento bem Senghoriano! Senghor, este ícone da negritude, defendia que enquanto a razão era helénica a emoção é negra. É um equívoco pensar que nós somos apenas produtores de ritmos e melodias e os outros de técnicas. Podereis argumentar que Xidiminguana, Mahecuana, Matavél e tantos outros não conhece(ia)m uma única nota musical, e nem sabe(ia)m ler uma pauta. No entanto, todos os povos produzem ritmos e melodias. O facto de as traduzirem para uma linguagem técnica não as torna menos rítmicas e melódicas.
No programa de ontem para além de actualizar o público em relação a sua carreira, Sukuma referiu-se a alguns projectos. Destaco aqui o projecto da casa dos artistas, uma agremiação que irá apoiar músicos e artistas. Bom para eles. Sukuma referiu-se também a um outro projecto: O sem fronteiras. Este vai contar com a participação de músicos de vários cantos do mundo entre os quais os EUA.
É sobre este projecto que me quero referir.
A dado passo da sua explicação do que era o projecto Sukuma disse referindo-se ao que cada uma das partes traria para o evento: “Os Americanos e não só os Europeus dizem-nos: -Vocês têm os ritmos, as melodias e nós temos as técnicas”. Stewart ainda enfatizou a sua identificação com este diagnóstico, ao referir que virão esses estrangeiros investigar a “nossa música tradicional”. Não sei se é uma opinião formada do músico ou se daquelas coisas que se diz por força do habito e do habitus. É que ser for uma opinião formada, então, é problemática. É problemática por veicular uma visão folclórica da música moçambicana. Nós temos ritmos e melodias e eles têm as técnicas. Nos temos a emoção e eles têm a razão, um pensamento bem Senghoriano! Senghor, este ícone da negritude, defendia que enquanto a razão era helénica a emoção é negra. É um equívoco pensar que nós somos apenas produtores de ritmos e melodias e os outros de técnicas. Podereis argumentar que Xidiminguana, Mahecuana, Matavél e tantos outros não conhece(ia)m uma única nota musical, e nem sabe(ia)m ler uma pauta. No entanto, todos os povos produzem ritmos e melodias. O facto de as traduzirem para uma linguagem técnica não as torna menos rítmicas e melódicas.
Bem-haja a parceria entre a Berkeley University e a Escola de Comunicação e Artes da UEM. No entanto, penso que os termos de troca nessa parceria devem ser idênticos. Não engulam essa de que voz sois produtores de melodias e ritmos (folclore) e eles de técnicas. Essa é uma forma de mistificada e subtil de hierarquizar e subalternizar conhecimentos. Ao aceitá-la, legitimamos.
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